Pesquisador defende modelo de Cidades Inteligentes para o município de Arapiraca

Ricardo Afonso explica que a intenção do projeto é apontar indicadores que possam melhorar em detrimento de objetivos que se deseja alcançar

03/06/2013 10h40 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h31
Estudantes apresentaram seus trabalhos em mostra no Campus Arapiraca. As temáticas foram bastante variadas

Estudantes apresentaram seus trabalhos em mostra no Campus Arapiraca. As temáticas foram bastante variadas

Deriky Pereira – estudante de Jornalismo

Abrir mão de modernos recursos tecnológicos e arquitetônicos como resposta aos desafios impostos pelo adensamento populacional; ampliar e democratizar o gerenciamento de processos enquanto se otimizam recursos físicos e financeiros. Esses são os principais focos do modelo de Cidades Inteligentes ou Smart Cities, como também é conhecido. Atualmente, o conceito está em destaque no campo de soluções tecnológicas propostas pelas grandes corporações.

Porém, o assunto não se restringe apenas a isso e vem recebendo, desde então, destaque no campo das pesquisas acadêmicas. Uma delas é feita pelo professor Ricardo Alexandre Afonso, do curso de Ciência da Computação do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas. Em parceria com os professores Vinícius Garcia, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e Alexandre Alvaro, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o pesquisador trabalha na criação do SCMM (Smart City Maturity Model).

Trata-se de um Modelo de Maturidade para Cidades Inteligentes, que é capaz de indicar o nível de inteligência que uma cidade ocupa. Mas é preciso destacar que o objetivo de um modelo de maturidade não é apenas medir o quão inteligente seja uma localidade, e sim, apontar os indicadores que poderão ser melhorados em detrimento dos objetivos que se deseja alcançar ao realizar tais melhorias”, explicou o professor.

O pesquisador, então, nos dá um exemplo. “O modelo de maturidade vai do nível 1 até o 5 e a toque de comparação podemos utilizar a cidade de Maceió, que se encontra na escala 1 do domínio 'segurança', pois o indicador de assassinatos é negativo. Além de segurança, existem outros domínios, tais como água, saúde, tecnologia e transporte. Ou seja, com base nesses indicadores podemos propor soluções para cenários futuros, inclusive, para o município de Arapiraca.”

De acordo com o professor, durante a pesquisa feita para construção do artigo, a “capital do fumo” apresentou dois índices deficitários. “Depois da coleta de dados, chego a conclusão que Arapiraca possui índices deficitários em segurança e transporte, enquanto os domínios de Educação e Saúde são satisfatórios. Com isso, para ser considerada uma Cidade Inteligente, ela adotará estratégias que possam melhorar os indicadores pertencentes a esse domínio especifico”, explicou Ricardo Alexandre Afonso.

Primeiros passos

Os estudos sobre Cidades Inteligentes precisam levar em consideração as atuais características das cidades e as possibilidades de grandes mudanças que as mesmas venham a passar no futuro. “Apesar disso, o tema vem sendo bem recebido pelos estudantes do curso e isso tem suscitado em discussões em eventos nacionais e internacionais”, salientou o pesquisador.

Como prova do bom relacionamento dos alunos com a temática, entre os dias 13 e 17 de maio, a turma do professor promoveu uma mostra com diversos projetos de pesquisa sobre o assunto em benefício ao município de Arapiraca. Os trabalhos foram desenvolvidos como parte das disciplinas de Seminários Integradores e Lógica, Informação e Comunicação, ministradas por ele, que falou sobre a iniciativa.

Os estudantes foram desafiados a apresentar soluções no contexto de Cidades Inteligentes referente ao município de Arapiraca. Foram 17 trabalhos e os alunos redigiram artigos científicos e, para a apresentação, converteram os artigos em forma de pôster, os quais foram apresentados no campus. Além disso, temos três alunos fazendo seus Trabalhos de Conclusão de Curso relacionados a esse assunto”, comentou Ricardo.

Os projetos englobaram diversas áreas, tais como a aplicação de verba na saúde, a discussão sobre melhorias no trânsito de Arapiraca, com a proposta de um planejamento urbano das áreas em crescimento, além de casas autossustentáveis, um aterro turístico e um sistema de coleta de lixo subterrâneo a vácuo no município. Na opinião de Amanda Barbosa, foi uma experiência muito prazerosa. “Foi muito bom. É um orgulho poder desenvolver um trabalho como esse”, revelou.

Já na opinião do estudante Leandro Silva, participar deste projeto foi uma das ações mais importantes que já fez no meio estudantil. “Apresentamos a temática à população que conhecia, de maneira superficial, as soluções de alguns problemas. Para eles, é algo que parece simples de resolver, mas para os governantes seria um alto gasto. Então, além de importante, posso dizer que foi um dos trabalhos mais úteis. Espero que esses exemplos aqui expostos possam servir para mudar um pouco desse mundo”, declarou.

Destaque nacional e internacional

Além dos primeiros resultados em pesquisas desenvolvidos pelos alunos, o professor Ricardo Alexandre Afonso comemora mais uma conquista: a premiação de seu artigo “BR-SCMM – Modelo de Maturidade para Cidades Inteligentes” na 9ª edição do Simpósio Brasileiro de Sistemas da Informação (SBSI), realizado em João Pessoa, entre os dias 22 e 24 de maio.

O artigo foi premiado com o titulo de melhor artigo na Trilha Sistemas de Informação e os Desafios do Mundo Aberto. Em seguida, formou-se uma mesa redonda para discussão dos desafios futuros na área de Sistemas de Informação. Com isso, nosso curso de Ciência da Computação mostra o resultado de suas pesquisas para a comunidade acadêmica brasileira. Isso é maravilhoso”, salientou Ricardo.

Vale reforçar ainda que o artigo “BR-SCMM – Modelo de Maturidade para Cidades Inteligentes” também foi aceito para publicação e apresentação no 37º Annual International Computer Software & Applications Conference (Compsac 2013), que será realizado em Kyoto, no Japão, entre os próximos dias 22 e 26 de julho.