Bacia Hidrográfica do São Francisco é abordada na 70ª Reunião da SBPC

Importância da Bacia para o país e desafios existentes tiveram destaque no debate
Por Diana Monteiro - jornalista
24/07/2018 13h18 - Atualizado em 25/07/2018 às 13h58
Professor Almir Cirilo, presidente do Comitê do São Francisco Anivaldo Miranda e o reitor da Univasf, Julianeli Toletine

Professor Almir Cirilo, presidente do Comitê do São Francisco Anivaldo Miranda e o reitor da Univasf, Julianeli Toletine

Os desafios políticos, econômicos e sociais para a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco nos tempos atuais foi um dos temas abordados no primeiro dia da 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que transcorre no Campus A.C. Simões até o sábado (28). O tema contou com a participação dos professores Igor da Mata Ribeiro, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), José Almir Cirilo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do presidente do Comitê do São Francisco, Anivaldo Miranda.

Estudioso da Bacia Hidrográfica há mais de duas décadas, Almir Cirilo destacou que o São Francisco é um dos grandes rios do Brasil e que desenvolvimento e água estão extremamente associados, ao discorrer sobre a disponibilidade hídrica da citada bacia, que tem 640 mil km² de extensão e estende-se por 507 municípios de sete estados. Ao contextualizar as mudanças climáticas, Cirilo falou sobre águas superficiais e subterrâneas e informou que o território mineiro é o primeiro em disponibilidade hídrica, seguido do estado da Bahia.

O pesquisador abordou usos e conflitos da água, transposição e revitalização, que segundo ele, deve consistir na primeira grade bandeira de luta em prol da Bacia Hidrográfica do Velho Chico.

Atividade pesqueira

O professor Igor da Mata enfocou a pesca artesanal no Brasil, dizendo que a atividade apresenta raízes culturais muito fortes e é um amplo patrimônio material e imaterial. Como atividade produtiva apresenta grande importância socieconômica e destacou que 90% do contingente dos pescadores são artesanais. “Conforme levantamentos há no Brasil 970 mil pescadores e, no Baixo São Francisco [Alagoas e Sergipe] desempenhada em mais de vinte municípios, o que certamente faz com essa região seja a mais impactada”, frisou.

Igor disse que os municípios Penedo, Piaçabuçu e Neópolis, que pertencem ao Baixo São Francisco, concentram o maior número de colônia de pescadores, das 21 existentes, e conforme o Programa de Resgate Cultural estão cadastrados mais de 17 mil pescadores artesanais. Ele acrescentou que a xira, piau, tucunaré e tilápia (estas duas consideradas espécies invasoras), são as mais capturadas na citada região.

Ecossistema

Ao destacar os desafios impostos, o presidente do Comitê do São Francisco, Anivaldo Miranda, enfatizou que o rio tem a grande missão de atravessar a região do semiárido e metade da bacia representa 70% da disponibilidade hídrica da região nordeste. “Estamos vivendo uma época de muitas incertezas e os desafios são muitos. O Rio São Francisco é um ecossistema e não um canal de água. Por isso tem valores, entre eles o paisagístico, está no imaginário das pessoas e também no seu equilíbrio emocional”, enfatizou.

Ao abordar as mudanças climáticas, Anivaldo disse que os grandes desafios para a Bacia do São Francisco na era dos extremos climáticos necessita de um novo modelo para a operação dos reservatórios dotado de compatibilização dos usos múltiplos; compatibilização das vazões hidroambientais e regulatórias; e de operações em tempos de adversidade climática. “Há três patrimônios essenciais para enfrentar as mudanças climáticas no semiárido que são o Bioma da Caatinga, Bioma do Cerrado e o Rio São Francisco e seus afluentes”, frisou.