Laboratório de Imagens analisa efeitos da seca com a volta do El Niño

Fenômeno que traz seca para os nordestinos já dá sinais de retorno e ameaça prolongar a estação de falta de chuva e altas temperaturas


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Manuella Soares - jornalista

O El Niño está de volta! É o que apontam os modelos matemáticos do NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera) dos Estados Unidos, analisados pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas.  Os dados indicam o retorno do fenômeno climático do aquecimento da temperatura do mar acima do normal, no oceano Pacífico Equatorial.

Os sinais do El Niño são cada vez mais evidentes numa nova imagem da região central do Pacífico, com base em dados coletados entre os dias 14 e 21 de agosto, que revela um aquecimento de até 1°C acima da média da temperatura das águas da superfície do oceano. De acordo com o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis, este ano o fenômeno será de intensidade moderada e deve durar oito meses, até fevereiro de 2013.

“Para os próximos meses, a temperatura continuará subindo, porém num ritmo devagar. O ápice deve ser observado no trimestre setembro-outubro-novembro. A partir do fim de 2012 e ao longo do primeiro semestre de 2013, o fenômeno El Niño perde força gradativamente, mas ainda influencia a atmosfera até pelo menos abril de 2013”, explica.

As últimas ocorrências do fenômeno foram registradas no segundo semestre de 2009 e no início de 2010. Historicamente, o aquecimento do Pacífico traz diminuição da chuva para o Nordeste, o que se projeta para as próximas semanas e meses, mas Barbosa explica que o El Niño pode agravar ainda mais as secas (meteorológica, hídrica e agrícola) no semiárido nordestino e estimular fortes chuvas durante as estações primavera e verão no Sul do Brasil, particularmente, no Rio Grande do Sul.

“Além das temperaturas acima da média, a produção global de alimentos também pode sofrer interrupções massivas devido o aquecimento causado pelo El Niño”, comentou o professor do Lapis. Os efeitos do ano de El Niño também já são vistos na vegetação do País, onde se destacam as áreas afetadas pelas secas, como mostram as áreas em vermelho e laranja no mapa.

O termo espanhol El Niño, significa "O Menino" e foi dado por pescadores da costa do Peru e Equador, pois na época do Natal a região costuma receber uma corrente marítima de águas quentes. Por aparecer no período natalino, El Niño (O Menino) Jesus foi homenageado, pelos pescadores, com o nome do fenômeno climático.