Movimento de Mulheres negras é destaque em conferência

O tema foi abordado pela professora Joselina da Silva, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que realizou uma palestra dinâmica e com participação do público
Por Veruscka Alcântara, jornalista colaboradora
25/07/2018 16h10 - Atualizado em 25/07/2018 às 17h01

O encerramento das atividades do primeiro dia da SBPC Afro e Indígena na Ufal Campus do Sertão, em Delmiro Gouveia, foi marcado pela conferência Organização Movimento Mulheres Negras. O tema foi abordado pela professora Joselina da Silva, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que realizou uma palestra dinâmica e com participação do público.

Ao iniciar sua explanação, a professora apresentou diversas mulheres negras que na sua concepção realizam papel de destaque e solicitou que cada participante listasse em um papel as mulheres negras importantes em suas vidas. Na dinâmica, cada vez que Joselina apresentava as mulheres que se destacavam em um telão, solicitava à plateia que repetisse o nome em voz alta de cada uma delas. A professora Ana Cristian, coordenadora da SBPC Afro e Indígena, foi uma das mulheres destacadas por Joselina.

A educadora ressaltou que a oportunidade de falar da Organização do Movimento de Mulheres Negras no Brasil é extremamente importante. “Esse é um movimento que tem uma história longa, que podemos marcar desde o momento dos quilombos, que as mulheres já se organizavam enquanto mulheres, se organizavam na luta, e que atravessa todo século 19, entra no século 20, e que tem momentos importantes como atualmente, por exemplo, em todo o território nacional, quando é comemorado no dia 25 de julho, o dia da mulher negra da América Latina e do Caribe e o dia de Tereza de Benguela, uma data nacional reconhecida por lei”, explicou.

Joselina enfatizou o marco do movimento Mulheres Negras em julho de 2015, quando mais de trinta mil mulheres foram à Brasília realizar a marcha contra o racismo, a violência e pelo bem viver, representantes de uma ampla diversidade de campos: mulheres de terreiro, quilombolas, gestoras políticas, jovens, trabalhadoras, sindicalistas, movimento LGBTT, sociedade civil e de organizações e grupos populares. “Naquele dia, o Movimento Mulheres Negras mostrou o seu poder. Porque embora este movimento não apareça, seja uma ‘rede escondida’, ela mostrou sua força e isso vem aumentado a cada dia”. Ao fim da sua explanação, a professora solicitou que os participantes lessem o nome das mulheres listadas nos papéis em voz alta.

Em entrevista à Rádio Ufal, a professora abordou o assassinato da vereadora Marielle, do Rio de Janeiro, e a morte de milhares de negros no país. “Infelizmente o assassinato de Marielle é algo que nos comove plenamente por se tratar de uma mulher jovem negra em luta, mas o que é mais triste é que o caso de Marielle é mais um dos casos na estatística e tomou visibilidade pelo fato de ser uma vereadora, mas há uma série de mulheres negras anônimas que morrem diariamente nesse país por conta da violência doméstica, a violência do racismo, a violência do sexismo. Temos também outras mortes contabilizadas que é a morte em massa da juventude negra e aí isso é infelizmente um fenômeno mundial que mostra a atualidade do racismo e do sexismo”, frisou.

Ela ainda ressaltou a realização da SBPC Afro e Indígena no Campus do Sertão. “Para mim é uma honra, é a primeira SBPC que eu participo e ter feito a minha estreia no sertão alagoano é uma imensa satisfação. É muito representativo que essa SBPC indígena e afro esteja no sertão, que tem uma longa e rica história dos afros-descendentes e da população indígena”.