Pesquisadores apresentam trabalhos em congresso nacional de Comunicação e Política

O evento realizado na Universidade Federal do Paraná reuniu pesquisadores em Comunicação de várias universidades brasileiras


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Bruno, de vermelho, e Ronaldo (centro) apresentando a pesquisa no Compolítica

Bruno, de vermelho, e Ronaldo (centro) apresentando a pesquisa no Compolítica

Lenilda Luna - jornalista 

O V Congresso da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Política (Compolítica) aconteceu de 8 a 10 de maio, no campus da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. O encontro reuniu vários pesquisadores que têm trabalhos reconhecidos em comunicação e política. Durante o evento, também foi lançado o Diretório Permanente de Teses e Dissertações em Comunicação e Política, uma publicação inédita que pode ser referência para a produção de novas pesquisas nessa área interdisciplinar, estimulando mais professores e estudantes a produzirem trabalhos científicos com essa temática. 

A Universidade Federal de Alagoas esteve representada no Compolítica por três pesquisadores: Sivaldo Pereira, PhD em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia, com estágio doutoral na University of Washington (EUA), e professor adjunto do Departamento de Comunicação da Ufal; Ronaldo Ferreira de Araújo, Mestre em Ciência da Informação pela  Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutorando e vice-coordenador do Curso de Biblioteconomia da Ufal; e Bruno Cavalcante, estudante do 7º período de Comunicação Social, bacharelado em Jornalismo. 

O professor Sivaldo Pereira apresentou a pesquisa  “Participação, transparência, autonomia e independência no campo da mídia pública no Brasil” no grupo de trabalho sobre Políticas de comunicação. Coordenado pelo professor Othon Jambeiro, da UFBA, esse grupo teve o objetivo de debater conceitos sobre políticas de comunicação, estratégias de comunicação e a utilização de tecnologias avançadas nas relações entre governos, grupos sociais e econômicos. O trabalho de Sivaldo, que é sócio fundador do Compolítica, traçou um diagnóstico sobre o campo da mídia pública no Brasil e questionou o baixo nível de transparência e participação nesses meios.

 

Bruno Cavalcante e o professor Ronaldo Araújo apresentaram o trabalho intitulado "O twitter como ferramenta de mediação cívica: interatividade e conversação nas eleições municipais de Maceió", que é fruto de uma pesquisa realizada em 2012, dentro das atividades realizadas pelo Grupo de Pesquisa em Política e Tecnologias da Informação e Comunicação (GPoliTICs), e que também contou com a orientação do professor Sivaldo Pereira. Nesse trabalho, os pesquisadores avaliaram como os candidatos à prefeitura de Maceió interagiram com os eleitores pelo Twitter, durante a campanha de 2012.  

A pesquisa sobre o uso do twitter durante as eleições de Maceió foi apresentada no grupo de trabalho Internet e Política, que foi coordenado pelo professor Wilson Gomes, da UFBA. Nesse grupo foram discutidos os "fenômenos políticos das mais diversas naturezas que se apresentam na Internet e a partir dela" e apresentadas "experiências de utilização da internet como espaço de participação e reivindicação política de grupos sociais ou cidadãos". Pesquisadores de São Paulo e Fortaleza também relataram experiências relacionadas ao uso das redes sociais nas campanhas de suas cidades. 

Segundo o professor Sivaldo Pereira, a pesquisa em Comunicação no Brasil está se intensificando. "A pesquisa em Comunicação no Brasil já está bastante amadurecida e pesquisadores brasileiros já publicam em revistas científicas internacionais e circulam em redes de pesquisadores estrangeiros. A criação de novas associações de pesquisadores que tratam de temas específicos da Comunicação como a Compolítica, a SBPJor, a ABCiber ou a criação de novos GTs de Comunicação em congressos como a ANPOCs são sintomas dessa evolução", destaca Sivaldo. 

Estudantes de Comunicação e os estímulo para produzir pesquisa científica 

Já foi o tempo em que estudantes de jornalismo e relações públicas ansiavam apenas por uma boa colocação no mercado de trabalho e se voltavam prioritariamente para os aspectos práticos da profissão, como as habilidades necessárias para atuar em redações de jornais ou no departamento de recursos humanos das empresas. A carreira acadêmica também se apresenta cada vez mais atraente para os graduandos que se "apaixonam" pela produção científica. E ainda há os que tentam equilibrar os dois caminhos. "Cada estudante, acredito eu, deve buscar seu foco. Alguns entendem que devem mirar o mercado e se dedicam mais a questões técnicas, outros investem na caminhada acadêmica e outros, me incluo aqui, entendem que a base teórica, analítica e a pesquisa científica não se dissociam, são complementares e se influenciam mutuamente", pondera o estudante Bruno Cavalcante. 

Exemplo desse interesse crescente pela Ciência da Comunicação foi a campanha realizada recentemente pelos estudantes de Comunicação Social para aumentar a quantidade de trabalhos inscritos no Intercom Nordeste, que será realizado de 12 a 14 de junho, em Mossoró, Rio Grande do Norte. O evento, organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, vai reunir os trabalhos das universidades nordestinas e selecionar as pesquisas que serão apresentadas no encontro nacional. Esses encontros de pesquisa, em nível local, nacional e regional, são também um grande estímulo para que os estudantes avancem na produção teórica. 

Bruno Cavalcante é um desses estudantes que busca participar do maior número possível de eventos científicos. Ele teve um trabalho certificado como Excelência Acadêmica durante o I Caiite - Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia, realizado no final de maio, no Centro de Convenções de Maceió. No Congresso de Curitiba, ele também teve um a participação ativa como co-autor de trabalho científico.  "Essas participações são importantes para abrir-se à comunidade acadêmica, estabelecer contatos entre o que você e outros acadêmicos pesquisam. Eventos como esse possibilitam trocas de conhecimentos e aprendizagem. E o mais importante, enquanto aluno de Jornalismo, foi ter ratificado que a teoria e pesquisa alicerçam a atividade do jornalista, não apenas na interface da Política  mas em todas as possibilidades de atuação profissional, destaca o estudante. 

O professor Sivaldo Pereira, que foi aluno de jornalismo da Ufal, também considera que os estudantes de Comunicação Social estão mais dedicados à pesquisa. "Acredito que o COS está entrando em uma nova fase de sua história. Estamos reformulando a grade curricular, novos grupos de pesquisa ou de extensão estão sendo criados e creio que há um clima de renovação e tendência à produção acadêmica qualificada", comemora o pesquisador.