Alagoas registra 1.122 novos casos de tuberculose em 2011

Infectologista do Hospital Universitário alerta para necessidade de identificação dos sintomas da doença por qualquer profissional da área


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Equipe de profissionais do Hospital Dia

Equipe de profissionais do Hospital Dia

Tâmara Albuquerque - Jornalista

No dia 24 de março de 1882, Robert Koch identificou o bacilo Mycobacterium tuberculosis como o causador da tuberculose. Esse foi o primeiro passo em direção ao diagnóstico dessa doença conhecida desde a antiguidade e que continua sendo um grave problema de saúde pública. Sabe-se que um terço da população mundial está infectado com o bacilo da tuberculose. Segundo revela o infectologista Arthur Maia Paiva, coordenador do Hospital Dia – Infectologia do Hospital Universitário, em Alagoas foram registrados 1.122 casos novos no ano passado, sendo 46% deles em Maceió.

Arthur Paiva alerta para a necessidade de envolvimento de todos os profissionais da área da saúde na identificação dos sintomas em pacientes, especialmente da tosse persistente por três semanas, e da grande importância de encaminhá-los ao tratamento.

A tuberculose causa quase dois milhões de mortes por ano, sendo mais de 450 mil por tuberculose associada ao HIV, o vírus da Aids. São mais de nove milhões de doentes a cada ano (25 mil por dia), dos quais 1,37 milhão são casos novos de HIV positivos, representando 15% do total de casos estimados.

“Uma pessoa morre por tuberculose a cada 15 segundos, matando mais adultos jovens que qualquer outra doença infecciosa e é a primeira causa de óbito em pacientes com Aids. Além disso, estima-se em 500 mil o número de casos de tuberculose multirresistente”, enfatizou. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Brasil ocupa a 19ª colocação entre os 22 países que concentram 80% dos casos da doença no mundo, ocorrendo mais de 70 mil novos infectados por ano, e mais de 4,5 mil mortes anualmente no País.

“Em 2011 foram registrados 1.122 casos novos de tuberculose em Alagoas, com 46% deles ocorrendo em Maceió. O diagnóstico precoce e consequente tratamento adequado do paciente são a principal estratégia de intervenção, reduzindo o número de novos casos de infecção e adoecimento na comunidade ao interromper a cadeia de transmissão por meio da redução das fontes de infecção”.

O infectologista explica que, em sua maioria, os casos são diagnosticados e tratados na atenção básica (postos de saúde), mas pacientes com morbidades, como a infecção pelo HIV, aqueles com as formas extrapulmonares da doença, com tuberculose multirresistente, pacientes com necessidade de esquemas modificados de tratamento ou com graves efeitos adversos às medicações devem ser encaminhados para serviços de referência de maior complexidade, como o Hospital Universitário-UFAL, que dispõe do único serviço do Estado com um ambulatório especializado para co-infecção HIV/Tuberculose.

Em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, comemorado neste sábado, 24 de março, a programação elaborada pela equipe do Hospital Dia – Infectologia (HU) para marcar a data inclui a realização de campanha de conscientização sobre a doença para os usuários do Hospital Universitário, o lançamento de cartaz elaborado pela equipe, destacando a importância da identificação de sintomáticos respiratórios e, por fim, a divulgação de retomada das visitas domiciliares.

Utilizando como slogan A tosse é o cão de guarda do aparelho respiratório”, a mensagem do cartaz chamará a atenção daqueles que apresentam tosse por três semanas ou mais, pois são suspeitos de estarem com tuberculose, devendo ser encaminhados para exame. "Em hospitais gerais, todos os profissionais devem estar envolvidos na identificação desses sintomáticos pelas implicações que o indivíduo com a forma pulmonar da doença representa na disseminação do bacilo e a necessidade de colocação de máscara cirúrgica nestes pacientes tão logo sejam identificados pelos profissionais”.