Libras e língua indígena foram temas do 6º Elfe

A Faculdade de Letras de Alagoas abriu espaço para uma discussão nacional sobre a língua falada e escrita no mundo


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Estudantes e pesquisadores debatem sobre a língua falada e escrita

Manuella Soares - jornalista

Pankararu, Yaathe e Ofayé. Línguas indígenas que se misturam à proposta do VI Elfe – Encontro Nacional de Língua Falada e Escrita, promovido pela Faculdade de Letras da Ufal até esta quarta-feira (14), no Hotel Maceió Atlantic. Temas como Linguagens Indígenas, Libras e Discurso Político foram incluídos, pela primeira vez, no debate do evento que reúne estudantes e pesquisadores de Norte a Sul do País.

Pessoas como Fábia Pereira, índia da aldeia Fulni-ô, em Pernambuco, que estuda na tese de doutorado pela Ufal a língua do próprio povo. “Faço a ponte entre a teoria e a prática com os professores das escolas da aldeia para analisar a definição das palavras, de forma mais funcional, porque a língua as crianças aprendem naturalmente em casa, com os pais, com os mais velhos”, descreveu a doutoranda.

O assunto chama atenção dos participantes do Elfe e abre espaço para a demonstração do que está sendo pesquisado com o intuído de compreender ou resgatar alguns aspectos das mais diferentes formas de comunicação entre as pessoas. Procurando materializar uma língua que está quase extinta no mundo, a índia Maria Pankararu defendeu uma tese de doutorado pela Ufal onde destaca a língua Ofayé, que resiste entre dez falantes no Mato Grosso do Sul.

“É muito difícil manter uma linguagem onde a televisão já entrou, onde as pessoas trabalham fora e as crianças frequentam outras escolas. Uma língua só resiste se seus falantes assim desejarem. Isso me entristece por eles entrarem num processo de perda da identidade cultural”, comentou Pankararu.

A organização do evento preparou uma programação que envolve sete minicursos, 14 simpósios e oito mesas redondas, além de cerca de 430 trabalhos apresentados aos interessados em assuntos que podem ser novidades no Encontro ou discussões que nunca param no tempo, como o ensino da Língua Portuguesa, os gêneros midiáticos e as línguas estrangeiras.

O professor da UFPE Alberto Poza, convidado para debater sobre o último tema, faz uma análise crítica a respeito dos reflexos negativos quando não há conhecimento de outros idiomas. “O ensino público das escolas tem apenas 50 minutos por semana para as disciplinas de Inglês ou Espanhol. Qual é a importância que está se dando? Até mesmo no Enem, são poucas questões e redigidas em português. O Brasil gera recursos, tem ideias, mas não se tem a possibilidade de competir sem o domínio das línguas estrangeiras”, ressaltou.

A diretora da Fale, Eliane Barbosa comentou sobre o sucesso do evento que superou as expectativas de inscritos e de trabalhos apresentados. De acordo com a professora, a 6ª edição do Elfe é uma oportunidade de trocar conhecimentos. “Em todos os debates nós damos olhares diferentes voltados para as linguagens e às pesquisas”, disse.

A programação do último dia vai abordar, entre outros temas, Língua e a Tecnologia; Políticas linguísticas; Textos escritos por crianças; e Rasuras orais em alunos recém alfabetizados. Confira a programação completa no site do Elfe.