Pinacoteca celebra a produção alagoana de ilustrações e quadrinhos na Bienal

Projeto Pina Ilustra movimentou a Associação Comercial durante os nove dias do evento, o público pôde interagir e adquirir obras dos 36 artistas

Por Lucas Amorim e Lucas Carvalho - estagiários de Jornalismo
- Atualizado em
Mesão dos artistas. Foto: | nothing
Mesão dos artistas. Foto:

Pela primeira vez a Bienal Internacional do Livro de Alagoas aconteceu nas ruas do Jaraguá. O evento que acontecia nas últimas edições no Centro de Convenções ganhou outro perfil: um evento literário de rua. A Sá e Albuquerque ficou tomada por milhares de alagoanos e turistas que prestigiaram o maior evento cultural de Alagoas. Alguns dos principais prédios do histórico bairro foram ocupados para dar espaço aos amantes da literatura.

A Pinacoteca Universitária participou desse histórico momento com o projeto Pina Ilustra, com curadoria do Studio Pau Brasil, que levou para a 9° Bienal uma releitura do Beco dos Artistas (Artists’ Alley). A exposição aconteceu no Salão Nobre da Associação Comercial e contou com a presença de 36 artistas que se revezaram de forma que 10 artistas ocuparam o mesão por vez. A proposta desenvolvida pelo museu de artes visuais da Ufal teve como objetivo transformar o artista em obra viva, por isso, diferentemente de como ocorre nas exposições, as luzes ficaram direcionadas para os artistas e não para as obras. 

Os visitantes tiveram a oportunidade de ver ilustradores e quadrinistas criarem durante o evento, e puderam apreciar as obras expostas nos totens que compunham o espaço da Pinacoteca. Os estilos apresentados durante os nove dias no evento foram: comic, cartoon e mangá. A expografia  do Beco dos Artistas foi pensada para proporcionar ao visitante a experiência de entrar em um ateliê, ver suas obras, o processo de criação, os materiais usados, além de dialogar com os artistas e adquirir suas produções originais, reproduções assinadas (prints), quadrinhos, zines, livros, adesivos e bottons. 

Além da oportunidade de adquirir criações originais de artistas do cenário alagoano, os participantes puderam tirar dúvidas sobre os cursos oferecidos pelos artistas participantes; a exemplo de Heitor, de 9 anos, que chamou atenção da equipe na Pina por ter ido ao Pina Ilustra várias vezes, inclusive com seus desenhos em mãos para mostrar ao seu artista favorito, e pediu ao pai para matriculá-lo em um dos cursos. 

Entre as atividades da Pinacoteca Universitária na Bienal de Alagoas havia, também, palestra, mesa-redonda e oficinas, que ocorreram no Pavilhão das Oficinas. No dia 2 de novembro, o público pôde conferir a palestra de Jean Lins “Criando  Dandara: o processo de produção de um quadrinho sobre afrodescendência”. Fernanda Alves foi uma das participantes do evento e destaca o que achou mais interessante: “a oportunidade de conferir a trajetória do autor, o processo criativo de Dandara e da produção das ilustrações”.

Sophia Larangeiras, uma das artistas do Pina Ilustra, que faz parte do coletivo Estampa Pop, mediou a mesa-redonda “O empoderamento feminino em artes visuais no nordeste”, que teve a participação das artistas Íldima Lima, Janaína Araújo, Vera Gamma e Yara Pão. Para Sophia “poder discutir esse tema em um evento com tanta visibilidade em Maceió quanto a Bienal do Livro é uma oportunidade de contribuir para que as mulheres conquistem espaços de fala e de trabalho, visto que discussões como esta servem de inspiração para que outras mulheres comecem a se empoderar e ter consciência do seu lugar perante a sociedade”.

No dia 9 de novembro, aconteceram duas oficinas sobre narrativa criativa. A primeira, “Criando narrativas através dos mangás”, foi ministrada por Janaina Araújo. Filipe Cavalcante foi um dos participantes da oficina e pondera o que aprendeu “a oficina ajudou a construir um enredo, como relacionar a narrativa com as ilustrações, além disso abordou as diferentes sequências para os diversos momentos da história”.

