Técnica desenvolvida no HU em tratamento de câncer de pele tem resultados favoráveis

Estudos realizados na Faculdade de Medicina são aplicados nas cirurgias de pacientes do HU

13/11/2013 16h35 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h29
Fernando Gomes, chefe do setor de cirurgia do HU

Fernando Gomes, chefe do setor de cirurgia do HU

Manuella Soares - jornalista

Uma ferida que não cicatriza já é um sinal de alerta! Esse sintoma é característico dos tumores cutâneos malignos dos tipos basocelular ou espinocelular. Todos os meses o setor de cirurgia plástica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas atende cerca de 30 pacientes com algum tipo de tumor. Por ano, são realizadas mais de cem cirurgias para retirada de carcinomas, número que deu experiência suficiente para a equipe técnica do setor implantar um tratamento chamado “cicatrização dirigida”.

De acordo com o médico Fernando Gomes, chefe do setor de cirurgia do HU e professor da Faculdade de Medicina da Ufal (Famed), os pacientes que se submetem ao procedimento diminuem a chance de desenvolver novos tumores na mesma região. “Nós retiramos um fragmento de tecido, deixamos a área aberta e acompanhamos o processo de cicatrização espontânea, observando qualquer tipo de alteração funcional que comprometa a qualidade de vida do paciente”, explicou.

A técnica utilizada, segundo Gomes, facilita a identificação de áreas ao redor do tumor que podem, futuramente, apresentar um carcinoma. “As vezes aquela área está comprometida tanto dos lados quanto na profundidade. É o que chamados de estadiamento do tumor, avaliar se foi retirado adequadamente, se não restou nenhum segmento comprometido, significa que não venha a desenvolver mais tumor naquela área, então, tiramos também as margens do tumor inicial”, destacou o cirurgião que já fez várias pesquisas com alunos do curso de Medicina da Ufal aplicando essa técnica.

“Os tumores cutâneos não melânicos são os mais encontrados no ser humano. Apesar de serem os mais benignos entre os malignos, podem desencadear a morte nos pacientes susceptíveis, como os albinos, por exemplo, e invadir estruturas nobres”, observou Fernando Gomes. Os resultados favoráveis no HU apontam menos riscos de metástase e melhor observação do câncer de pele.

Pacientes de risco

Os tumores de pele são apresentados, principalmente, em pessoas de pele clara que frequentemente se expõem ao sol. Por isso, os locais mais comuns de manifestação desse tipo de câncer são braços, face, mãos, pescoço e colo. Médicos dermatologistas, clínicos gerais e cirurgiões são os que mais facilmente identificam os tumores e podem encaminhar o paciente para o tratamento adequado.

No HU, dez albinos da cidade de Santana do Mundaú são acompanhados rotineiramente pela equipe do cirurgião Fernando Gomes. Esses pacientes com a mutação genética que resulta em pouca ou nenhuma produção de melanina são mais susceptíveis a desenvolver lesões cutâneas pela falta de defesa contra os efeitos do sol.

Tratamento de excelência

O núcleo criado para atender aos pacientes diagnosticados com tumores cutâneos fica situado no ambulatório do HU e conta com o apoio de uma enfermeira voluntária, Terrese, e da médica clínica geral Edna Tenório. “Assim que a triagem é feita e o paciente é diagnosticado com o carcinoma, terá prioridade para se encaminhar para a cirurgia. Em menos de 30 dias nós fazemos a operação de retirada do tumor”, evidenciou o médico Fernando Gomes.

O Hospital Universitário é o que mais realiza esse tipo de cirurgia no Estado de Alagoas. O trabalho desenvolvido pelo professor com o grupo de pesquisa Carcinogênese, da Faculdade de Medicina da Ufal, é reconhecido internacionalmente e, todos os anos, ele recebe estudantes do programa de intercâmbio com países como Checoslováquia e Romênia. “Nós fazemos um trabalho de padrão internacional, é diferenciado, 100% dos pacientes são tratados aqui com toda a dignidade, com respeito e com aporte da pedagogia, da cirurgia, com uma interação efetiva para realizar a cirurgia com todos os exames adequados”, disse.

Cerca de 40% dos pacientes atendidos são crianças, que recebem um tratamento diferenciado, lúdico, num espaço rodeado de brinquedos e livros infantis. Para todos, o pós-operatório também é um cuidado especial no setor, que acompanha os cirurgiados, a princípio, quinzenalmente, depois a cada três meses e, em seguida, duas vezes por ano, até quando a equipe médica atesta a alta do paciente.