Projeto Zero Trans promove ações para estimular alimentação saudável

Oficinas são realizadas para conscientizar estudantes de escolas públicas e comerciantes do campus

03/12/2015 11h35 - Atualizado em 03/12/2015 às 15h05
Projeto utiliza o teatro de fantoches para falar sobre alimentação saudável

Projeto utiliza o teatro de fantoches para falar sobre alimentação saudável

Rosiane Martins – estudante de Jornalismo 

Bolo, sorvete, batata frita, brigadeiro. O que todos esses alimentos têm em comum? Além de serem deliciosos e praticamente irresistíveis, todos eles têm um mesmo componente: a gordura trans. Se você tem o hábito de ler o rótulo das embalagens percebeu que seu nome está sempre lá. A gordura trans é um mal presente em grande parte dos alimentos que consumimos diariamente e que causa tanta polêmica entre profissionais da saúde de todo o mundo.

Por isso, o projeto Zero Trans: preparações alimentares sem gorduras trans para a saúde da população da Faculdade de Nutrição da (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realiza oficinas e diversas ações alertando sobre os maus causados pela gordura. O Zero Trans é um projeto de extensão coordenado pela professora Cinthia Karla Rodrigues. Segunda ela, o objetivo do projeto é promover uma alimentação livre de gordura trans, visto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que a gordura deve ser eliminada da alimentação devido aos danos que causa a saúde. 

O projeto realiza oficinas teóricas e práticas ensinando a substituição da gordura por óleo vegetal nos alimentos e recentemente promoveu ações com crianças da ONG Miosotis, do Conjunto Henrique Equelman, no bairro Antares e na Escola Maria Montessori, no bairro da Gruta. “A gente trabalha com fantoches e teatro para ensinar as crianças a importância de ter uma alimentação saudável e o retorno tem sido muito positivo. Elas fazem degustação de alimentos livres da gordura e de início, alguns estranham, mas a maioria tem uma aceitação positiva. Hábitos alimentares saudáveis ensinados durante a infância são levados para a vida”, destaca a nutricionista. 

A comunidade acadêmica também tem sido alertada sobre os efeitos negativos do uso da gordura. “Temos promovido oficinas com os comerciantes da Ufal. Nós levamos eles para o laboratório de Técnica Dietética da Fanut para mostrarmos a preparação dos alimentos sem utilizar a gordura trans, eles provam as comidas e fazem a avaliação dos alimentos. O trabalho também foi feito com funcionários do Restaurante Universitário (RU) que hoje proporciona aos alunos uma alimentação livre de gordura trans”, ressalta. 

Durante as oficinas, Cinthia e toda a equipe do projeto ensinam os participantes a fazerem alimentos sem o uso da gordura hidrogenada. Eles ensinam na prática que doces como brigadeiro, podem ser feitos sem margarina. "A dica é untarmos as mãos com água gelada para enrolar os docinhos. Também é possível fazer bolo de milho, cookie e empada sem utilizar margarina ", diz, observando que, a princípio, há um estranhamento, mas logo as pessoas percebem que é possível comer alimentos gostosos e saudáveis. 

Gordura Trans 

É um tipo específico de gordura, formado por um processo químico que acontece quando óleos vegetais líquidos são transformados em gorduras sólidas com a adição de hidrogênio. Também é conhecida como gordura vegetal hidrogenada e geralmente está presente em comidas industrializadas, sendo usada para aumentar o prazo de validade desses alimentos. 

O uso da gordura trans traz sérios problemas à saúde: aumenta o risco de obesidade, diabetes, pressão alta, diminui o colesterol bom e aumenta o ruim, além de provocar o acúmulo de placas de gordura nos vasos sanguíneos, o que pode provocar um ataque do coração. 

Como evitar 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Isso significa que se um adulto consome duas mil calorias diárias, sua ingestão de trans não deve ultrapassar 2g. 

Segundo Cinthia, a solução pode ser a escolha de alimentos com substituições mais saudáveis, com preparações caseiras. "A gordura trans pode ser substituída por óleo vegetal, por exemplo, o sabor obviamente não será igual, o estranhamento é normal, afinal, hábito alimentar não muda da noite para o dia, por isso é tão importante trabalhar com a educação das crianças", diz. 

No Brasil 

No ano de 2006 entrou em vigor a norma que obriga os fabricantes a especificarem na embalagem a quantidade de gordura trans contida nos alimentos. A medida foi determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e obriga a todos os fabricantes de alimentos industrializados a indicar no rótulo do produto a quantidade de gordura trans presente. Há subjeções na legislação que permitem que a quantidade de gordura trans seja omitida se for inferior a 0,2 gramas por porção. Por isso, é importante o consumidor estar sempre atento as informações das embalagens.