Tâmara Albuquerque – Ascom HU

O Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU) está colocando à disposição da população usuária do SUS um ambulatório de Nutrição para atendimento específico de pacientes cirróticos graves (Child B e C) de origem alcoólica ou viral (hepatite B e C). O serviço está com agendamento aberto e atendimento às sextas-feiras, a partir das 13h30, inclusive para os pacientes encaminhados por médicos hepatologistas e gastroenterologistas de outras unidades de saúde.

Segundo a professora de nutrição, Fabiana Andréa Moura, o ambulatório foi viabilizado para dar suporte a uma pesquisa da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com a Universidade Estadual de Ciências da Saúde (Uncisal), e coordenada pela professora Rozângela Wyszomirska. A pesquisa vai avaliar o impacto da suplementação nutricional com aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA) na evolução do quadro clínico de pacientes hepatopatas graves, que normalmente são desnutridos. 

“Estudos apontam que mais de 80% desses pacientes graves, com indicação de transplante hepático, têm desnutrição séria, muitas vezes, estabelecida antes da doença hepática, em decorrência de problemas socioeconômicos. Isso influencia negativamente no resultado do tratamento e do próprio transplante e reduz a qualidade de vida dessas pessoas”, comentou a professora.

Pelo menos 50 pacientes atendidos no ambulatório do Hospital Universitário participarão da pesquisa, aprovada no ano passado e financiada pelo Programa Pesquisas para o SUS (PPSUS/AL) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).  Nesse levantamento, os pacientes serão divididos em dois grupos para acompanhamento nutricional, sendo que um deles receberá a suplementação dos aminoácidos de cadeia ramificada, objeto do estudo, e o outro receberá suplemento nutricional proteico padrão.

“Será um trabalho duplo cego, ou seja, somente um integrante da equipe de pesquisadores saberá qual paciente estará fazendo uso do suplemento em avaliação. O trabalho visa testar esse suplemento em dosagens e por tempo específico e acompanhar, por meio de exames, se houve melhora da evolução clínica e nutricional dos pacientes ou até mesmo retardo da progressão da insuficiência hepática”, enfatizou.

Os pacientes ganharão os suplementos nutricionais por um período de três meses, ou seja, mesmo aqueles que não receberem a suplementação de BCAA serão beneficiados no aspecto nutricional. As evidências são de que os efeitos benéficos dessa suplementação incluem melhora da qualidade de vida e redução do catabolismo proteico; do perfil metabólico de aminoácidos e clínica ou prevenção da encefalopatia hepática, uma piora da função cerebral, que ocorre quando o fígado não consegue mais remover as substâncias tóxicas no sangue.

Participam da pesquisa, além de Fabiana Moura, os professores de Nutrição, Juliana Célia Farias, Glaucevane Guedes e João Araújo, que coordena a pesquisa. O trabalho será tema de duas monografias de residentes e dois trabalhos de conclusão de curso (TCCs) de graduação em Nutrição. A pesquisa deve ser concluída em 2015, mas depende do número de pacientes que se cadastrem no ambulatório do HU.

“Estamos fazendo um apelo aos profissionais médicos do próprio HU e de outras unidades, nas áreas de hepatologia e gastroenterologia, para nos encaminharem esses pacientes graves, que já tenham vivido episódio de ascite, encefalopatia ou icterícia”, comentou. Os pacientes devem se dirigir diretamente ao Same para marcação da consulta [a marcação não é pelo Cora] ou agendar pelos telefones (82) 8887-1468, 9975-8695 e 3214-1468.