Luta pela demarcação indígena entra em pauta na SBPC Alagoas

Palestrante reforça que autonomia dos povos indígenas ainda precisa ser conquistada
Por Isabella Lucena - estudante de Jornalismo
29/07/2018 15h36 - Atualizado em 30/07/2018 às 09h27
Casé Angatu, da Uesc

Casé Angatu, da Uesc

As lutas e saberes indígenas entraram em pauta na última sexta-feira (27), durante a conferência História e culturas indígenas: saberes, abordagens, pesquisas e possibilidades de ensino, realizada no auditório do Igdema e ministrada pelo professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) Carlos Ferreira, indígena com o nome de Casé Angatu.

A professora Lígia Ferreira, coordenadora da SBPC Afro e Indígena, ressaltou a importância das lutas indígenas e desse momento de diálogo. “As lutas indígenas precisam ter muito mais do que já têm. O extermínio que vem acontecendo com essa população é algo que precisa ser reparado urgentemente. Então, a temática que o Carlos trouxe para nós é de uma riqueza imensa”, disse.

Durante a conferência, o professor destacou que apesar do Brasil não ser colônia há muitos anos, a sociedade e o Estado ainda permanecem com comportamentos daquele período, apagando a cultura, rejeitando, criminalizando, torturando e matando indígenas. Por isso, ele clamou por uma descolonização, uma mudança no pensamento discriminatório vigente na sociedade.

Ferreira fez questão de destacar a luta pela demarcação dos territórios indígenas, reconhecida desde a Constituição Federal de 1988, mas que ainda enfrenta muitos obstáculos em várias regiões do Brasil. “A gente não está lutando por propriedade privada. Estamos lutando pelo nosso direito natural, congênito, o nosso território. Nós somos a terra! Nós não queremos o estado brasileiro para tutelar a área, queremos que ele reconheça que esse território é formado por povos indígenas que têm o direito à autonomia e livre arbítrio da sua vida”, comentou.

A estudante de História Andressa Gomes conta que escolheu essa conferência por sentir falta das temáticas indígenas e negras durante a sua formação. “O indígena e o negro como o professor falou, formaram o nosso país, não só culturalmente, mas como população que continua residindo e formando raízes aqui. Enquanto estudante de licenciatura, eu pretendo ser professora um dia. Portanto, acredito que preciso buscar informações complementares sobre esses povos com pessoas que pesquisam sobre ou que fazem parte dessas etnias”, concluiu.