Uma fisionomia em permanente transformação

Com o impulso inicial da fase proto-histórica, a universidade segue sua trajetória, atravessando mais quatro marcos: implantação e consolidação; expansão e preocupação com a pesquisa; democratização do poder e abertura para a comunidade; e expansão para o interior. Ao longo de 50 anos, a instituição teve seus rumos conduzidos pelas mãos de oito reitores (incluindo a gestão atual), e vem enfrentando diferentes conjunturas políticas na construção de seu perfil.

03/01/2011 10h16 - Atualizado em 13/08/2014 às 11h08

Simone Cavalcante - jornalista e Élcio Verçosa - doutor em Educação

 

A partir de 1961, a Ufal entra num período de implantação e consolidação tanto nos aspecto pedagógico como espacial, na tentativa de integrar o fluxo de ações e atividades acadêmicas numa mesma localização geográfica. Na visão do primeiro reitor, A. C. Simões, era preciso, antes de tudo, investir na infraestrutura. Nos dez anos em que esteve no poder, ele voltou maior parte dos recursos para a reforma dos prédios das faculdades já existentes e a construção da cidade universitária. Lembra o professor Radjalma Cavalcante, na época presidente do Diretório Central dos Estudantes, que a universidade tinha um corpo docente reduzido e mantinha-se com poucas verbas, levando o reitor a conter os gastos com custeio para transformar o que sobrava em verba de capital para ser usado nas obras de engenharia.

 

Ao iniciar sua gestão, as faculdades continuaram funcionando de forma isolada, enfrentando reformas, adaptações e até mesmo transferência de lugar, como se deu com a Faculdade de Ciências Econômicas que passou a funcionar num solar da Praça dos Martírios. Somente em 1966, surgem as primeiras edificações na região próxima à Praça Sinimbu: Restaurante Universitário, Federação Alagoana do Desporto Universitário (FADU), Diretório Central dos Estudantes, e Residência Universitária. E um ano depois, foram iniciadas as obras de construção da cidade universitária, num terreno de 210 hectares situado no Tabuleiro do Martins, adquirido por Cr$ 12.000,00 e desapropriado pelo decreto 51.907/63, assinado pelo presidente João Goulart. Além dos blocos que abrigaram alguns centros de ensino, data desse período o início da construção do Hospital Universitário.

 

No plano pedagógico, a reforma seguiu a concepção do ciclo básico e do ciclo profissional, segundo os moldes estabelecidos pelo Regime Militar em vigor. Os estudos básicos eram realizados em sete institutos centrais, e as vagas, disponibilizadas por meio do vestibular, estabelecido por lei em dezembro de 1967. Nesse período, houve muitos movimentos estudantis em protesto contra o número reduzido de vagas que sempre provocava excedentes no sistema classificatório. Um dos protestos resultou num acordo entre MEC, Ufal e Governo do Estado para criação de uma nova escola médica que se tornaria estadual: a Escola de Ciências Médicas de Alagoas.   

 

Com a reforma universitária instituída pela Lei 5.540/68, a educação superior é separada do ensino básico. Daí por diante, a universidade vai, gradualmente, adaptando-se à nova configuração baseada no fim das cátedras, na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, e na criação de departamentos vinculados a centros acadêmicos, seguindo o modelo americano de ensino. Vale registrar que a Ufal se torna campo de ensaio para a formulação dessa lei, ao receber equipes técnicas que vão estudar a sua viabilidade e até uma estrutura que será precursora da reforma feita pelo Regime Autoritário. Tal base estrutural de educação vigorou até 1995, sendo substituída pela LDB 9.394/96.