Projeto da Ufal descobre talentos no esporte alagoano

Adolescentes e jovens estão se apaixonando pelo esporte e mostrando muito potencial


- Atualizado em
Equipe de vôlei revela grandes talentos nesse e em outros esportes

Equipe de vôlei revela grandes talentos nesse e em outros esportes

Manuella Soares - jornalista

Encontrar e despertar talentos são os desafios diários de uma equipe coordenada pelo professor Gustavo Gomes. O projeto Fábrica Coletiva de Talentos, do curso de Educação Física da Universidade Federal e Alagoas, está há dois anos descobrindo o potencial de muitos meninos e meninas que antes só viam o esporte como uma brincadeira saudável. Mas, o olho clínico e o incentivo formaram a combinação perfeita para revelar alguns atletas com futuro promissor.

Artur Isaac é um desses casos que impressiona até quem já esperava colher bons frutos do projeto. O menino de 14 anos soube da oportunidade de participar pelos amigos da escola e decidiu se engajar em qualquer atividade. O esporte, para ele, era apenas para ajudar a emagrecer, por saúde e estética. Artur era obeso aos 10 anos de idade, quando pesava 60kg. Difícil de imaginar que ao chegar à Vila Olímpica, onde os treinos são realizados, haveria também uma transformação de vida e não apenas na balança.

“Logo que chegou, eu percebi que ele tinha um potencial muito grande para saltos. No vôlei ele é um dos mais baixos e um dos que mais saltam. Por isso o coloquei como ponteiro. Um dia, resolvi fazer um teste no salto em distância e, aí, ele já fez cinco metros e quarenta. Eu pensei: nossa! Essa marca está muito alta para um menino de 14 anos!”, lembrou Higor Spineli, aluno da Ufal que é o técnico do projeto.

Esse foi o início do que pode ser uma brilhante carreira no atletismo. Em pouco tempo Artur competiu pelo alagoano mirim e conquistou a primeira medalha de ouro com a marca de um metro a mais que o segundo lugar. Com esse desempenho, ele foi convidado a participar do campeonato Norte-Nordeste no Maranhão duas semanas depois, mas, também, fez bonito! Garantiu o pódio no terceiro lugar com uma marca ainda melhor.

“Ele ficou sem treinar por causa de uma lesão e mesmo assim já aumentou a marca e se saiu muito bem. O que é mais incrível é que foi sem treinamento específico para a prova, ou seja, o menino é um talento nato! Ele não teve treinamento específico, mas foi muito bem preparado fisicamente e tem condições de ser campeão até brasileiro no ano que vem. Com o treinamento certo, ele é uma das nossas promessas para 2016”, ressaltou Higor.

“Fiquei surpreso de ganhar o terceiro lugar já na primeira vez. Eu me surpreendi comigo mesmo, mas agora acredito mais em mim e acredito também que posso melhorar ainda mais!”, afirmou Artur, com entusiasmo. Claro que esse talento seria logo atraído por profissionais da área. Artur Isaac foi convidado e já está treinando alguns dias da semana com o técnico da seleção alagoana de atletismo, no Trapichão. Vamos guardar este nome e aguardar notícias...

Muitas descobertas no esporte

Artur foi o que chegou mais longe até agora pelo projeto Fábrica Coletiva de Talentos, mas as expectativas em cima de outros atletas conta com a dedicação dos professores e monitores da Ufal que desenvolvem as atividades na Vila Olímpica. Nomes como Lucas, Manoel, Luan, Jedean e Igor também se destacam nas quadras. A pouca idade, o porte físico e o potencial estimulado estão revelando grandes atletas do presente e medalhas para Alagoas num futuro breve.

Luan é goleiro de futebol e participou de alguns clubes até que surgiu a oportunidade de ir embora do Estado, mas, os 15 anos na época foram um empecilho para os pais que, agora, incentivam o filho na nova modalidade que escolheu com um pouco mais de maturidade. “Já me apaixonei pelo vôlei”, contou, estimulado pelo técnico que acredita muito no potencial do jovem.

Os treinos estão intensivos e a parceria com a Federação de Vôlei permite focar em competições e torneios que são frequentemente realizados. Assim como os alunos também foram vinculados à Federação Alagoana de Atletismo e esperam participar de mais campeonatos por aí. Quando a dedicação ao esporte vira rotina, o caminho natural é buscar se profissionalizar. Muitos atletas que começaram no projeto já chamam a atenção de equipes que podem oferecer uma carreira na área, como é o caso de alguns que foram chamados para treinar no CRB.

“A nossa função é mostrar os talentos e a partir disso direcionar para as melhores equipes do Brasil que queiram receber, então, como não temos estrutura de criar uma equipe de alto nível, a gente detecta o talento e encaminha. Isso nos deixa com o coração na mão, vendo a evolução deles e depois partindo, porque isso é igual ao filho quando vai embora de casa”, brincou o professor Gustavo Gomes, coordenador do projeto.

Os professores destacam que o importante é direcionar o talento que o aluno tem. E se for no plural, melhor ainda! Igor chegou interessado no vôlei, mas o técnico dele também percebeu que o menino é muito bom nas estratégias do xadrez e na precisão do arco e flecha. Isso não podia ser desperdiçado! “Ele é multilateral, quer abraçar tudo de uma vez, mas a gente tenta incentivar na modalidade que o aluno responde bem”, comentou o técnico Higor, que conta com a ajuda de outros profissionais especializados para treinar o aluno. Aliás, muito treino...

“Treino três dias o tiro com arco, dois dias vôlei e dois dias o xadrez. Eu quero sempre estar praticando o que eu gosto”, resumiu, na certeza de que o resultado disso tudo só pode ser muito bom!

Conheça mais acessando o blog do projeto