Maceió sedia simpósio nacional para discutir conservação de aves da Mata Atlântica

Mais de 50 por cento das espécies de todas as aves da Mata Atlântica estão na Mata da Bananeira, em Murici, Alagoas


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Pássaro Patinho Gigante, encontrada na Mata da Bandeira, em Murici-AL | nothing
Pássaro Patinho Gigante, encontrada na Mata da Bandeira, em Murici-AL

Diana Monteiro – jornalista

Cerca de mil e oitocentas espécies de aves são encontradas no Brasil, o que faz do país o segundo lugar do mundo em diversidade de aves. Mas é na Mata da Bananeira, no município alagoano de Murici, a 44 quilômetros de Maceió, onde se registra a maior quantidade de espécies de aves em extinção das Américas.

O rico patrimônio natural de Murici, além de espécies exclusivas,  possui mais de 50 por cento de todas as aves que ocorrem no Bioma da Mata Atlântica Brasileira, o que corresponde a 417 espécies. Entre as aves endêmicas e ameaçadas de extinção identificadas na Mata da Bananeira estão choquinho de Alagoas e limpa-folha do Nordeste e, uma delas, a espécie rara conhecida como patinho gigante, inédita no Nordeste do Brasil, registrada até então apenas no Sul e Sudeste do país.

Para discutir a situação atual e as perspectivas futuras sobre a conservação de aves no Brasil, a cidade de Maceió sedia de 18 a 23 deste mês, XIX Congresso Brasileiro de Ornitologia, com participação de 500 pesquisadores nacionais e estrangeiros, alunos e observadores de aves. O evento tem a coordenação do professor Márcio Efe do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS), da Universidade Federal de Alagoas. Constam da programação palestras, simpósios, minicursos e excursões programadas para conhecer as aves endêmicas e ameaçadas do Estado de Alagoas.

O XIX Congresso Brasileiro de Ornitologia continua com inscrições abertas e tem a parceria da Sociedade Brasileira de Ornitologia e apoio do CNPq, Secretaria de Turismo de Alagoas, Maceió Convention & Visitors Bureau, SEBRAE e empresas alagoanas. “O evento, inédito em Alagoas, traz para o Nordeste a oportunidade de discutir ema de suma importância para a região, pois o Nordeste do Brasil é o setor mais ameaçado da Mata Atlântica e abriga uma região de extrema importância para a conservação da biodiversidade”, destaca o biólogo e ornitólogo Márcio Efe, responsável  pelo Laboratório de Bioecologia e Conservação de Aves Neo - Tropicais, da Universidade Federal de Alagoas, e pesquisador de referência nessa área..

Feira Nacional

Murici está localizado no chamado Centro Pernambucano de Endemismo, ao norte do Rio São Francisco, e a riqueza natural da região faz de Alagoas um local bastante procurado também pelos observadores de aves que têm somente no estado a oportunidade de visualizar espécies raras e ameaçadas de extinção. Esta característica permite o desenvolvimento de inúmeras atividades de turismo ambiental, e uma delas é a Observação de Aves.

O professor Márcio Efe informa que no mesmo período e local do congresso acontecerá a 1ª. Feira Nacional de Observadores de Aves (Fenoa). O evento que reunirá expositores do país e oportunizará aos participantes e ao público em geral informações, produtos e serviços específicos para a atividade de observação de aves. “A Feira, que é inédita e tem entrada franca para ao público, pretende atender a um novo público que também tem a conservação das aves como interesse”, destaca Márcio Efe.

Ele acrescenta que os observadores de aves – birders ou birdwatchers – tornaram-se o maior grupo de observadores da vida silvestre do planeta e é o grupo que mais cresce setorialmente no mundo. “A Observação de Aves é uma atividade turística e de lazer e que faz bem a saúde. Seus praticantes são geralmente pessoas da melhor idade que caminham vagarosamente na mata em busca de aves belas e raras, carregando um binóculo e uma caderneta e contemplando as belas cores e cantos das aves que encontram”, enfatizou o coordenador Márcio Efe.  Para mais informações sobre o congresso, acesse aqui