Consuni aprova inclusão da pauta indígena em Núcleo de Estudos Afro-brasileiros

A última sessão do ano também aprovou a fusão de cursos de pós-graduação do Instituto de Computação
Por Lenilda Luna - jornalista
18/12/2019 09h54 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Foto: Lenilda Luna

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Na sessão extraordinária do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realizada na manhã desta terça-feira (17), foram debatidas as pautas mais urgentes para deliberação, já que esta foi a última reunião dos conselheiros em 2019. 

Entre as questões apresentadas estava o debate sobre a modificação da estrutura e nomenclatura do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab) para incorporar a questão indígena. Foram convidadas para a mesa a professora Lígia Ferreira, diretora do Neab, e a indígena Tniá. 

Lígia apresentou um histórico do Neab, criado em 1981, com a missão de realizar estudos para a implantação do Memorial Zumbi, na Serra da Barriga. Ao longo dessas duas décadas, o Núcleo assumiu outras tarefas importantes como a implantação das cotas e, mais recentemente, a organização das bancas de verificação étnica e racial. 

A proposta considerou que, em Alagoas, existem 70 comunidades quilombolas reconhecidas e 12 etnias indígenas. Para implementar as pesquisas e ações afirmativas voltadas para essa população, o Neab torna-se Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi). 

Após várias intervenções e propostas de modificações no regimento, os conselheiros aprovaram a criação dos Neabis em cada campus da Ufal, ligados ao Neabi central, como órgão de apoio à reitoria para coordenar as ações institucionais de políticas afirmativas na Ufal. 

A reitora destacou a importância do Núcleo nessa conjuntura. “Um momento em que nos angustiamos com os ataques às populações indígenas e quilombolas, é preciso garantir que a Universidade pública contribua na organização e garantia de direitos das etnias que compõem o povo brasileiro”, ressaltou Valéria Correia. 

A professora Lígia Ferreira foi parabenizada pelo compromisso com as questões étnico-raciais e a defesa de ações de reparação aos povos perseguidos e excluídos desde a colonização do país. “Agradeço e fico muito feliz, porque vejo que a Universidade cumpre o seu papel de ouvinte e representante dos anseios de toda a população por reconhecimento”, finalizou Lígia. 

Fortalecimento da pós-graduação 

A sessão extraordinária do Consuni aprovou a fusão entre os dois cursos de mestrado em funcionamento no Instituto de Computação da Ufal (IC): o de Modelagem Computacional de Conhecimento e o de Informática passam a ser um único curso. 

Segundo os coordenadores dos dois cursos, essa é uma forma de melhorar a qualidade dos programas, que têm conceito 3 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

Antes de ser encaminhada ao Consuni, a proposta foi apreciada pelo colegiados, pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep) e pela Câmara Acadêmica. Após apresentação do professor Davi Bibiano, vice-coordenador do IC, a fusão foi aprovada. 

Memória, Verdade e Justiça 

Pela quantidade de intervenções e do debate extenso nos pontos anteriores, não foi possível apreciar o último ponto de pauta, que seria o relatório de encerramento das atividades da Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda, que durante mais de um ano colheu depoimentos e analisou documentos referentes aos crimes cometidos pela Ditadura Militar em Alagoas. 

Embora não tenha sido possível, em função do tempo, debater a questão, a reitora Valéria Correia fez um pronunciamento final sobre o assunto. “Não podemos deixar que essa história seja esquecida ou manipulada. A ditadura militar foi um período em que o Estado brasileiro agiu contra os cidadãos brasileiros. Reafirmamos nosso repúdio ao que foi o Ato Institucional Nº 5. Certamente, voltaremos a esse debate no próximo ano”, finalizou Valéria Correia.