Debate aborda questionamentos para o conhecimento científico

Silvio Gamboa mostrou como é significativo incentivar crianças a continuarem perguntando
Por Sara Graziele - estagiária de Jornalismo
30/07/2018 15h55 - Atualizado em 31/07/2018 às 07h38
Silvio Gamboa defendeu que a curiosidade da criança deve ser estimulada

Silvio Gamboa defendeu que a curiosidade da criança deve ser estimulada

No último dia da de atividades da 70ª Reunião Anual da SBPC, a importância das perguntas para a construção científica foi debatida em um bate-papo com o professor Silvio Gamboa, da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O professor do departamento de Filosofia e História da Educação fez uso da Arena de Ideias para compartilhar com o público suas convicções e provocar a todos para construir o hábito de prosseguir levantando indagações.

Para exemplificar a importância dos questionamentos, o professor citou diversos exemplos de grandes cientistas que trouxeram avanços em suas respectivas áreas com perguntas, como Copérnico e os questionamentos que o inquietavam e que, quando respondidos, representaram grandes avanços para a matemática e a astronomia. Destacou ainda que um bom professor deve ser como Sócrates, que responde perguntas com outros questionamentos, fazendo com que o próprio estudante aprenda com sua pergunta, refletindo sobre o assunto.

Gamboa ressaltou que, por natureza, o ser humano é curioso, e que as crianças passam por uma fase onde querem saber o porquê de tudo, mas, com o tempo, tem essa curiosidade inata podada porque é bombardeada com respostas absolutas. Em sua fala, criticou o que chama de pedagogia da resposta, dizendo que essa prática “oferece para as crianças, em forma de conteúdos curriculares, informações e dados, que são jogados como se a cabeça delas fosse um cesto”, criticou o professor.

Para o professor, podar a curiosidade infantil tem consequências negativas para todo o processo de aprendizagem. “A criança perde a capacidade de perguntar porque se tornou uma consumista, uma memorizadora de informações. Quando ela vai se desenvolvendo para os níveis superiores de ensino, como mestrado, doutorado, iniciação científica, não sabe perguntar nada porque nunca perguntou nada. Por quê esse bloqueio? Porque a escola nunca deu chance de perguntar, pelo contrário, reprimiu a pergunta. O professor, o docente, nunca deve responder nada, deve devolver a pergunta”, defendeu o professor.

Luciano José Lessa, estudante de Biblioteconomia na Ufal, pode participar do espaço e falou sobre como essa feflexão foi importante para o aprimoramento de sua graduação. “Como produzir o conhecimento científico, para mim, é muito importante devido ao curso que eu estou fazendo. Foi muito marcante essa orientação de não se ater as respostas prontas”, relatou o estudante.

O bate-papo fez parte da programação do dia da Família na Ciência, que foi aberta ao público interessado. Mais sobre a produção desenvolvida por Silvio pode ser verificada aqui.