Movimentos agrários iniciam horta e plantam mudas no Campus A.C Simões

Manhã de sexta-feira foi bastante movimentada com atividades realizadas pelos trabalhadores rurais

29/04/2016 13h48 - Atualizado em 02/05/2016 às 09h52
Reitora plantando muda ao lado dos trabalhadores. Fotos: Lenilda Luna

Reitora plantando muda ao lado dos trabalhadores. Fotos: Lenilda Luna

Lenilda Luna - jornalista

Os trabalhadores rurais organizados pelos movimentos agrários CPT, MST, MLST e MTL, acordaram com disposição de colaborar com várias atividades da Universidade Federal de Alagoas. Logo cedo, eles partiram para a Residência Universitária, onde capinaram e prepararam o terreno para a horta orgânica que será cuidada pelos estudantes residentes.

Segundo a pró-reitora Estudantil, Analice Dantas, a horta é parte de um projeto extensionista, coordenado pela professora Wanda Griep Hiraí, de Serviço Social, com a colaboração da professora Maria Alice Oliveira, de Nutrição, para garantir o direito à uma alimentação adequada no espaço universitário. “Essa proposta foi apresentada em plenária dos residentes, que aprovaram o cultivo de uma horta dentro do espaço da residência”, explicou a pró-reitora.

Os estudantes opinaram também sobre que tipo de hortaliças serão cultivadas. "Além de garantir alternativas de alimentação saudável, com produtos livres de agrotóxicos, a horta coletiva permite uma maior socialização entre os estudantes. Eles vão trabalhar juntos e decidir o que plantar. Alguns já fizeram a proposta de garantir ervas medicinais que podem ser utilizadas no dia a dia dos residentes", explicou a professora Maria Alice Araújo Oliveira, colaboradora do projeto.

Atuação conjunta e apoio mútuo

Depois da limpeza do terreno da horta, os trabalhadores rurais partiram para o Bosque em Defesa da Vida, onde estão plantadas árvores simbolizando as vítimas da violência no Estado de Alagoas. Lá eles também capinaram e adubaram, sempre intercalando o trabalho com canções e palavras de ordem. Alguns acompanhavam o trabalho empunhando as bandeiras dos quatro movimentos de trabalhadores rurais representados na marcha.

Para Heloísa Amaral, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a colaboração dos trabalhadores em atividades na Ufal é um ato simbólico de muita importância. "É para nós uma alegria sermos recebidos de braços abertos pela comunidade universitária e pela gestão da Ufal. Tivemos uma boa estrutura nessa estadia, com programação cultural, alimentação do Restaurante Universitário e toda a assistência da gestão. Estamos demonstrando que a Universidade e os movimentos sociais podem trabalhar juntos", destacou Heloísa.

A passagem dos trabalhadores rurais na Ufal faz parte da Marcha pela Reforma Agrária, que partiu de União dos Palmares no dia 27, e da Jornada Universitária pela Reforma Agrária. " A Universidade deve cumprir a função social de repassar conhecimentos e tecnologias para toda a sociedade. Além disso, esse é um momento histórico de apoio aos movimentos sociais em uma conjuntura difícil onde eles estão sendo criminalizados", ressaltou Joelma Albuquerque, pró-reitora de Extensão.

Homenagem aos mártires da Reforma Agrária

No Centro de Interesse Comunitário (CIC) os trabalhadores rurais se concentraram para homenagear os 21 agricultores assassinados no conflito de Eldorado dos Carajás, ocorrido há 20 anos. Foram cultivadas mudas de árvores em memória dos que foram mortos na luta pela Reforma Agrária.

A reitora Valéria Correia participou da homenagem e plantou uma das mudas, ao lado de representantes dos movimentos. "O princípio dessa gestão é ser uma universidade socialmente referenciada, por isso, não poderíamos fechar as portas para os movimentos agrários. Pelo contrário, queremos demonstrar nosso apoio e solidariedade. A Ufal é sustentada pelos impostos da sociedade e portanto pertence ao povo", declarou a reitora.

O líder do Movimento Sem-Terra, Zé do Pedro, agradeceu o apoio da Universidade. "Fomos muito bem recebidos por alunos, professores e pela gestão. Retribuímos com esse trabalho voluntário que é um ato simbólico para demonstrar que o movimento é construtivo e contribui com toda a sociedade. Muita gente ainda alimenta preconceito, mas estamos demonstrando que somos organizados, solidários e sabemos trabalhar em unidade", concluiu o líder do MST.

As atividades foram encerradas com um debate realizado no auditório da Reitoria. Em seguida, os movimentos sociais, partiram da Ufal rumo ao centro de Maceió, dando continuidade à Marcha pela Reforma Agrária.