Ufal quer trabalhar no enfrentamento à violência com cotistas

Em reunião com lideranças sociais do movimento negro e pesquisadores foi em torno do aproveitamento das cotas raciais para ações afirmativas

05/10/2012 11h30 - Atualizado em 14/08/2014 às 10h36
Reunião discute inserção da Universidade no Plano Juventude Viva

Reunião discute inserção da Universidade no Plano Juventude Viva

Manuella Soares - jornalista

A Universidade Federal de Alagoas já abraçou a causa defendida pelo Plano Juventude Viva, lançado na semana passada em Alagoas como parte complementar do Programa Brasil Mais Seguro, em andamento na cidade de Maceió. O momento agora é de sentar e discutir onde a Universidade pode se inserir nesse contexto de preservação da vida dos jovens negros, os que mais morrem vítimas da violência no país.

A vice-reitora Rachel Rocha se reuniu na sexta-feira, 28 de setembro, com representantes de movimentos sociais e grupos de pesquisadores que trabalham em ações afirmativas de combate à violência. “Nós temos todo o interesse em tudo que tange essa temática e em colaborar para reduzir esse quadro. Queremos expandir o grupo, chamar a sociedade para a reflexão e desconstruir a cultura da violência”, comentou a vice-reitora.

Dos oito ministérios incluídos no Plano, o da Educação abre espaço para a Universidade unir experiências já consolidadas, como por exemplo, o projeto “Ufal em defesa da vida”, do Nevial (Núcleo de Estudos sobre a Violência em Alagoas), grupo do Instituto de Ciências Sociais (ICS); e as ações do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab), além de muitos outros projetos acadêmicos, desenvolvidos por docentes e discentes de diferentes áreas, que podem nortear atividades para inserir no Plano Juventude Viva.

“É aqui em Alagoas que poderemos testar se o Plano funciona. Nós precisamos da competência da Universidade para acompanhar as ações”, destacou Mônica Oliveira Gomes, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). Entre as ideias iniciais, existe a preocupação com o bom aproveitamento do crescente número de cotas raciais que vai saltar de 14 mil para 50 mil em 2013, em todo o Brasil. Na Ufal, vai significar um aumento de 20% para 25% das vagas oferecidas na graduação, já no próximo ano.

As discussões, a princípio, giram em torno de vincular os projetos de extensão em andamento com projetos específicos sobre o enfrentamento à violência, além de trabalhar com o apoio dos cotistas na troca de experiências positivas incentivando os jovens do ensino médio, que estão fora dos campi, a escolher a educação como prioridade na vida.

Juventude Viva

O plano de enfrentamento à violência é voltado para jovens negros entre 15 e 29 anos, e tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade e desconstruir a cultura de violência em torno deles e prevenir a ocorrência de homicídios. As ações estão divididas em quatro eixos: desconstrução da cultura de violência; inclusão, emancipação e garantia de direitos; transformação dos territórios de vulnerabilidade social; e aperfeiçoamento institucional para combater o racismo.

A escolha de Alagoas para iniciar o Plano se justifica porque a capital, Maceió, ocupa o segundo lugar entre as cidades com o maior número de homicídios no país. Na primeira etapa, as cidades alagoanas de Arapiraca, Marechal Deodoro e União dos Palmares também serão incluídas na experiência, já que também aparecem entre os 132 municípios mais violentos do Brasil, onde a meta do Governo Federal vai estender o Plano.

A iniciativa, que foi elaborada pelo conjunto de ministérios envolvidos (Secretaria-Geral da Presidência, Seppir, Justiça, Trabalho e Emprego, Saúde, Educação, Cultura, Esporte) integra diversas ações do governo federal, que serão pactuadas com estados e municípios, com a sociedade civil, com o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública, a fim de tornar viável a proposta de transformar os territórios mais vulneráveis, criando ali oportunidades de inclusão social e emancipação dos jovens negros.