Pinacoteca da Ufal comemora 20 anos de consolidação no Espaço Cultural

Maior espaço expositivo de artes visuais de Alagoas completa duas décadas passando por reformulações
Por Luiz Luan e Patrícia Mendonça - estudantes de Jornalismo
28/11/2019 12h04 - Atualizado em 28/11/2019 às 12h05
Acervo da Pinacoteca no Espaço Cultural. Foto: Ascom Pinacoteca

Acervo da Pinacoteca no Espaço Cultural. Foto: Ascom Pinacoteca

A Pinacoteca Universitária comemorou os 20 anos de reinauguração no Espaço Cultural da Ufal na última segunda-feira (25). A mudança permitiu a ampliação da área expositiva do museu, que hoje conta com quase 400m² distribuídos em seus três salões, consolidando o equipamento cultural como o maior espaço de Alagoas voltado à preservação da identidade e da memória das artes visuais. Em 2019, a instituição passa por nova reformulação em virtude da reforma do Espaço Cultural.

25 de novembro de 1999 também é um marco na história da Pina — como carinhosamente é chamada — por ter dado o pontapé inicial para o novo direcionamento institucional, voltado à arte contemporânea. E tudo começou com a exposição Olhar Alagoas, inaugurada nos salões do museu nesta mesma data.

A mostra contou com 42 obras de 20 artistas, e teve o mérito de difundir de forma expressiva as artes visuais do Estado, permanecendo por mais de um ano nos salões da Pinacoteca, sendo consagrada como a mostra temporária que ficou mais tempo em exposição no museu.

De acordo com o diretor-fundador, Rogério Gomes, a exposição foi uma grande oportunidade de apresentar à sociedade alagoana a arte contemporânea e os artistas locais que a influenciariam em âmbito nacional e até internacional. “Nós já tínhamos artistas em Alagoas com visão contemporânea, dentro dessa proposta de arte inovadora do século 20, capazes de prover uma exposição do tamanho, da força e da consistência temática que foi Olhar Alagoas”, disse Rogério.

Em 1999, o Estado enfrentava problemáticas socioculturais destacadas no texto da reabertura do museu pelo então reitor da Ufal Rogério Moura Pinheiro, que reconheceu a importância da Universidade no fomento de espaços que abrigam a arte e a cultura. Uma função que a Pinacoteca cumpre desde então, aproximando milhares de alagoanos a essas duas poderosas ferramentas de transformação social.

O que aconteceu em duas décadas

De novembro de 1999, até os dias atuais a Pinacoteca realizou uma centena de mostras temporárias; passou a promover editais de exposição abertos para todo Brasil, dando oportunidade para artistas consagrados e iniciantes; organizou eventos educativos; integrou circuitos nacionais, como Itaú Cultural e Primavera dos Museus; realizou e foi base para pesquisas acadêmicas; trouxe diversas formas de manifestações artísticas para a sua programação — a exemplo de dança, música, cinema, teatro, entre outras; e, o principal, conquistou, em 2015, um espaço fixo para exposição do acervo do museu, com obras reunidas entre as quase quatro décadas de existência da instituição, que englobam os mais diversos estilos e suportes artísticos.

Hoje, mesmo fechada devido a reforma do Espaço Cultural da Ufal, a Pinacoteca não mede esforços em permanecer realizando o seu papel social: o fomento da cultura e a preservação da memória das artes visuais em Alagoas.

De forma inédita

Se antecipando à comemoração desta data (25), a Pinacoteca levou as obras de seu acervo para fora de Maceió pela primeira vez em julho deste ano. O destino foi o Agreste alagoano, onde foi realizada, na Galeria do Sesc Arapiraca, uma exposição em homenagem a vigenária Olhar Alagoas. O tributo foi batizado de 20 Anos da Exposição Olhar Alagoas: Arte Contemporânea na Pinacoteca da Ufal e contou com 14 obras de dez artistas presentes na mostra original.

A exposição foi considerada um sucesso de público. Abraçou o interior de Alagoas, recebeu grupos de estudantes de, ao menos, 13 municípios do Estado, e chegou ao número de cerca de 2,5 mil visitantes em pouco mais de dois meses. Os resultados são um reflexo dos trabalhos museológicos que visam, também, a formação de público e a educação na instituição.

Pessoas do Agreste, da Zona da Mata, da região metropolitana, capital e do Baixo São Francisco tiveram contato com obras do acervo da instituição que representam o patrimônio artístico e cultural de Alagoas.

Outra ação de destaque da Pinacoteca neste período de reformulação foi o projeto Pina Ilustra, realizado durante a 9ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. A iniciativa teve curadoria do Studio Pau Brasil e promoveu a releitura de um espaço comum em eventos geek e outras edições de Bienais pelo país: o Beco dos Artistas (Artists’ Alley). 

Foram 36 ilustradores e quadrinistas alagoanos que se revezaram entre os nove dias de atividade no evento, atendendo o público, apresentando seus trabalhos e desenhando para o apreço de milhares de visitantes. O projeto ainda contou com oficinas, palestras e mesas redondas ministradas pelos próprios artistas.

A ideia era fazer um diálogo entre a literatura e as artes visuais, valorizando e levando ao conhecimento do público estes artistas locais, além de diversificar ainda mais o acervo museológico da Pinacoteca, bem como atrair os fãs de ilustrações e HQs ao universo do museu, assim potencializando as possibilidades de visitação.

“Como a Pinacoteca funciona no Espaço Cultural da Ufal e ele está em reforma por tempo indeterminado, buscamos parceria para que os alagoanos continuassem tendo acesso ao nosso acervo com a exposição que ficou em cartaz na Galeria do Sesc Arapiraca; e inovamos na Bienal do Livro de Alagoas levando uma releitura do Beco do Artistas, proporcionando aos visitantes um contato com o 'universo' dos quadrinhos e ilustrações alagoanas”, contou Iris Danielle Tenório, atual coordenadora da Pinacoteca. “Além dessas duas exposições, estamos intensificando nossos trabalhos de pesquisa e conservação do acervo, como também planejando os novos rumos deste museu de artes visuais", pontuou.