Novo coordenador da CAC assume desafio de definir política cultural da Ufal

Ricardo Cabús quer trazer a comunidade para conhecer a produção dos equipamentos culturais

09/02/2018 10h07 - Atualizado em 23/03/2018 às 10h15
Ricardo Cabus, novo coordenador da CAC

Ricardo Cabus, novo coordenador da CAC

Simoneide Araújo – jornalista colaboradora 

Com mais de 30 anos de serviços prestados à Universidade Federal de Alagoas, como professor e pesquisador, Ricardo Cabús assume a gestão da Coordenadoria de Assuntos Culturais (CAC) da Pró-reitoria de Extensão com o desafio de definir uma política cultural para a instituição. Ele também quer trazer a comunidade externa para dialogar com a Ufal e usufruir da arte produzida pelos equipamentos culturais da Universidade. 

Mesmo sendo da área de exatas, a veia artística pulsa forte em Ricardo Cabús. Poeta e compositor, que movimenta o mundo literário na capital alagoana, ele diz estar preparado para esse desafio. “Quando aceitei o convite da professora Valéria [Correia, reitora], assumi o compromisso com ela que minha prioridade na CAC, e vou fazer, é a política cultural da Ufal e supervisionar sua execução”, garantiu. 

Para isso, Cabús contará com o apoio do novo diretor-administrativo do Espaço Cultural, Joé Marcos Gomes, que cuidará do gerenciamento das demandas do que diz respeito à infraestrutura física do prédio, que atende aos equipamentos culturais, à graduação, às casas de cultura e à Escola Técnica de Artes. “Vamos ter independência de funções na CAC e no Espaço Cultural. Teremos papéis definidos e minha preocupação é conduzir uma política cultural de maneira global para a Universidade”, reafirmou. 

O coordenador diz ter muitas ideias, mas quer ouvir todos que compõem ou estão ligados à CAC e ao Espaço Cultural. “Após esses encontros iniciais, vamos poder definir o planejamento para os próximos anos. Não vamos inventar a roda, o que está dando certo continuará sendo desenvolvido. O professor Piccoli [ex-coordenador da CAC] começou um bom trabalho para organizar nossos equipamentos e projetos de extensão e vamos dar continuidade a isso, implantando novas ações e colocando um pouco do meu jeito de conduzir os trabalhos”, definiu. 

De acordo com o coordenador, os produtores culturais da Ufal terão participação fundamental na formulação dessa nova política. “Inicialmente, estamos nos reunindo com eles para começarmos o planejamento das ações. Temos muitas demandas na Ufal e poucos produtores, mas vamos nos organizar para atender os grandes eventos da Universidade. Sem esquecer os projetos promovidos pela CAC. Em paralelo, vamos chamar os gestores dos equipamentos culturais para trocarmos informações e ideias”, comunicou. 

A reitora Valéria Correia manifestou a satisfação pela resposta afirmativa de Cabús ao convite dela para assumir esta importante missão na Ufal. “O professor é um nome de expressão na comunidade artística em Alagoas e tem bom relacionamento com os produtores culturais. Sua irreverência, criatividade e compromisso institucional o qualifica para o desafio de coordenar os assuntos culturais da Ufal”, ressaltou a reitora. 

A reitora manifestou ainda o agradecimento ao coordenador anterior, professor Ivanildo Lubarino Piccoli dos Santos, que estava no cargo desde o início da gestão, coordenando as ações culturais da Universidade em vários momentos, como durante a realização da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, em 2017. “Sou grata ao trabalho desenvolvido pelo professor Piccoli, que continuará apoiando as ações culturais da Ufal”, declarou a reitora. 

Interação com a comunidade

Segundo Cabús, os quatro equipamentos que têm espaços para visitação e interação com a comunidade – os museus Théo Brandão e de História Natural, a Pinacoteca e a Usina Ciência – terão ações em um futuro breve. “Vamos adotar uma política, como os artistas costumam falar, para firmar público. Queremos trazer a comunidade para os quatro equipamentos. Isso inclui servidores e alunos, a comunidade em geral e os turistas. Para isso, temos de pensar numa política com mais estrutura para receber as pessoas”, completou.

A proposta inicial é que a cada fim de semana, pelo menos um equipamento cultural esteja aberto para receber a comunidade, com várias atrações. “Cada equipamento abrirá uma vez por mês no fim de semana, a exemplo do que acontece no Museu de História Natural. Vamos buscar a estrutura mínima para que isso aconteça e envolver os cursos de artes da graduação e da Escola Técnica [ETA]. Vamos mostrar os resultados dos nossos projetos de extensão. Vamos fazer uma agenda anual para esses projetos. Precisamos mostrar nossa produção artística: artesanato, música, dança, teatro, literatura, artes plásticas e muito mais”, revelou o professor. 

Com essa nova política, a ideia é implantar a visita da comunidade e a oferta de oficinas de formação em várias áreas. “A CAC vai promover essas oficinas voltadas a diversas artes, com pessoas habilitadas – servidores e estudantes – para termos um espalhamento dessas ações na Universidade. No início, será nos quatro equipamentos, mas nossa proposta é levar as oficinas para os campi da Ufal na capital e no interior”, assumiu Cabús. 

Cabús também pretende buscar apoio para revitalizar a Praça Visconde de Sinimbu, onde o Espaço Cultural da Ufal está instalado. “Vamos conversar com parceiros que também estão no entorno da praça, além de outras instituições interessadas, para fazermos projetos conjuntos. Queremos promover várias atividades culturais e trazer as pessoas para participar das ações na Sinimbu”, reforçou. 

As propostas do professor Cabús são ratificadas pela reitora, tendo em vista as diretrizes da gestão. “A política cultural da Universidade deve estar à serviço da sociedade, contribuindo com a sua emancipação. A arte liberta homens e mulheres, dá sentido à vida e deve ser instrumento de transformação social”, destaca Valéria Correia. 

Censo das artes

Outro destaque apresentado pelo novo coordenador é fazer o censo das artes em toda Universidade para saber qual a relação de cada aluno e cada servidor com as artes. “Já estamos implementando com os estudantes, mas a ideia é fazer com os professores e os técnicos. Queremos saber também se esse público conhece os equipamentos culturais da Ufal, se já visitaram ou assistiram a alguma apresentação. Essa coleta de informações vai nos dizer se há artistas e quem são eles, não só nos cursos de artes, mas em todas as áreas existentes na Ufal”, informa o coordenador. 

Para Cabús, os dados levantados serão fundamentais para implantar a política cultural da instituição. “Estamos passando por um momento difícil na Universidade, em termos financeiros, e, por isso, estamos adotando a política do ‘pé no chão’. Temos pouco dinheiro, mas um material humano fantástico. O mais importante com esses projetos é que a gente quebre esse preconceito da Universidade distante da comunidade. Vamos movimentar nossos equipamentos culturais”, concluiu.