Mestrado profissional em Letras forma sua primeira turma na Ufal

Primeiras defesas já têm cronograma definido e são abertas para o público-alvo

19/11/2015 15h15 - Atualizado em 19/11/2015 às 17h57
São 20 vagas por ano para professores do ensino público

São 20 vagas por ano para professores do ensino público

Jhonathan Pino - jornalista

A Faculdade de Letras (Fale) disponibilizou o cronograma parcial das defesas de mestrado da primeira turma do Programa Profissional de Letras (Profletras), na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A partir do dia 17 de dezembro, o Auditório Heliônia Ceres (Fale) será o local para a exposição de pesquisas realizadas ao longo dos últimos dois anos.

A primeira da turma a apresentar sua dissertação foi Fabiana Santana, no último 20 de outubro, quando ela abordou sua análise sobre A compreensão leitora de alunos do 7º ano da rede pública de ensino. A autora fez apontamentos das práticas de leitura de alunos da escola municipal de Marechal Deodoro e discutiu a criação de estratégias para despertar interesse pela atividade.

No dia 17 de dezembro será Wanderlúcia Reis quem dará continuidade às defesas. Ela apresentará A formação do leitor/produtor de textos como sujeito crítico: proposta de ação pedagógica em uma turma de 8° ano do ensino fundamental e relatará a experiência de leitura de gêneros textuais, como artigos de opinião, e o processo de escrita numa escola pública estadual de Maceió.

De acordo com a coordenadora do Profletras na Ufal, Andréa Pereira, as discussões são usualmente voltadas para a escola pública porque o programa é destinado aos professores de Ensino Fundamental da rede pública de ensino. Esse é o caso de Suellen Salustiano, professora de Passo de Camaragibe há dez anos, ela relata que esperava uma oportunidade para se qualificar. “Como é um programa voltado para professores que já atuam. Então a gente pode atrelar os conhecimentos teóricos que a gente vê nas aulas com a experiência prática. Podemos compartilhar essas experiências com o grupo, discutir, renovar essas experiências para levar para a sala de aula. Isso é uma vantagem do curso”, disse Suellen.

Aprovada em primeiro lugar para o Mestrado, Suellen disse que o grande problema é adaptar as aulas à carga horária em sala de aula. “Pelo menos no município em que eu trabalho, eu não consegui uma redução da carga horária. Na minha turma tem mais três alunos do curso que trabalham no interior e não tiveram sua carga reduzida pelos municípios, ou o Estado. Tem alguns professores que dão a disciplina corrida e as escolas em que trabalham não aceitam faltas, nem mesmo declaração. Então a gente não tem um apoio certo tanto do Estado, quanto do município para poder se qualificar. É uma incoerência eles alegarem que a gente precisa da formação continuada, mas eles não dão o apoio. Se não meter a cara e fizer com todos os trancos e barrancos, não se consegue terminar o curso”, argumentou a professora de Passo do Camaragibe.

Acesso ao Profletras

O mestrado profissional em rede é coordenado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e tem a Ufal como instituição associada. É na Fale onde acontecem as aulas, todas as sextas-feiras, durante o dia. Andréa Pereira diz que o programa vem crescendo com o apoio que a Universidade vem dando e já conta com 11 docentes. Apesar das aulas ocorrerem na Ufal, a seleção é nacional e realizada pela UFRN, mediante edital publicado no início do segundo semestre.

Fazem parte do público-alvo os professores da rede pública que sejam efetivos do Estado ou do município e que estejam em sala de aula. O candidato tem que ser formado em Letras/Língua Portuguesa e está ministrando do 1º ao 9º ano. Também não pode estar assumindo uma função de gestão na escola.

Andréa lembra que o curso que trabalha teoria e prática de uma maneira aprofundada. "Há um preconceito nacional que se reflete também aos mestrados profissionais e profissionalizantes. Nestes, eles têm um viés muito técnico que não dialoga com as questões acadêmicas mais profundas. O nosso não é assim. É um espaço que o aluno tem para relacionar teoria e prática, com todo o critério acadêmico", comentou.

De acordo com a coordenadora, apesar de boa parte dos alunos estarem afastado há algum tempo da academia, eles são desafiados a repensar a rotina a partir do debate de perspectivas teóricas. No fim do curso, os alunos produzem uma dissertação ou uma proposta didática. "Tem toda uma parte de escolha teórica metodológica, que discute as diferentes concepções de letramento de leitura e escrita; faz uma proposta didática, aplica essa proposta e faz a discussão. A gente traz todos os embates e as dificuldades dos processos para aquela realidade, que é diferente de outras", explicou Andréa.

Confira cronograma das próximas defesas em anexo.