Vice-reitora Rachel Rocha fala sobre a universidade e o 2º Caiite

Envolvida com questões culturais e acadêmicas, a vice-reitora da Universidade Federal de Alagoas, Rachel Rocha, assumiu a gestão ao lado do reitor Eurico Lôbo, em 2011, com muitos desafios pela frente. Em entrevista, Rachel falou sobre as atividades realizadas e os projetos em andamento, além das expectativas para o Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia em 2014.

03/10/2013 10h30 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h30
Rachel Rocha fala sobre os projetos da universidade

Rachel Rocha fala sobre os projetos da universidade

Ascom - Em 2011, a perspectiva da nova gestão era o salto de qualidade na Universidade. Que avaliação pode ser feita hoje quanto a essa qualidade?

Rachel - A qualidade é um elemento que a gente está sempre perseguindo. E quando a gente colocou isso como um traço de gestão, não significa dizer que em outras gestões essa qualidade não tenha sido perseguida. Era mais um contraponto em relação ao crescimento quantitativo que a universidade teve com a sua expansão, pela interiorização e, continua sendo uma meta, mas a gente já tem evidências disso. Uma evidência clara desse salto qualitativo são as sucessivas aprovações que a Ufal tem nos editais federais, por exemplo, no que tange as questões da pós-graduação. Os nossos editais CTInfra e Pró-equipamentos têm um alto índice de aprovação, que se confirmou mais uma vez esse ano e o investimento da gestão também é algo evidente. No último edital investimos um milhão de reais. Quando a universidade também aprova cursos de pós-graduação, como aconteceu agora com o doutorado no Ceca [Centro de Ciências Agrárias], fica mais em evidência porque é a ponta da pesquisa, a ponta da inovação.

Ascom - Quais as inovações na área acadêmica?

Rachel - No que tange a graduação é um desafio todo dia, porque a Ufal vem buscando atender as inovações do próprio sistema federal, como o Sisu [Sistema de Seleção Unificada], que a gente incorporou imediatamente. Tem também o sistema de cotas, que a gente já praticava, mas, no início aparece como coisas difíceis, problemáticas e levam um certo tempo pra ir ajustando. Eu diria que a gente está na fase de ajustes, mas são inovações que forçam a universidade a pensar. Quando você incorpora um grande número de alunos cotistas, como sempre foi a nossa meta, trás uma série de desafios para dentro da Universidade. Então tem que se pensar na melhor maneira de incorporar esses estudantes para que eles não se sintam à margem. Existem iniciativas já sendo pensadas, inclusive, tomando como modelo os exemplos dos PETs [Programa de Educação Tutorial], que têm muito a nos ensinar pelo método de acompanhar os estudantes, portanto, são inovações que estão sendo pensadas, ainda não foram incorporadas, mas com certeza terão momentos de discussão para que a gente consiga implementá-las dentro da universidade.

Ascom - O que representa o Programa de Ações Interdisciplinares (Painter) para a Ufal?

Rachel - O Painter também é um grande desafio porque é um programa de formato inovador, envolvendo as pró-reitorias. Primeiro, conseguiu de fato cumprir a proposta de ser interdisciplinar; ele também abraçou professores mestres e técnicos em seus projetos; e a gente encontrou uma forma de trabalhar com o público da bolsa permanência que estava sendo aproveitado, em muitas áreas, de uma maneira pouco interessante para a formação, em atividades laborais, e agora nós trouxemos esses bolsistas para uma atividade formativa. Estamos esperando os primeiros resultados dos relatórios parciais que vão ser apresentados ainda este ano para poder visualizar os primeiros frutos, mas já a partir de depoimentos, podemos ver que esse é um modelo que pode contribuir com a prática institucional como um todo.

Ascom - Como estão os investimentos na área cultural, para os Equipamentos Culturais da Ufal?

Rachel - Temos uma série de iniciativas que estão em andamento, como por exemplo, a elaboração de um projeto para o Centro de Artes que vai favorecer a integração dos cursos de Arte para a Universidade e a liberação do espaço para o uso mais apropriado. Este projeto já está confeccionado no que tange a parte do aspecto arquitetônico, com a participação ativa dos professores dos cursos de Teatro, de Dança, de Música, de estudantes e do setor de arquitetura, e vamos passar para a fase dos projetos complementares, porque é um Centro que demanda um cuidado acústico e de iluminação muito específico, então precisaremos contar com a ajuda de equipes da Funarte [Fundação Nacional de Artes] e de outras instituições que possam nos auxiliar.

