Política cultural é tema de debate entre pesquisadores e comunidade

Espaço Cultural sedia mesa-redonda sobre organizações e desenvolvimento de investigações científicas na área da cultura


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Myllena Diniz – estudante de Jornalismo

O Observatório da Realidade Organizacional de Alagoas realiza nesta segunda-feira (9), das 18h30 às 21h30, a mesa-redonda “Diálogos sobre políticas culturais”, no Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas, localizado na Praça Sinimbú, Centro de Maceió. O evento proporciona momentos de reflexão sobre as especificidades das políticas culturais existentes em todo o Brasil e participam das discussões acadêmicos, artistas e representantes da gestão pública.

Presente em diversas instituições brasileiras, entre elas a Fundação Getúlio Vargas e as universidades federais de Pernambuco, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o Observatório constitui grupos de pesquisa cadastrados no Diretório Nacional de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) direcionados a estudos sobre a dinâmica organizacional e ao fortalecimento dos conhecimentos nessa área. Implantado na Ufal há dois anos, o projeto apresenta estudos teóricos pertinentes ao desenvolvimento local.

Encontro

O encontro previsto para a próxima semana representa o ponto de destaque do levantamento obtido pelo grupo alagoano a partir do Sistema Nacional de Cultura (SNC). Para isso, Observatório da Realidade Organizacional de Alagoas busca direcionar seus estudos para elementos que envolvem a formação dos conselhos municipais e estaduais, os pontos e os indicadores culturais, e a participação da sociedade civil no processo de difusão cultural do Estado. De acordo com o professor Gustavo Madeiro, do curso de Administração da Ufal, a proposta surgiu com estímulo do governo federal às práticas culturais, que resultou na criação do Plano Nacional de Cultura – voltado para o planejamento e para a aplicação de políticas públicas que visam à proteção e à promoção da diversidade cultural no Brasil.

“Nossa pesquisa busca entender como as políticas estaduais e municipais se reformularam a partir de 2003, com o governo Lula. Durante todo esse período o governo apresentou um conjunto de práticas inovadoras, como os pontos de cultura; os espaços para associações civis e descentralizadas difundirem cultura; e as bibliotecas para os municípios”, destacou Madeiro.

As pesquisas englobam a análise da formulação das políticas culturais específicas do município de Arapiraca, e de modo geral as de todo o Estado de Alagoas. Em Maceió, os pesquisadores detectaram forte valorização da figura do “guerreiro”, folguedo considerado o símbolo alagoano, enquanto manifestação cultural. Para Gustavo Madeiro, esse dado é preocupante, haja vista que existem outros movimentos culturais na região. “Como administradores, nos preocupamos com a estruturação organizacional das associações que fazem a cultura”, salientou.

O professor ressaltou que, apesar dos esforços e do aumento da visibilidade, Alagoas aparenta não possuir números significativos de registros na área. “As secretarias, muitas vezes, não possuem esses dados. Destacamos que boa parte dos recursos e da atenção destinados à cultura no Estado estão mais associados à Secretaria de Turismo do que à Secretaria de Cultura. Então, a Sociologia tem realizado uma catalogação importante para o aprofundamento dos estudos do grupo”, acrescentou.

Por isso, o programa de Pós-graduação em Sociologia da Ufal, representado pelo professor Élder Maia, também integra o evento. Maia será responsável pela condução da temática “O processo de constitucionalização da cultura no Brasil: o Plano Nacional de Cultura e o Sistema Nacional de Cultura”. Outra convidada, a professora Eloise Dellagnelo, do curso de Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, também contribui com o debate, por meio da discussão sobre “Planos estaduais de cultura: parceria entre Ministério da Cultura, Universidade Federal de São Carlos e Fórum Nacional de Secretários de Cultura”.

O evento é o primeiro momento em que o grupo apresenta suas atividades para o público em geral. Também é uma oportunidade para atrair as organizações culturais e toda a sociedade, para que seja pensada a construção de políticas culturais, a quem elas irão atender e por quem serão estruturadas. Segundo o professor Gustavo Madeiro, o projeto ainda não está em fase intervencionista, mas tem planejado o início de atividades de Extensão e garante que, nos próximos anos, o Observatório terá como objetivo a análise do Estado como promotor de cultura.

Na mesma semana, acontece encontro com a mesma temática no Museu Théo Brandão, na quarta-feira (11), das 18h30 às 21h30. As inscrições para os dois eventos são gratuitas e acontecem por meio do envio do nome completo do interessado e do dia desejado para o e-mail observatorioufal@gmail.com.