Participantes da Mostra de Cinema Ambiental discutem situação de rios brasileiros

Degradação, legislação e uso pela população de rios e costa brasileiros entraram em debate

03/11/2015 18h56 - Atualizado em 05/11/2015 às 18h19
Teatro Sete de Setembro ficou lotado de alunos do ensino fundamental a universitários, durante a Mostra de Cinema Ambiental (Fotos Ana Paula Pontes)

Teatro Sete de Setembro ficou lotado de alunos do ensino fundamental a universitários, durante a Mostra de Cinema Ambiental (Fotos Ana Paula Pontes)

Jhonathan Pino – jornalista, enviado especial

Penedo - A Mostra Velho Chico de Cinema Ambiental teve início nesta terça-feira (3), no Teatro Sete de Setembro, na cidade de Penedo, como parte da programação do Festival de Cinema Universitário de Alagoas. Já em seu primeiro dia de atividades, estudantes de ensino fundamental e médio e alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) puderam ver três documentários e participar de um debate formado por professores do curso de Engenharia de Pesca da instituição.

À tarde, houve a exibição de Conversando com o rio, de Luciano Dayrell; Pesca Artesanal, de Paula Saldanha e Roberto Werneck, e Cultivo comunitário da ostra, da Labomar, Fundação Alphaville. Eles são parte do que será mostrado ao longo dos próximos dois dias, durante a Mostra de Cinema Ambiental, e foram escolhidos por um grupo de curadores, formados por docentes e técnicos da Unidade da Ufal em Penedo, além de membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco.

“A gente se reuniu algumas vezes para decidir a questão de temáticas e do público. Depois, cada pessoa ficou responsável por catalogar e selecionar esses filmes. A decisão sobre quais filmes exibir foi tomada em reuniões ocorridas quinzenalmente”, relatou Auceia Matos, docente da Unidade Penedo e integrante da comissão de curadoria.

Os filmes foram divididos por temáticas, conforme os dias de exibição. No primeiro, os documentários abordam o uso do Rio São Francisco; no segundo, será abordada a legislação ambiental, com os filmes Dá água ao concreto, de Waltuir Alves, e A lei da água, de André D`Elia; no terceiro dia, haverá debate sobre a questão da navegabilidade, com a exibição de Pirapora, de Charles Bicalho, e Mico Leão Voador em ação no Velho Chico, de Ernesto Galioto.

“Vai ser uma apresentação de um longa que é muito legal, porque o Ernesto Galioto sobrevoou o rio, desde a foz até a sua nascente, mostrando a relação entre as pessoas e o que é que muda ao longo desse percurso”, frisou Luciano Amorim, também membro da curadoria.

Acessibilidade facilita diversificação de público

Ao escolher que filmes seriam exibidos, a diversidade do público foi levada em conta, pois o Festival atrai não só alunos da Ufal, como também de turmas de escolas do município, como foi o caso da Escola Municipal Santa Luzia, que estava presente em grande número. No entanto, um dos grandes diferenciais este ano foi a presença de surdos compondo a plateia do cinema, já que, pela primeira vez, a Universidade se preparou para receber pessoas com deficiência, com a presença de intérpretes de Libras para as atividades das mostras Ambiental e Infantil.

Um dos membros da plateia pôde questionar a contradição do poder público municipal, que incentivava à população a manter a cidade limpa, mas não fazia sua parte ao promover o descarte inadequado de esgotos e materiais sólidos. “Eu senti uma satisfação em ter intérprete, porque quando precisei me expressar, existia um tradutor de Libras, o que me colocou no mesmo patamar dos ouvintes”, relatou Hermano.

Auceia salienta que isso atende ao objetivo de trazer para o cinema o público em geral e o da academia, como parte de uma iniciativa interdisciplinar de colocar a Mostra Ambiental dentro do Festival de Cinema. “Queremos trazer esses alunos para participar das discussões, para observarem o que está sendo feito em termos de produção cinematográfica sobre o rio e integrá-los nesse contexto; de falar da preservação ambiental, do uso dos recursos naturais e da própria legislação, que é uma questão que está em voga, considerando o atual estado de degradação do Rio São Francisco”, destacou.

A mostra continua nesta quarta e quinta-feira, das 14h às 16h, no Teatro Sete de Setembro, com exibição dos filmes citados acima, a participação de professores da Ufal e os realizadores de filmes, como facilitadores do debate no local. Todas as atividades do Festival são gratuitas. Confira a página.