Em seguida, Rodrigo Catraca ministrou a oficina “Como criar sua primeira HQ/Zine”. Lá o ilustrador abordou os processos de produção de uma HQ e zine. Paula Alves participou da oficina e destaca o que mais chamou sua atenção. “Catraca falou sobre o processo de ilustrar uma HQ ou Zine e comparou as ilustrações com teorias do cinema e fotografia para explicar o enquadramento dentro dos quadrinhos”, disse.

Entre traços e pinturas que acabaram em belas ilustrações, vários momentos inesperados aconteceram no Beco dos Artistas. Helô D’Angelo, escritora e ilustradora paulista, visitou a exposição do Pina Ilustra e comemorou a sua aquisição do primeiro de cinco volumes de “Mayara e Annabelle”, quadrinho do artista Pablo Casado. Cássia Valle, escritora e atriz baiana, encontrou com Jean Lins, autor de Dandara, autores de histórias com protagonistas negras.

Antes de palestrar na escadaria da Associação Comercial, a Monja Coen visitou o Pina Ilustra e interagiu com os artistas. Ao final dos autógrafos, o artista Jean Lins a presenteou com uma ilustração em sua homenagem produzida durante a palestra. Outro destaque foi o encontro do maior grupo de cosplay de Alagoas, Cosplay AL. Na oportunidade, o público pôde interagir e tirar fotos com os personagens do universo geek.

Mariana Petrovana, integrante do Studio Pau Brasil e uma das curadoras do projeto Pina Ilustra, pondera a parceria entre a Pinacoteca e os ilustradores e quadrinistas “quando nós fomos chamadas pra dividir esse momento, foi algo bem diferente, afinal ir como expositor é diferente de estar por trás da produção. Foi uma ótima experiência, e com certeza os artistas todos sentiram o quão importante foi esse momento para a história dos quadrinhos em Alagoas”.

Com o projeto Pina Ilustra, a Pinacoteca criou um espaço na Bienal do Livro destinado para o público jovem e aficionados pelo universo das histórias em quadrinhos. “A procura foi tanta que o ‘mesão’ ficou pequeno para atender a demanda tanto dos artistas interessados em participar, como dos visitantes que, em alguns momentos, acabaram com o estoque dos produtos que os artistas levaram. Um dos resultados do projeto é a doação de obras para a Pinacoteca, ampliando nosso acervo, que é uma das metas estabelecidas para este ano. A doação é a contrapartida dos 36 artistas pela participação no Projeto. O Pina Ilustra foi um sucesso graças ao comprometimento de toda a equipe da Pina servidoras, bolsistas e estagiários  e as curadoras que estiveram envolvidas desde a concepção, planejamento, montagem e execução. Atuaram com dinamismo e entusiasmo, foram incansáveis durante os nove dias de Bienal”, avalia Iris Danielle Tenório, coordenadora da Pinacoteca Universitária.

Outro objetivo alcançado, considerando que a Pinacoteca é um museu universitário, foi a aproximação com a comunidade acadêmica devido a participação de artistas que são estudantes de cursos da Ufal e de outras instituições, além de profissionais formadas pela Ufal a exemplo das artistas e curadoras Mariana Petrovana e Janaina Araújo, representantes do Studio Pau Brasil.

A Pinacoteca agradece e parabeniza os artistas participantes: Airam Amorim, Alexandre Acioli, Alexandre Azevedo, Ana Beatriz, André Lima, Angela Muniz, Antônio Vagner, Ari Firmino, Ariadne Helena, Bob, Dante, Dayvid Sappo, Diogo Macedo, Don Pomodoro, Elizângela, Henri, Janaina Araújo, Jean Lins, Jp Miranda, Lita, Lívia Maria, Louwe´S, Lua Lins, Mariana Petrovana, Mateus Campos, Nathalia Matos, Nicolau Neto, Ollie, Pablo Casado, Pedro Oliveira, Ramiro, Rodrigo Catraca, San Mergulhão, Sophia Larangeiras, Téo Pinheiro e Yasmin Falcão.