Com relação aos outros equipamentos culturais, nós temos uma renovação muito interessante no Museu Théo Brandão, com um trabalho que já vem sendo feito há cerca de dois anos pela equipe que está lá, e recuperou a capacidade de pesquisa. Quando as coisas começam a andar de uma maneira muito favorável, a gente encontra novos desafios, porque aí o Museu Théo Brandão já não cabe mais dentro dele, então estamos fazendo algumas incursões para obter o terreno ao lado, numa empreitada que está muito no início ainda, para que possamos fazer um projeto de alocar os laboratórios adequados de recuperação dos acervos documental, sonoro, fotográfico e, as ações de pesquisa que normalmente acontecem envolvendo alunos.

O Museu de História Natural estava numa estrutura muito precária, com problemas de rede elétrica, vazamento, infiltração, então está havendo uma transferência provisória dessas instalações para o antigo prédio do CCBI [Centro de Ciências Biológicas], onde serão instalados laboratórios e a pretensão é de que depois da recuperação do prédio, possa ser instalada também a sala de exposições do MHN e a Usina Ciência. O projeto só precisa agora de algumas adaptações para que a gente possa obter o recurso e seria maravilhoso porque o prédio está numa área estratégica, no Prado, em frente a uma praça onde aconteciam eventos muitos importantes em décadas passadas e a ideia da Universidade é, além de funcionar um memorial, que aquele espaço posso abrir outras possibilidades que estão sendo estudadas.

De todos os equipamentos culturais, a Pinacoteca é a que está melhor estruturada, embora esteja sempre em ajustes, inclusive recentemente passou por uma pequena reforma. Ela tem grande visibilidade e a missão de formar um público para o gosto das artes plásticas e da cultura visual, está apontada como um dos cem melhores equipamentos culturais do país e ainda vem diversificando seu espaço para ser um espaço também de formação. O que acontece hoje é que o artista que está expondo se envolve na realização de oficinas, às vezes, bem pontuais com crianças e adolescentes. A pinacoteca tem firmado convênios com instituições para promover cursos voltados para o universo da arte, então está variando o cardápio de propostas e saindo da exclusividade de ser só um espaço de exposição. Isso é uma coisa muito boa porque é uma equipe bem reduzida, mas muito comprometida, que vem possibilitando esses saltos em torno das artes plásticas de Alagoas.

Ainda no que tange ao Espaço Cultural, nós temos duas importantes iniciativas que são o Corufal, que este ano está fazendo 40 anos, uma data muito marcante; e a Orquestra, que vem recebendo grandes investimentos da gestão para aquisição de instrumentos, alguns que passou muito tempo sem ter e outros que ela nunca teve, isso está possibilitando que a Orquestra realize uma programação com mais regularidades – as Quintas Sinfônicas são um exemplo disso – e junto com o coral, está sendo requisitada por várias instituições de Alagoas voltadas para a cultura. Os 40 anos do Corufal é uma história muito importante de ser contada, inclusive, inauguramos um espaço para lembrar o nome das pessoas como, por exemplo, o maestro Benedito Fonseca, que foi um dos fundadores do coral, então é uma história boa de você ver, porque o coral só cresce e a orquestra também, mostrando que são duas instâncias bastante consolidadas dentro do Espaço Cultural.

Ascom – Como foi a experiência do 1º Alagoas Caiite (Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia) e o que esperar da próxima edição?

Rachel - Foi uma experiência maravilhosa, porque nunca tinha acontecido no Estado, por nenhuma das instituições, uma iniciativa desse porte, que tem como foco principal reunir os esforços do ensino superior para apresentar um produto diferenciado, gratuito, aberto para a comunidade. Já tivemos reuniões iniciais para realização da edição 2014 do Caiite, todos os parceiros da primeira edição confirmaram e ainda com a perspectiva de ter novos parceiros já interessados, então, o evento será, com certeza, um grande sucesso. Já temos a data: será de 18 a 23 de agosto de 2014, novamente no Centro de Convenções, porque não temos um espaço melhor nem maior do que aquele para abrigar um evento deste porte. Será ainda melhor, porque se ele já teve uma grande visibilidade, a segunda edição, sem os percalços das greves que atropelaram Ufal, Ifal e Uneal, a gente vai ter um evento mais brilhante e a ideia é se valer da grandiosidade da Bienal para lançar o 2º Caiite.