Hospital Universitário atualiza profissionais para atuação em ocorrência de casos suspeitos de ebola

Por meio do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia, serão intensificadas as informações sobre a doença e o protocolo para notificação e encaminhamento dos casos

21/08/2014 17h02 - Atualizado em 22/08/2014 às 00h00
A doutora Raquel Guimarães, coordenadora do NHE, enfatiza importância do profissional dominar informações sobre a doença

A doutora Raquel Guimarães, coordenadora do NHE, enfatiza importância do profissional dominar informações sobre a doença

Tâmara Albuquerque – Ascom/HUPAA

Embora Alagoas não esteja diante de uma situação previsível de surto e não haja, até o momento, a notificação de casos suspeitos de ebola no país, o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) inicia a capacitação dos seus profissionais médicos e da enfermagem para os procedimentos que devem ser adotados, se houver uma ocorrência. Através do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE), serão intensificados na instituição as informações sobre a doença e o protocolo - definido pelo gestor da Saúde - para notificação e encaminhamento dos casos.

O ebola, identificado pela primeira vez em 1976, no Zaire (atual República Democrática do Congo), na África,  é uma doença grave e com alto índice de mortalidade. Em Alagoas, a unidade referência para encaminhamento e tratamento dos casos será o Hospital Hélvio Auto, em Maceió.

Segundo a infectologista Maria Raquel dos Anjos Silva Guimarães, coordenadora do NHE, apesar de não fazer atendimento de emergência, onde o contato com uma pessoa contaminada pelo vírus ebola é mais provável, os profissionais do hospital universitário precisam ter domínio das informações sobre a doença, os sintomas, as medidas de biossegurança, e sobre como conduzir o paciente ao local de tratamento; além do processo de notificação dos casos.

“É imperioso que o profissional tenha acesso a essas informações, porque ele está no grupo de risco para contrair o vírus, assim como os integrantes da família que tiveram contato próximo com pessoas infectadas e àquelas pessoas que possam ter feito contato direto com os corpos dos mortos” enfatiza a médica.

Em reunião realizada pela Secretaria de Estado da Saúde, no último dia 14, representantes de unidades públicas e privadas de saúde, assim como profissionais dos núcleos de epidemiologia no Estado tiveram acesso ao protocolo que será implantado em Alagoas em caso de ocorrência do ebola. Raquel Guimarães explica que a palavra de ordem ao abordar um paciente com sintomas comuns do ebola é questionar se ele viajou ou teve contato com pessoas que saíram do país, especialmente para a África, onde o surto da doença já matou mais de 1.200 em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria. No caso de consideração da suspeita, a notificação deve ser feita imediatamente ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), pelos telefones 8882-9752/0800284-5415/3315-2059.

Sobre o vírus

O Ministério da Saúde (MS) tem anunciado reforço na fiscalização em portos e aeroportos para evitar a entrada no país de pessoas doentes, mas a grande preocupação tem sido com a chegada de imigrantes ilegais às cidades, como tem ocorrido em Maceió.

Raquel Guimarães explica que o vírus do ebola não é transmitido pelo ar, mas por meio do contato direto com o sangue, órgãos, secreções (fezes, urina, saliva, sêmen) e outros fluídos corporais de pessoas e animais infectados. Segundo a médica, “também pode ocorrer transmissão do vírus se a pele ou membranas mucosas de uma pessoa saudável, mas que tenha alguma lesão, entrar em contato com objetos contaminados com fluidos infecciosos de um paciente com o vírus, como roupa suja, roupa de cama, agulhas usadas e etc.”.

“O período de incubação do vírus é entre 2 e 21 dias, ou seja, nesse tempo a pessoa que foi contaminada não apresenta sintomas e nem transmite a doença. A pessoa torna-se contagiosa após o surgimento dos primeiros sintomas, como febre súbita, dor de garganta, fraqueza intensa, dor de cabeça e dores musculares. Na fase aguda, o ebola provoca vômitos, diarreia, disfunção hepática, erupção cutânea, insuficiência renal e hemorragia, tanto externa quanto interna” informa a infectologista.