Vice-reitora visita presídio de Arapiraca e propõe ações de inclusão social

Implantar processo de ressocialização, como em Maceió, e levar projetos de extensão para dentro da unidade priosional são algumas das ações


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Rachel Rocha visita sala de aula no presídio

Rachel Rocha visita sala de aula no presídio

Simoneide Araújo - jornalista

Paralelo à reunião do reitor com representantes do Campus Arapiraca, na quinta-feira (30), a vice-reitora Rachel Rocha visitou as instalações do Presídio Desembargador Luís de Oliveira Souza, acompanhada das professoras do Núcleo de Estudo sobre a Violência em Alagoas (Nevial), Ruth Vasconcelos e Elaine Pimentel, coordenadora do curso de Direito. O objetivo foi conhecer o atual funcionamento e reaproximar a unidade prisional da universidade, de maneira a reduzir o clima de animosidade instalado após a fuga de presos e invasão às instalações do campus.

Rachel Rocha propôs ações para promover uma convivência pacífica e distensionar o ambiente. “Vamos buscar implantar a experiência de ressocialização, bem sucedida em Maceió, no presídio de Arapiraca. Também vamos levar projetos para dentro do presídio, para propagar a cultura de inclusão social”, declarou.

A vice-reitora relatou o que havia constatado durante a visita ao presídio. “Muito do que vimos já atende a algumas exigências do termo de compromisso que será assinado na próxima semana. Houve mudança na direção da unidade prisional. O novo diretor é o capitão Anísio, que se colocou à disposição para novos projetos de humanização do ambiente carcerário, baseado no diálogo, na transparência, no respeito e no tratamento digno. Também foram desativados ambientes vulneráveis, possíveis rota de fuga, e transferidos presos considerados mais problemáticos e alguns agentes penitenciários, com dificuldade de relacionamento no ambiente de trabalho”.

Outras conquistas

O novo diretor do presídio confirmou a aquisição de rádios de comunicação, que serão usados pelos agentes, e de câmeras de vigilância e monitoramento. Também foi instalado um grupo de intervenção tática e ampliado o número de agentes penitenciários -agora são 23- que atuam com intervenções mais humanizadoras.

Aliado a isso, a proposta é ampliar o convênio entre a Ufal e o sistema penitenciário de Alagoas para aumentar as vagas de trabalho para os apenados. No Campus A.C. Simões, em Maceió existem 50 homens trabalhando há anos e sem nenhuma ocorrência negativa. “Quanto mais oportunidade de trabalho for dada aos reeducandos e quanto mais a universidade levar ações positivas para o presídio, teremos um ambiente menos tenso. Esse é o caminho”, disse Ruth Vasconcelos.

A socióloga defende a volta às atividades do Campus Arapiraca antes da transferência do reeducandos para novo presídio em Craíbas. “É importante que a comunidade acadêmica volte ao campus para que a universidade tenha um novo olhar sobre a comunidade carcerária e todos nós passemos por um processo de reeducação sobre a maneira de pensar em relação aos presos”, disse.

Ruth ressalta que a saída é a implantação do sistema de ressocialização, nos moldes do que é feito em Maceió. “Está sendo uma experiência maravilhosa. Temos acompanhado o trabalho no Centro de Ressocialização e constatamos que, em um ano de atividade, 200 pessoas passaram por lá e não houve nenhuma reincidência. Arapiraca está passando por um momento de transição do sistema custodial para um ambiente dialógico e isso requer mudança de comportamento de ambos os lados: de quem vive no presídio e quem está no seu entorno”, completou.

Mutirão

Elaine Pimentel relatou que encontrou o ambiente do presídio mais distensionado e propôs levar os projetos de extensão que desenvolve nos presídios de Maceió para Arapiraca. Ela se comprometeu a colaborar, junto com seus alunos, com o mutirão para revisar processos dos apenados. Muitos dos que estão no presídio podem ter cumprido suas penas e, com o mutirão, serão liberados.

A professora destacou que as ações iniciadas no presídio de Arapiraca, mudança de direção, reforço da equipe e transferência de presos mais problemáticos, são uma demonstração de que é possível ter uma convivência pacífica, sem ameaças, entre o presídio e a universidade.

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