Pesquisa nacional avalia educação na Reforma Agrária

Estudo levanta dados sobre o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária


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A docente Cristiane Pepe é responsável pela pesquisa em Alagoas

A docente Cristiane Pepe é responsável pela pesquisa em Alagoas

Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

No mês de agosto, pesquisadores de universidades públicas brasileiras deram início a 2ª Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pnera). Durante um ano, serão realizados em todo o Brasil levantamentos de dados das ações desenvolvidas, no período de 2008 a 2011, pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera). Em Alagoas, a docente Cristiane Pepe, do Centro de Educação (Cedu) da Universidade Federal de Alagoas, foi a selecionada para colocar em prática a pesquisa quantitativa de tudo que o programa produziu nos assentamentos do Estado.

No resultado da chamada pública do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o nome de Cristiane Pepe é o que aparece para comandar o levantamento de todos os dados referentes à atuação do Pronera em processos de escolarização formal de trabalhadores rurais assentados no território alagoano. Com o apoio de quatro auxiliares de pesquisa, a docente será responsável pela elaboração de mapeamento composto por grande variedade de informações, que vão de materiais artísticos e tecnológicos produzidos ao número de alunos e de professores envolvidos no programa.

O objetivo da pesquisa nacional é a formação do Data Pronera, banco de dados pelo qual todos os programas e projetos propostos para a educação em áreas de Reforma Agrária terão suporte. Sob essa perspectiva, novas ações para o processo de escolarização em regiões de assentamentos poderão utilizar informações contidas na pesquisa para garantir a eficácia das atividades. Além disso, a iniciativa permite aos profissionais do Pronera desdobramentos significativos, como a correção de distorções presentes na execução do programa.

Para Cristiane Pepe, a participação direta da Ufal facilitará o acesso a dados importantes para a pesquisa. “Durante os anos anteriores, a universidade coordenou o Pronera em Alagoas. Então, acredito que não teremos dificuldades em ter acesso às informações necessárias. Nós pretendemos levantar todo o material nos primeiros seis meses de pesquisa, para que possamos sistematizá-lo no tempo restante”, revelou.

Dificuldades do programa em Alagoas

Sem grandes resultados, o Pronera atuou por cerca de quatro anos no território alagoano e enfrentou diversos problemas, como descentralização de recursos, dificuldade em tramitar o material em tempo hábil e divergências entre os movimentos sociais aos quais os assentamentos estão incorporados. Segundo Cristiane Pepe, a pesquisa também busca pontuar quais foram os motivos da pequena produtividade do programa na região.

“Há um interesse, principalmente do Cedu, em reativar o Pronera em Alagoas. Para isso, é preciso entender o que deu certo e o que não foi interessante, bem como quais foram as causas das dificuldades na execução do Pronera no Estado. Enfim, precisamos de várias informações para que o programa seja reeditado e funcione, de fato, nos assentamentos alagoanos”, salientou.

Experiência

A seleção dos profissionais envolvidos na 2ª Pnera aconteceu com base em avaliação das propostas para a realização do projeto e em análise de currículo dos pesquisadores. A experiência em atividades de educação no campo permite a Cristiane Pepe importante contribuição ao ensino de jovens e adultos no Estado de Alagoas. Desde 2009, a docente coordena o projeto Escola Ativa, do governo federal, que propõe melhorias no ensino das escolas do campo por meio de estímulo ao aprendizado dos alunos e de capacitação aos professores. Em Alagoas, 97 municípios já foram beneficiados com o programa.

Com o Pronera, que engloba apenas assentamentos rurais, a experiência da pesquisadora será diferente. Cristiane Pepe ressalta que seu objetivo é desenvolver com qualidade o levantamento de dados referentes à escolarização na Reforma Agrária e contribuir com a pesquisa nacional.

“Como Alagoas é um Estado muito rural, qualquer iniciativa de educação no campo é sempre bem-vinda, pois nos faz ter a esperança de que ela pode produzir bons frutos. Espero que, com a realização da pesquisa, Alagoas consiga alavancar sua educação. Afinal, os dados que iremos coletar darão subsídios para estimular alguns processos de educação no campo”, acrescenta a docente.

O Pronera

Vinculado ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o Pronera tem o intuito de ampliar os níveis de escolarização de trabalhadores rurais assentados. O programa engloba cursos de educação básica para jovens e adultos, técnicos profissionalizantes de nível médio e até mesmo diversas modalidades de cursos superiores e de especialização.

O Pronera também desempenha papel de agente na construção de um País mais democrático, que garante o direito à educação no campo e amplia as perspectivas socioeconômicas e políticas dos trabalhadores rurais.