Livro levanta problemas sobre desenvolvimento sustentável

Lançada pela Edufal, pesquisa aponta as nuances da relação homem-ambiente

28/12/2012 11h42 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h36

Bruno Cavalcante – estudante de jornalismo

A relação entre homem e meio ambiente causa preocupação no mundo inteiro. A sociedade discute maneiras de amenizar danos dessa união, a exemplo do Rio +20, ocorrida em 2011, no Rio de Janeiro. Na mesma linha, o livro “Ecologia Humana: da visão acadêmica aos temas atuais”, de Ronaldo Gomes Alvim, reflete o meio biológico pelo viés social. Lançada pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), a obra propõe leitura interdisciplinar para pensar o cotidiano.

Na proposta de Gomes, a Ecologia Humana trabalha a tríade indivíduo-ambiente-coletividade sob a perspectiva de diversas áreas do conhecimento. Fundamentado em pensadores como Mackenzie, Woodgate, Dunlap, Burgess e Park, o autor indica que conhecimentos teóricos são sentidos no dia a dia. “Tudo o que fazemos é parte do resultado histórico de educação formal e informal, e não nos damos conta do quanto afetamos a nós e a diversos organismos vivos a nossa volta. Um ato tão mecânico que ainda julgamos os outros quando cometem os mesmos erros que os nossos”, completou.

PhD em Biologia Social, Ronaldo Gomes, aborda o valor da ética do indivíduo para o coletivo e discute a prática de sustentabilidade na sociedade. O livro está dividido em três eixos: o primeiro descreve a Ecologia Humana, surgimento, função e os pesquisadores fundadores; o segundo examina a Biologia por meio de conceitos sobre crescimento populacional e disponibilidade de recursos e espaço; e o último problematiza a impossibilidade de desenvolvimento sustentável.

Assunto pouco explorado

O interesse em trabalhar o tema surgiu quando Ronaldo estava concluindo o mestrado em Educação Ambiental, foi convidado para ministrar aulas no curso de pós-graduação da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Atualmente, professor visitante na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o pesquisador se dedica ao assunto desde 2005, quando ensinava na Universidad Metropolitana de San Juan, em Porto Rico.

Das primeiras pesquisas à efetivação do livro, o pesquisador fez algumas interrupções na escrita por considerar que faltava literatura suficiente para se embasar. As referências de trabalhos estrangeiros contribuíram na finalização da obra. “Ele não é fruto de pesquisas, e sim de observações que fiz ao longo de andanças pelos países onde trabalhei e estudei. A motivação de fazê-lo foi fornecer uma leitura ainda pouco explorada no Brasil. Temos apenas três autores que publicaram sobre o assunto”, lembrou.

Desenvolvimento sustentável possível?

Para Gomes o homem interage com o ambiente como qualquer organismo vivo. A evolução histórica demonstra que o homem extrapola usos de fontes naturais. “Por que desmatamos tanto? Por que pescamos mais que a capacidade de reprodução dos peixes? Vejo que não será o homem que vai controlar seu consumo, e sim o meio natural, repito, como qualquer ser vivo”, refletiu.

Segundo Gomes, conscientização não traz mudanças ao desenvolvimento sustentável,. “O homem fuma, embora saiba que o cigarro faz mal para saúde. A questão é outra. Precisa-se de vontade e postura para mudar”, disparou. O professor ainda prevê que só alcançaremos o desenvolvimento sustentável quando os americanos gastarem menos e derem oportunidade para que outros consumam também. “Sabe quando isto vai acontecer? (risos)”.