Bosque da Ufal representa conforto para famílias de vítimas da violência

Para homenagear filho assassinado há um ano, mãe de Tiago Tierra visita o Bosque Ufal em Defesa da Vida


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Família faz homenagem a Thiago Tierra, assassinado há um ano

Família faz homenagem a Thiago Tierra, assassinado há um ano

Manuella Soares - jornalista

Entre orações e reflexões, uma mãe relembra o dia triste quando, há um ano, perdeu o filho mais novo, assassinado em praça pública, aos 16 anos. O local escolhido para registrar um ano de sofrimento foi o Bosque em Defesa da Vida, construído na Ufal. “Aqui eu sinto uma enorme paz”, confidenciou Maria José, a Zezé, que mesmo sem esconder a dor, fez questão de visitar o lugar, no último fim de semana, onde uma árvore foi plantada para representar simbolicamente seu filho Tiago Tierra.

O Bosque foi instalado durante o 11º Ato Ufal em Defesa da Vida, em junho de 2012, numa iniciativa da Pró-Reitoria Estudantil. “A Universidade tem um papel fundamental no processo de sensibilização e humanização dos dados em torno dos homicídios em Alagoas, particularmente quando sabemos que os sentimentos de amor, compaixão e solidariedade são construções sociais que precisam ser estimuladas para que possam efetivamente existir”, comentou a coordenadora do programa Ufal em Defesa da Vida, Ruth Vasconcelos.

Dezenas de árvores foram plantadas no Campus A.C Simões. Cada uma delas simboliza a história de pessoas queridas e amadas que deixaram muitas saudades entre amigos e familiares. Passou a ser um espaço de encontro e partilha onde os familiares, como Zezé, relembram histórias e homenageiam pessoas que perderam a vida de forma violenta. “Eu acho melhor ir para a Ufal do que para o cemitério. Porque o cemitério lembra morte, e o Bosque representa a vida! As árvores estão resistindo, crescendo, assim como nossa saudade e a nossa esperança de justiça”, desabafou Zezé.

Quem presenciou a homenagem, se solidarizou com o que viu. “Foi um momento forte, onde ouvimos a dor da saudade que não cessa no coração da mãe, dos amigos e familiares, mas também pudemos experimentar uma sensação de engrandecimento da nossa humanidade, na medida em que tivemos o privilégio de experimentar a força e o efeito do laço afetivo que nos uniu quando estávamos em torno daquela árvore que representa simbolicamente a vida de Tiago Tierra. Estávamos celebrando a vida de Tiago e, não, a sua morte! ”, contou Ruth Vasconcelos.

12º Ato

A Proest, com apoio de toda a gestão da Ufal, já se prepara para o 12º Ato do programa Ufal em Defesa da Vida, que será realizado ainda no primeiro semestre deste ano. De acordo com Ruth Vasconcelos, é possível adiantar que o tema escolhido é “A dor da Impunidade: o que os números não revelam”, pensando em tantas pessoas que foram vítimas da violência e não tiveram os crimes esclarecidos, julgados ou condenados.

“A Ufal conseguiu fazer um laço com a sociedade alagoana que jamais será desfeito. Unimos ciência com afeto, sensibilidade e solidariedade. Esse é um caminho que pode gerar muitos frutos no meio social e acadêmico”, ressalta Ruth.