Nomeação de objetos para crianças autistas é pesquisa da Ufal premiada na SBPC 2018

Estudo faz parte do mestrado da estudante Rafaela de Melo Franco, e recebeu menção honrosa durante a Reunião
Por Pedro Ivon – estagiário de Jornalismo
23/11/2018 08h10 - Atualizado em 23/11/2018 às 15h54
Rafaela Franco e Pedro Henrique durante a SBPC

Rafaela Franco e Pedro Henrique durante a SBPC

A 70ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) rendeu bons trabalhos. Entre aqueles que receberam menção honrosa, está ​Uma Comparação De Dois Métodos Para Ensinar Tato Para Crianças Com Transtorno Do Espectro Autista​, que fez parte do mestrado da discente Rafaela de Melo Franco, do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), orientado pela professora Daniela Mendonça Ribeiro. O estudante de Psicologia e bolsista de iniciação científica, Pedro Gomes, colaborou com a coleta e análise dos dados. A docente Ana Carolina Sella, do Centro de Educação (Cedu), também foi colaboradora do estudo.

O objetivo do estudo foi comparar procedimentos para ensinar o comportamento de nomear objetos, ​denominado tato de acordo com o referencial teórico adotado na pesquisa, para quatro crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). “Durante o ensino de linguagem para crianças com TEA ou com outras deficiências, com frequência, os profissionais apresentam dúvidas sobre o procedimento mais eficiente para ensinar as crianças a nomearem objetos”, explicou Daniela Ribeiro. E continua “Mais especificamente, eles questionam se devem apresentar apenas um objeto por vez e ensinar a criança a nomear apenas este objeto ou se devem apresentar mais de um objeto simultaneamente e ensinar a criança a nomear tais objetos”.

“Neste sentido, o estudo vem contribuir para a identificação de procedimentos eficazes para o ensino do comportamento de nomeação de objetos, que é fundamental para aquisição e expansão do nosso vocabulário”, disse a discente Rafaela Franco.

Segundo a professora, fizeram esta comparação na tentativa de contribuir tanto para a pesquisa científica sobre a aquisição de linguagem quanto para as práticas clínica e educacional com crianças com TEA. A coleta de dados com as crianças levou sete meses e o trabalho ao todo, desde sua concepção até a redação da dissertação, durou cerca de dois anos. Durante esse tempo, quatro meninos com idades entre 3 e 9 anos, foram ensinados a nomear seis mapas de estados brasileiros. ​A nomeação de três desses mapas foi ensinada por meio do método individual, no qual apenas um mapa era apresentado por vez. Já a nomeação dos outros três mapas foi ensinada por meio do método simultâneo, no qual os três mapas eram apresentados ao mesmo tempo e cada um era ensinado alternadamente até que a criança aprendesse a nomear os três mapas.

Os dois métodos levaram à aprendizagem da nomeação dos mapas, no entanto, a apresentação individual foi mais eficiente para dois participantes, em termos do número de exposições necessárias de cada mapa até a aprendizagem. Para os outros dois participantes, a diferença na aprendizagem com cada método foi bastante pequena. 

“Desde o início do trabalho, planejamos a apresentação de seus resultados para a comunidade científica. E, quando soubemos que a SBPC aconteceria em nossa casa em 2018, tivemos certeza de que esse evento seria o ideal para divulgar nosso trabalho”, explicou a docente orientadora. Apesar dos resultados iniciais, a equipe ainda sugere investigações futuras sobre o papel das variáveis na aprendizagem do comportamento de nomear objetos por meio dos dois procedimentos.