Ufal implantará curso de Medicina no Campus Arapiraca

A previsão é que a primeira turma comece em 2015; serão investidos cerca de R$ 27 milhões em infraestrutura


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Reunião do Conselho do Campus Arapiraca

Reunião do Conselho do Campus Arapiraca

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

Em breve, Alagoas ganhará mais um curso de Medicina. Na última terça-feira (21), o Conselho do Campus Arapiraca aprovou, por unanimidade, a implantação do novo curso na Universidade Federal de Alagoas, que funcionará no Agreste do Estado. A deliberação prevê início das aulas para o primeiro semestre de 2015. Será mais uma oportunidade de formação da graduação à residência médica, que colocará no mercado de trabalho profissionais para atender à demanda da comunidade local.

A implantação das 60 novas vagas de Medicina em Arapiraca é resultado do empenho do governo federal em criar novas escolas médicas no Brasil e da gestão superior da Ufal, que aceitou a proposta do MEC e, a partir de agora, colocará em prática um sonho antigo e item presente em seu plano de desenvolvimento institucional. “O sonho de implantar o curso de Medicina na Região Agreste não é só da Ufal; é também o desejo da comunidade acadêmica e da sociedade alagoana. Com isso, estamos no caminho certo para tornar o Campus Arapiraca um novo centro de referência para o ensino da Medicina”, ressaltou o reitor Eurico Lobo.

Para o pró-reitor de Graduação, Amauri Barros, além do trabalho conduzido pelo reitor, a nova conquista foi conseguida com o empenho da diretoria e do corpo docente do Campus Arapiraca e teve o apoio da Prefeitura de Arapiraca e da comunidade do Agreste.  “A elaboração do projeto para criação do curso de Medicina teve início em outubro de 2012, quando o reitor Eurico Lôbo baixou uma Portaria designando uma comissão de 20 representantes para trabalhar a proposta pedagógica, o projeto arquitetônico e a seleção do quadro de técnicos e docentes. No último dia 21 foi vencida a primeira etapa”, destacou. Essa comissão é composta por representantes da gestão central, da Faculdade de Medicina (Famed) e do Campus Arapiraca.

Coordenado pela professora do curso de Enfermagem, Juliana Marques, o projeto foi apresentado, em conjunto com a diretora acadêmica do Campus Arapiraca, Eliane Cavalcanti, para o conselho daquela unidade e todos aprovaram a execução da proposta.

Cursos inovadores

A proposta de criação de novas vagas de Medicina foi incentivada pelas desigualdades na distribuição e dificuldades de fixação de médicos, de escolas e de serviços de saúde no País, o que faz crescer a escassez de profissionais da área em locais remotos e vulneráveis. Para tentar resolver essa situação, serão criados cerca de 25 cursos no Brasil, a maioria deles em cidades do interior, como Arapiraca-AL, Lagarto-SE, Paulo Afonso-BA e Caruaru-PE.

De acordo com Amauri Barros, os novos cursos são inovadores e surgem com conceito diferenciado. “Agora serão aplicadas metodologias ativas, com modelo PBL [do inglês Problem-Based Learning, ou Aprendizado Baseado em Problemas]. É um modelo de currículo bem diferente do tradicional. No modelo tradicional, o professor é visto como detentor absoluto do saber, mas com a reformulação (no modelo PBL) o aluno é protagonista do seu conhecimento e está no campo da prática desde o primeiro momento. Assim, os discentes estarão na busca constante pela construção do conhecimento”, explicou.

O pró-reitor destaca que a assistência médica à população em situação de vulnerabilidade está entre os objetivos do Ministério da Educação, do Ministério da Saúde e da própria universidade. “O curso contemplará graduação e residência médica. A ideia é que tenhamos médicos que atuem, diretamente, na comunidade e que estejam voltados para ações de atenção primária, além de Medicina preventiva e respeito à realidade da comunidade local. Nosso intuito é a construção de um curso consistente e a formação de profissionais que atendam à comunidade, por meio da rede pública de saúde, das UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], dos hospitais conveniados e demais órgãos”, salientou.

Amauri lembra que, em março deste ano, representantes da direção do Campus Arapiraca e da Pró-reitoria de Graduação (Prograd) participaram de capacitação sobre o Processo de Expansão do Ensino Médico nas Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes), em Brasília. “Tudo isso foi importante para construirmos um novo momento na Ufal. Teremos não só a graduação, mas já estamos pensando no projeto de residência médica do novo curso, que irá vislumbrar áreas como Clínica Médica; Cirurgia Geral; Pediatria; Obstetrícia e Ginecologia e Medicina Comunitária, que são as principais necessidades do interior de Alagoas. Esse é um dos requisitos do planejamento estratégico do projeto pedagógico, que também engloba aperfeiçoamento de atividades”, justificou.

Números e impactos

O início das aulas está previsto para o primeiro semestre de 2015. Serão ofertadas 60 vagas para alunos da graduação, com possibilidade de ampliação. A proposta é de que o quadro de funcionários seja composto por 60 docentes e 30 técnicos. Ao todo, serão destinados cerca de R$ 27 milhões em recursos para infraestrutura do novo curso, que já tem projeto arquitetônico finalizado e projetos complementares em processo de licitação.

Para Amauri Barros, o ensino de Medicina no interior alagoano é um grande passo para o Estado. “O curso trará inúmeras vantagens, como consolidação da área da saúde; sinalização de novos cursos, como Odontologia, Fisioterapia e Nutrição; atendimento a um grande anseio de Arapiraca; e melhorias nos serviços de saúde”, ressaltou.