Atividades marcam 40 anos de morte do alagoano Manoel Lisboa

Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores e Comissão Estadual da Verdade participam da programação

05/09/2013 17h25 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h30

Diana Monteiro - jornalista 

Um ato público no Calçadão do Comércio de Maceió, nesta sexta-feira, 6, a partir das 16h, marcará o início das atividades pelos 40 anos de morte do alagoano  Manoel Lisboa. Na época do regime militar, era estudante do curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas e militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR).

Manoel Lisboa teve matrícula cassada por ser considerado subversivo, por isso deixou Maceió e foi morar no Recife, onde foi preso. Foi transferido para São Paulo, em agosto de 1973, e assassinado em 4 de setembro do mesmo ano, em São Paulo, durante sessões de tortura. Seu corpo foi enterrado numa vala comum.

De acordo com Indira Xavier, integrante da diretoria do Centro Cultural Manoel Lisboa, a semana está sendo marcada por atividades referentes aos 40 anos de morte de Manoel, com entrevistas, publicações em sites e jornais locais.

“As atividades também se estenderão à Câmara de Vereadores de Maceió, conduzida pela vereadora Heloísa Helena (PSol). Na Assembleia Legislativa está marcada para o próximo dia 20, sob a responsabilidade do deputado Judson Cabral (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos daquela casa legislativa”, informou  Irina, aluna do curso de Química da Ufal.

Mesmo com quatro décadas de sua morte, a ossada do alagoano só foi localizada há 13 anos e apenas há 10 anos trazida para Maceió, onde foi sepultado no Cemitério Parque das Flores. Em ato simbólico, a Ufal  concedeu a reintegração póstuma  a Manoel Lisboa, como aluno do curso de Medicina. “Vamos também propor na próxima reunião do Consuni (Conselho Universitário) para que seja aprovada uma nota rememorando o assassinato de Manoel Lisboa”, adiantou Irina.

Na Praça da Paz, instalada no Campus A. C. Simões, o alagoano foi um dos homenageados, junto com as demais vítimas da ditadura militar do Estado, em ato promovido pelo Programa Ufal em Defesa da Vida, coordenado pela professora e socióloga Ruth Vasconcelos.

Justiça

Irina considera que, mesmo com os avanços relacionados à época da ditadura militar, é necessário que haja o esclarecimento dos crimes cometidos. “É importante que o crime de Manoel Lisboa seja esclarecido e os culpados punidos. Daí a extrema importância da Comissão Estadual da Verdade Jaime Miranda. Em outros países da América Latina, a exemplo da Argentina, do Chile e do Paraguai, o procedimento jurídico tem se configurado com a punição aos culpados”, enfatizou.

O Centro Cultural Manoel Lisboa existe há 10 anos e está instalado na Rua Pedro Teixeira (por trás do Teatro Deodoro), Centro de Maceió, e é dotado de biblioteca e também do acervo sobre a vida de militância de Manoel Lisboa.