Dia da Mulher Negra na Ufal discute saúde, cultura e empoderamento

Programação contou com oficina, mesa redonda e apresentação cultural

01/08/2017 08h59 - Atualizado em 22/11/2021 às 09h05
Dia da Mulher Negra é celebrado na Ufal

Dia da Mulher Negra é celebrado na Ufal

Letícia Sant’Ana - estagiária de Jornalismo 

 

Na última terça-feira (25), o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Alagoas (Sintufal) promoveu um debate para marcar o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Dia Nacional de Tereza de Benguela. É a segunda vez que a data é comemorada na Ufal e neste ano, o tema discutido foi Saúde da mulher, cultura e empoderamento.

“O objetivo maior é a formação da nossa categoria. O tema chama a atenção da mulher negra para se cuidar e estamos aproveitando esse espaço para discussões e empoderamento”, afirmou a coordenadora de Direitos Humanos, gênero, raça e etnia do Sintufal, Girlaine Santos.

Para a advogada Kandysse Melo, do Escritório da Mulher, o dia 25 de julho é uma data de resistência que tem importância nacional. “Trazer para uma instituição de ensino superior a questão do povo negro quebra barreiras e preconceitos. Serve para reforçar que além de empoderadas, as mulheres negras precisam reconhecer seus direitos”, disse.

Na programação, o psicólogo Sidney José dos Santos coordenou uma mesa redonda sobre a saúde da mulher negra, discutindo a questão da anemia falciforme, doença genética frequente em Alagoas. “Estudos indicam que até 10% da população negra pode ser portadora do traço falcêmico. No continente africano, 12 mil crianças nascem por ano com a doença. A anemia falciforme traz prejuízos de ordem biológica, social e psicológica”, afirmou Sidney, especialista em doença falciforme.

Cultura e empoderamento

A intérprete de dança Ana Carla Moraes participa do evento desde a primeira edição e reconhece a importância do dia 25 de julho por ser específico para as mulheres negras. “O dia 8 de março não abrange todas as mulheres. Somos invisibilizadas todos os dias, ainda mais as mulheres negras de religião afro”, afirmou.

Como pesquisadora da dança em Alagoas, Ana Carla sempre pensou em como poderia contribuir com sua linguagem para uma dança mais política e crítica. “Minha performance é sobre o genocídio da mulher negra, periférica e LGBT que está morrendo dentro dessa estrutura perversa do machismo e do racismo. É uma construção que retrata a mulher que ainda hoje está na luta e na resistência”, reforçou.

Além da apresentação cultural, o Dia da Mulher Negra teve Oficina de Turbante com a hairstyle Yalla Silva. “As mulheres africanas usavam o turbante para diferenciar classe social e evolução espiritual. Na oficina eu trago o turbante estético, sem focar na questão religiosa, que requer cuidado e segredo”, finalizou.