Estudo aponta relação do fenômeno meteorológico “Alta Bolívia” com a intensificação de chuvas no Nordeste

Pesquisador do Icat integrou grupo de estudo publicado por organização alemã

17/02/2016 12h34 - Atualizado em 08/07/2022 às 08h33
Humberto Barbosa é da equipe brasileira responsável pela pesquisa

Humberto Barbosa é da equipe brasileira responsável pela pesquisa

Diana Monteiro - jornalista

O dinamismo do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) tem projetado a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em avançadas pesquisas na área das ciências atmosféricas. O mais recente estudo foi publicado pela Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos (Eumetsat) e trata sobre a relação existente entre o fenômeno conhecido como “Alta” da Bolívia” e a intensificação das chuvas na Região Nordeste.

A pesquisa envolveu o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e foi realizada pelos pesquisadores Humberto Barbosa, do Instituto de Ciências Atmosféricas (Icat) da Ufal e coordenador do Lapis; Salomão Medeiros, do Instituto Nacional do Semiárido (Insa) e Carlos Silva Neto, do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).

Sob a coordenação do professor Humberto Barbosa, o estudo científico proporcionou, ainda, a participação da equipe do Laboratório da Ufal formada por estudantes de graduação e do Programa de Pós-graduação do Mestrado em Meteorologia.

Os dados utilizados pela pesquisa obtidos a partir da Estação de Recepção de Baixo Custo do Sistema EumetCast da Eumetsat, foram fornecidos pelo Lapis, que é dotado, em sua estrutura física, de uma antena parabólica, um amplificador conversor de baixo ruído, uma placa de recepção de vídeo digital via satélite e um software de ingestão e organização dos dados instalado em um computador de configuração intermediária.

Ao destacar o fenômeno “Alta Bolívia”, Humberto Barbosa explica que é um anticiclone (centro de alta pressão) que ocorre, durante o verão, na alta troposfera sobre a América do Sul. Segundo o professor, para a identificação do sistema foram utilizadas imagens do satélite Meteosat-10 e cartas sinóticas de altos níveis (em 250 hPa) dos dias 7 e 8 de janeiro. “Evidenciamos a circulação anticiclônica situada ao longo do sudoeste da Amazônia, perto da Bolívia, destacando o fenômeno na alta troposfera”, diz.

Ele acrescenta que na costa brasileira também se observou o centro de baixa pressão (cavado) sobre o Atlântico Sul. “Estes são os primeiros indícios de que a "Alta da Bolívia" está atuando sobre o Nordeste, induzindo o aumento das chuvas na região e modificando as precipitações em outras regiões do Brasil”, frisou Humberto.

Formação de recursos humanos

A pesquisa tem como objetivo gerar elementos técnicos para subsidiar o projeto aprovado Análise e Previsão dos Fenômenos Hidrometeorológicos Intensos do Leste do Nordeste Brasileiro. O projeto foi aprovado pela Chamada Conjunta Capes/ Cemaden/MTCI- Edital Pró-Alertas nº 24/2014.

O estudo em desenvolvimento é organizado em rede e apresenta as seguintes linhas específicas: desenvolvimento de produtos derivados de informações de satélites ambientais e radares meteorológicos; aprimoramento do uso de tecnologias de sensoriamento remoto, e suas aplicações em áreas de risco de desastres naturais; e aprimoramento de métodos de monitoramento e previsão de eventos hidrometeorológicos extremos.

O projeto tem como objetivo apoiar a formação e capacitação de recursos humanos para o desenvolvimento de produtos derivados de informações de satélites ambientais, e em cooperação internacional entre os Programas de Pós-Graduação de Meteorologia da Ufal e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Estão também na cooperação, a organização europeia Eumetsat e o Sistema EumetCast, este de baixo custo de difusão de informações por satélite, em tempo quase real. “O EumetCast foi projetado para distribuir imagens do MSG, de observações in situ, de produtos e de serviços do Programa GEOSS (Global Earth Observation Systems of System) a usuários que disponham de uma infraestrutura mínima em qualquer ponto do planeta”, enfatizou o pesquisador Humberto Barbosa.

Conheça a Eumetsat

Sediada na Alemanha, a Eumetsat é uma organização intergovernamental criada por meio de uma convenção internacional formada atualmente por um total de 30 Estados-membros europeus: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia, Suíça e Turquia.
Mais informações sobre as ações do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), no site.