Geração de Energia está garantida até 2014, diz especialista

Apesar do apagão que atingiu oito Estados do nordeste, a região não está com deficiência de geração de energia elétrica. É o que afirma o Secretário de Minas e Energia do Estado de Alagoas e professor de Centro de Tecnologia da Ufal, Geoberto Espírito Santo. Segundo o especialista, há uma diferença entre os problemas registrados atualmente e o que acontecia antes de 2001.

04/02/2011 11h47 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h09
Geoberto Espírito Santo (foto: Agência Alagoas)

Geoberto Espírito Santo (foto: Agência Alagoas)

Lenilda Luna - jornalista

“Até essa época, tínhamos uma restrição de carga por falta de geração de energia, quando os reservatórios estavam com nível crítico de água. Mas agora temos geração de sobra, o apagão acontece por algum defeito técnico na linha de transmissão.”

Segundo os primeiros levantamentos, o desligamento da madrugada desta sexta-feira, teria ocorrido em uma linha de transmissão entre as cidades de Petrolândia (PE) e Sobradinho (BA), que desarmou a subestação Luiz Gonzaga, em Pernambuco, atingindo pelos menos três usinas: Itaparica, Paulo Afonso, Xingó.

Geoberto considera que o tempo de resposta dos técnicos da Chesf foi razoável, cerca de duas horas para a maior parte das regiões atingidas. “Hoje os sistemas são interligados e têm equipamentos de proteção, por isso demora um tempo até religar tudo”, explica Geoberto.

Energia garantida até 2014

Com o crescimento justificável das restrições ambientais para a construção de reservatórios de água, o Brasil teve que investir em alternativas. O Secretário de Energia de Alagoas explica que hoje, no Nordeste, temos sistemas preparados para gerar energia mesmo que passe quatro anos sem chover.

“No nordeste, aumentamos a produção das usinas térmicas. Além disso, hoje temos sistemas interligados nacionalmente. Mesmo com uma longa estiagem que baixe o nível dos reservatórios de água, podemos receber energia do Norte e até do Sudeste. Com todas estas alternativas, não teremos problemas de geração de energia até pelo menos 2014”, diz o engenheiro.

A partir de 2014, O Brasil deve garantir novos investimentos na matriz energética e a expansão do sistema. Segundo estudos do engenheiro Geoberto Espírito Santo, em 2019 deve começar a operar a primeira usina Central Nuclear do Nordeste e existem outras centrais previstas para o Nordeste e Sudeste.

Sobre o apagão, os Estados ainda aguardam o posicionamento do Operador Nacional de Sistema (ONS). Na próxima terça-feira, 8, deve acontecer na sede do ONS, no Rio de Janeiro, uma reunião com Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Cuidados domésticos

Sempre depois de um apagão, quando a energia é religada, muitos usuários reclamam de equipamentos danificados. Geoberto recomenda sempre desligar os aparelhos eletrônicos das tomadas, não só por causa desse risco, mas também pela economia. “Os equipamentos  aparentemente desligados, mas que na verdade estão conectados,  consomem energia. Uma TV desligada no controle remoto, mas com a luz do painel acesa, pode consumir até 4 watts de energia por hora”, explica o especialista.

Sobre os defeitos nos equipamentos quando o fornecimento de energia elétrica e restabelecido nas residências, Geoberto Espírito Santo alerta: “quando o sistema fica sem carga e é religado, acontece uma sobretensão até ele se estabilizar, por isso, os equipamentos mais sensíveis podem apresentar danos. Mantenham os aparelhos desconectados das tomadas”, recomenda o engenheiro.

O outro lado da questão

O desligamento de energia pode causar transtornos para a maioria das pessoas. Sem os equipamentos eletrônicos que fazer parte da nossa vida, até dormir é difícil. Nesta madrugada, muita gente reclamou, nas redes sociais, do calor intenso, já que ventiladores e condicionadores de ar não puderam ser ligados.

Mas existe um grupo de estudiosos que quando pode, aproveita cada apagão: são os astrônomos. Estes especialistas que analisam a movimentação dos astros, sofrem com a chamada Poluição Luminosa.

Este é um dos menos conhecidos tipos de poluição, mas é bastante presente nos centros urbanos. “Os astrônomos sofrem por causa do excesso de iluminação, que acaba afetando a observação do céu”, diz Adriano Auber, do Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas. Durante o apagão desta madrugada, nenhum estudo estava agendado.

Segundo um site de astronomia, as pessoas não fazem idéia de como são afetadas por esta iluminação. Um dos problemas apontados no artigo é que  o corpo humano necessita de escuridão para poder descansar e se recuperar durante o sono, a luz constante atrapalha o sistema biológico.

Leia também: Alagoas avançou na política energética, do site da Secretaria de Planejamento de Alagoas.

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