Lapis ganha nova plataforma de recepção de dados EumetCast África

Sistema faz o monitoramento ambiental do Brasil, parte da América do Sul e o Oceano Atlântico

28/05/2018 11h07 - Atualizado em 29/05/2018 às 09h13
Imagem de satélite de Alagoas

Imagem de satélite de Alagoas

Ascom Ufal com informações do Lapis

O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), anunciou a implantação do sistema de recepção, em tempo quase real, dos dados EumetCast África. O funcionamento da plataforma garante um sistema mais robusto e eficiente para recepção de dados e produtos do satélite Meteosat Terceira Geração (MTG, sigla do inglês Meteosat Third Generation), da Agência Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat).

Desde 2006, o Lapis implantou uma estação de recepção dos dados do Meteosat Terceira Geração, através do sistema EumetCast Américas, situando a Ufal como a primeira instituição de ensino superior no país a recepcionar esses produtos de satélite. No entanto, desde dezembro de 2016, a Eumetsat havia interrompido o fornecimento dos dados. Nesse período, a estação do Lapis dependia da internet para obtê-los no repositório da Eumetsat, Darmstadt, na Alemanha.

A boa notícia é que desde a última semana já está em funcionamento no Laboratório um sistema mais eficiente de recepção dos dados do MTG. Por utilizar comunicação via satélite, com maior confiabilidade e eficiência, o sistema não depende da internet, o que torna possível levar os dados ambientais, inclusive a locais, onde a cobertura da internet é nula ou limitada.

 “O sistema EumetCast África abrange o monitoramento ambiental por satélite de todo o território brasileiro, parte da América do Sul e o Oceano Atlântico. Dessa forma, o novo sistema de recepção implantado no Lapis amplia a capacidade de previsão do tempo no país, através da análise da interação do Oceano Atlântico com os sistemas meteorológicos, especialmente na Costa Leste”, afirma o professor da Ufal Humberto Barbosa, coordenador do sistema no Brasil.

De acordo com Barbosa, os serviços de previsão do tempo dependem de informações meteorológicas continuamente atualizadas. As agências meteorológicas recebem o mesmo conjunto de dados originários da Eumetsat, ao mesmo tempo. Isso exige que os dados sejam transferidos quase em tempo real, simultaneamente, para todos os usuários finais, em toda a Europa e além, continuamente 24 horas por dia, sete dias por semana.

Novas aplicações ambientais e meteorológicas

O professor Humberto Barbosa também explicou que a EumetCast África vem aumentar a abrangência do monitoramento ambiental e meteorológico no Brasil, em razão da ampliação do fluxo de dados e produtos possibilitada pelo sistema, tornando a estação do Lapis mais robusta, em termos de capacidade de aplicações ambientais e meteorológicas.

O Lapis investe há mais de 12 anos na capacitação de pessoas para atuar na área de sensoriamento remoto, especialmente na recepção, processamento e análise de imagens do satélite Meteosat Terceira Geração, visando oferecer soluções para demandas de segmentos específicos da sociedade, como cientistas, governos e empresas. Com isso, desenvolveu conhecimentos, metodologias e ferramentas específicas para processamento desses dados, de forma operacional.

Com a recepção do EumetCast África, serão retomados os cursos de capacitação e treinamento de pessoal no uso do sistema, bem como na utilização de seus dados e produtos de satélite.

Pesquisa e disseminação de dados

O EumetCast África foi concebido para prover, em tempo quase real, um serviço dedicado de disseminação, exploração e aplicação de uma extensa variedade de dados e produtos de satélites meteorológicos e ambientais para várias regiões do mundo. O sistema é de baixo custo, fácil operação e permite receber dados de diversos provedores.

No Brasil, terá um impacto positivo importante para a comunidade científica. O Lapis disponibiliza para usuários interessados que atuam em instituições e centros de pesquisa da região imagens do monitoramento ambiental por satélite para atender a problemas sociais, que requerem soluções científicas específicas por parte de estudiosos brasileiros. 

“A nova plataforma de recepção de dados do Meteosat Terceira Geração permitirá a potencialização de novos campos de pesquisa porque será ampliada a base de dados do Lapis, que já se destaca internacionalmente por disponibilizar dados públicos e gratuitos resultantes de pesquisas científicas, desenvolvidas por pesquisadores e estudantes, utilizando dados de sensoriamento remoto provenientes de várias fontes”, destacou o professor Humberto. 

O sistema EumetCast África também é importante para a manutenção do fornecimento de dados ao Programa Capes Pró-alertas Análise e Previsão dos Fenômenos Hidrometeorológicos Intensos do Leste do Nordeste Brasileiro, desenvolvido na Ufal e na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), com foco na formação avançada em pós-graduação e em pesquisas utilizando os dados do Meteosat Terceira Geração.

Outro setor importante a ser beneficiado é o de monitoramento de áreas degradadas e da desertificação. O uso de dados e imagens do satélite Sentinel-2, recebido pelo novo sistema da Eumetsat implantado no Lapis, permite uma identificação mais detalhada dessas áreas.

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