Estudante de Física analisa dificuldades de alunos do ensino médio com a disciplina

Entre as várias questões, Paulo analisou a evasão dos alunos no período do corte de cana-de-açúcar

10/09/2013 21h30 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h30
Paulo Santos na escola estadual em Teotônio Vilela

Paulo Santos na escola estadual em Teotônio Vilela

Lenilda Luna - jornalista

Paulo de Oliveira Santos é aluno de Física licenciatura da Universidade Federal de Alagoas. Ele se prepara para reduzir a carência de profissionais que é grande nesta disciplina. Várias escolas do Estado contam apenas com monitores para ensinar Física aos estudantes. O futuro professor já começou a carreira se interessando em entender porque os alunos têm dificuldades em aprender Física. Para isso, ele elaborou um artigo onde expõe o resultado de uma avaliação utilizando mapas conceituais, aplicados na escola estadual José Aprígio Brandão Vilela, em Teotônio Vilela, Alagoas. O trabalho foi realizado durante o estágio supervisionado. Paulo detectou o desinteresse dos alunos em ler o livro didático de física. "Dessa forma, pensando em uma visão sistêmica e mais favorável no ensino da física, trago neste artigo, uma aprendizagem significativa através de mapas conceituais", explicitou o aluno na introdução do artigo.

Paulo deveria estagiar supervisionado por um professor de Física da escola, mas, assim como em várias outras unidades, lá não havia esse profissional. Então ele acabou sendo estagiário e titular da disciplina."Com isso, usei da experiência que tenho como estudante do 7º período do curso de Física, licenciatura modalidade Ead/UFAL e professor de Física e não tive dificuldade em demonstrar atitude profissional no desempenho durante as aulas, nem demonstrei insegurança mediante os tópicos apresentados", narrou o estudante universitário. Ele também observou como as condições sócio-econômicas dos alunos interferem no aprendizado, já que a maior parte deles trabalha na usina de açucar, o que leva à evasão no período da safra."Pude verificar que dos 53 alunos com matrícula de entrada, apenas 20 tinham frequência assídua e o outro grupo de 33 eram desistentes ou frequentavam as aulas de forma esporádica", registrou o estudante.

Uma das preocupações do estudante foi tornar as aulas de Física acessíveis e significativas para os alunos. Tratando-se de uma disciplina que parece muito complexa à maioria dos estudantes do ensino médio, não é uma tarefa fácil envolvê-los, de forma que possam relacionar os conceitos de Física às questões do cotidiano. O professor também se preocupou em preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio, que hoje é a única forma de ingresso nas universidades federais. "Mas como preparar o aluno para o ENEM se os livros didáticos, a metodologia, o professor, enfim, o projeto político pedagógico não funcionam como realmente deveriam funcionar? Quando há projeto, não é executado. Pois, então, quem de fato não está preparado, o professor? O aluno? A escola? O governo?", questionou Paulo.

Paulo adotou os mapas conceituais, que são ferramentas de avaliação mais completas, para perceber a capacidade de aprendizagem do aluno, estimulando uma construção coletiva do conhecimento, porque os alunos são chamados a participar da elaboração de conceitos a partir da realidade deles, ao invés de apenas decorar enunciados da disciplina. "Dessa forma, a inserção de mapas conceituais como instrumento de avaliação na Escola Estadual de Educação Básica e Profissional José Aprígio Brandão Vilela foi muito importante e se fez necessário ser colocado pelo professor de Física já que o tempo em sala de aula não é suficiente. Com o uso de mapas conceituais o processo avaliativo da aprendizagem dos alunos se tonou mais significativo", disse o professor.

Para além da inserção de uma forma mais participativa de avaliação, o que se destaca no artigo resultante do estágio supervisionado é a preocupação de Paulo de Oliveira Santos de melhorar a qualidade do ensino oferecido aos alunos de baixa renda, numa cidade alagoana onde a economia se baseia na produção de matéria-prima para a indústria sucro-alcooleira, e onde os alunos dividem o tempo entre o trabalho e a necessidade de se escolarizar. "O ensino de Física, para docentes das séries iniciais do Ensino Fundamental, precisa urgentemente ser repensado e tratado com maior seriedade. Para tanto, devemos buscar uma Física mais contextualizada e conceitual no ensino destes docentes, e a utilização de mapas conceituais pode ser muito útil neste sentido”, concluiu o estudante de Física licenciatura.

Leia o artigo completo em anexo.