Pinacoteca Universitária lança documentário sobre o artista alagoano Roberto Ataíde

Na segunda-feira, 31 de março, às 20h30, será lançado em Maceió o netdoc Mais que traços e cores


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O artista plástico alagoano Roberto Ataíde

Ascom Pinacoteca

Na segunda-feira, 31 de março, às 20h30, será lançado em Maceió o netdoc Mais que traços e cores, do videoprodutor Cláudio Manoel Duarte, que faz uma homenagem em memória do artista visual alagoano Roberto Ataíde Amorim, falecido há 18 anos.

O documentário, com cerca de 25 minutos de duração, foi realizado pelas produtoras Imaginário é TV e Meu Bolso Produções Artísticas. “Decidi por não buscar patrocínio via marketing cultural nem apoio de edital estatal para manter o caráter afetivo, amoroso do projeto, com um esforço pessoal prazeroso, pelo meu vínculo com Roberto, como amigo-irmão. Esse caráter afetivo terminou por formar uma rede de apoiadores incríveis para o projeto, amigos de Ataíde e meus, num processo de colaboração sensível que ele merecia”, afirmou o diretor.

Cláudio Manoel é alagoano, radicado na Bahia há 14 anos, onde é professor de Cinema na Universidade do Recôncavo da Bahia – UFRB, onde também coordena um grupo de pesquisa sobre cultura digital e é Coordenador de Cultura e Universidade da Pro-Reitoria de Extensão daquela Universidade. Atuou em Alagoas profissionalmente como produtor cultural e jornalista por mais de 30 anos, tendo sido também professor de Comunicação e Tecnologias, na Ufal, quando decidiu, em 2000, cursar mestrado na área de Cibercultura e Comunicação na UFBA [Universidade Federal da Bahia].

O documentário tem uma estrutura simples, até tradicional, intercalando depoimentos de especialistas em arte com as imagens de trabalhos do artista, além de curtas inserções ficcionais com o ator convidado Giuliano Porto e de imagens fixas recuperadas de negativos 135mm de 20 anos antes, de autoria de Christina Queiroz e do próprio diretor. “Nossa grande batalha foi, com ajuda de amigos, identificar e documentar os poucos trabalhos do artista (espalhados) em Maceió, para produzir esse vídeo numa curta estada na cidade de 3 dias.

Além da homenagem, meu objetivo é que esse produto funcione como memória para que futuras gerações pesquisarem sobre esse fantástico jovem que se foi no início e auge de sua carreira”, explica Cláudio Manoel. O vídeo traz depoimentos de especialistas em arte e amigos de Ataíde, como Carmen Lúcia Dantas, Geisa Brayner, Socorrinho Lamenha, Ricardo Maia, Rogério Gomes e Alexandre Toledo, os quais resgatam a atuação do artista no cenário alagoano das artes visuais, destacando suas características estéticas de ruptura com um caminho tradicional da pintura e também suas características pessoais.

A equipe de realização foi mínima: o próprio Cláudio Manoel e Gleydson Público, baiano, ex-aluno de Cláudio, que atuou como fotógrafo e montador. “Usamos basicamente um tripé, um iluminador, uma câmera dslr e um gravador de áudio – ou seja, quase um ‘estúdio de mão’, para facilitar a produção com equipe reduzidíssima”, informa. Em Alagoas, o projeto teve o apoio de produção de Carmen Lúcia Dantas, que fez também a conceituação do argumento, e Alexandre Toledo e várias colaborações na cessão de obras.

“Desde o início, Carmen e Alexandre, também meus amigos, depositaram confiança, me estimularam, mesmo eu estando a distancia de Maceió para executar esse projeto. Estou, além de agradecido com esse apoio, honrado com essa colaboração”, complementa. Além de fazer produção do netdoc, Cláudio pensou o argumento com Cármen Dantas, escreveu o guião, dirigiu e produziu a trilha sonora. “A opção por um netdoc é para que as pessoas acessem livremente nas redes digitais ou façam download para tablet e celulares, inclusive”. O vídeo terá aplicação de selo CC (Creative Commons), para uso livre e não comercial.

Sobre o artista

Roberto ataíde, nascido em 62, era arquiteto e iniciou sua carreira como estudante de Desenho e Pintura na Fundação Pierre Chalita (1981-85). Vítima da aids, faleceu em 1995. Estudou Serigrafia, Desenho Livre com Jadir Freire e fez diversos cursos no campo da arte, dentre eles o Curso de Criatividade, Análise Crítica e Problemas de Composição na Linguagem Visual, com Fayga Ostrower. Em meados dos anos 80 foi Técnico de Artes Plásticas do SESC. Participou de várias exposições coletivas. Em 1982, no Concurso Carlos Moliterno (IHGA) recebeu o prêmio de 1º lugar. Neste mesmo ano conquistou o 1º lugar no concurso Graciliano Ramos de Artes Plásticas, promovido pela Ufal.

Ataíde está na seleção de artistas na publicação Arte Alagoas II, publicada pela Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, que teve curadoria de de Lula Nogueira e Tânia Pedrosa. Recebeu o prêmio Industrial Ernesto Maranhão” com a aquarela A Ilha, em homenagem aos 70 anos do poeta Carlos Moliterno. Pouco documentado, no entanto, e com uma curtíssima carreira, Ataíde deixou marcas profundas (e desconhecidas do grande público) trazidas por seu trabalho de pintor, que dominava várias técnicas (carvão, acrílica, óleo…) e criava um caminho próprio estético, principalmente num “semi-abstracionismo” onde pesquisava volumes, criados por cores intensas e formas não precisas que por vezes geravam sensações de vagas figuras.

“Roberto é sempre lembrado por sua doçura, uma certa ingenuidade em lidar com o mundo, como uma aventura poética que o fazia um artista de cores e formas, um embelezador da vida. Minhas lembranças sobre ele remetem sempre a de um menino lindo, crescido e feliz. Com um sorriso iluminadíssimo e sem nenhuma dúvida sobre seu amor pelas artes. Uma vida tão breve mas que nos deixou mais que traços e cores”, relata Cláudio Manoel.

SERVIÇO: Lançamento do documentário Mais que traços e cores – em memória de Roberto Ataíde, de Cláudio Manoel Duarte
Segunda-Feira (31/março) – 20h30 – Entrada Franca
Pinacoteca Universitária da Ufal (Pça. Sinimbu, Centro – Maceió)