Conferência debate lei que determina inclusão da história afro-brasileira nos currículos escolares

A professora Zelinda Barros, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), explanou sobre a lei, que este ano completa 15 anos
Por Veruscka Alcântara, jornalista colaboradora
23/07/2018 17h40 - Atualizado em 24/07/2018 às 09h02
Solenidade de abertura da SBPC Afro e Indígena em Delmiro Gouveia (Foto: José Moura)

Solenidade de abertura da SBPC Afro e Indígena em Delmiro Gouveia (Foto: José Moura)

A efetivação da Lei 10.639, que prevê inclusão dos conteúdos relacionados a história e cultura afro-brasileira nos currículos escolares, foi tema da conferência de abertura da SBPC Afro e Indígena, que aconteceu na manhã desta segunda-feira (23), no auditório Graciliano Ramos, no Campus Sertão da Ufal. A professora Zelinda Barros, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), explanou sobre a lei, que este ano completa 15 anos.

Fizeram parte da mesa de abertura a coordenadora da SBPC Afro e Indígena, Ana Cristina Santos; o diretor geral Agnaldo Santos; o diretor acadêmico Thiago Trindade, a professora Maria Aparecida Silva, representando o Nudes; o coordenador de pesquisa e pós-graduação Ismar Inácio, o coordenador de graduação Márcio Silva; os alunos Ervison Silva e Tailde Correia, representando a tripo indígena Jeripancó e a representante da comunidade quilombola Serra das Viúvas, em Água Branca, Marlene Araújo.

Em sua fala, a coordenadora Ana Cristina ressaltou a importância do evento como fortalecimento dos povos negros e indígenas. “A 70º Reunião da SBPC inova em realizar a SBPC Afro-Indígena em três campi, com um compromisso político, acadêmico e ativista de quem acredita que uma outra universidade é possível”, disse. Ela ressaltou ainda o trabalho na Ufal Campus Sertão em fortalecer o reconhecimento das comunidades indígenas e quilombolas presentes no Sertão alagoano.

Após as colocações dos convidados da mesa, a professora Zelinda falou sobre a Lei 10.639 e sua importância para a educação no Brasil, os obstáculos enfrentados para a sua efetivação e o que vem sendo feito pelas universidades. “Precisamos indicar um caminho de educação que nos favorece e consideramos inclusiva e necessária para que a abordagem desses conteúdos seja feita não de forma estereotipada como nós temos visto em algumas iniciativas”, falou.

Ela explica que na maioria das vezes, há uma deturpação da aplicação da lei. “Muita gente tem entendido e aplicado a lei como se ela fizesse referência a criação de uma disciplina específica, mas isso não é o que a lei determina. Ea propõe a transversalização dos conteúdos dos currículos, o que significa que disciplinas como física e química, também podem abordar esse conteúdo e não necessariamente ser confinado às disciplinas da área de humanas, como história, literatura. Geralmente as pessoas entendem dessa forma, mas é importante ampliar a compreensão para entender o que a lei 10.639 realmente aponta”, concluiu.

Em seguida, foram abertas perguntas para a plateia, onde alunos colocaram situações vivenciadas, bem como indagações sobre a referida lei.

Mesa-redonda e oficina

No auditório Graciliano Ramos ainda foi realizada uma mesa-redonda com o tem Literatura Africana e afro-brasileira, coordenada pela professora Lívia Natália, da Universidade Federal da Bahia. “Estou vindo como professora e como poeta. Acho que é uma oportunidade interessante da gente pensar a literatura afro brasileira e africana a partir dos dois lugares, enquanto uma crítica literária, enquanto uma crítica de alguém que está dentro desse mercado editorial, produzindo, publicando. Essa é uma oportunidade de ampliar um pouco essas noções”, disse a professora.

A oficina Trabalhando as relações étnico-raciais na educação básica, realizado pela professora Mônica Regina dos Santos, foi voltada para os professores da educação básica. “Este é um trabalho que já realizo desde 2010, quando a Ufal se instalou no Sertão por meio de atividades oferecidas ao longo do projeto de extensão que eu coordeno que tem esse nome, relações étnico-raciais na educação básica. Hoje é apenas mais uma etapa desse trabalho que vem acontecendo, com uma oficina voltada aos professores da educação básica visando instrumentalizá-los como trabalhar essa temática em sala de aula”, frisou Mônica.