Música, poesia e reflexão marcam o início do semestre no Campus do Sertão

Como todo dia nublado no sertão, esta segunda-feira, 9, foi um dia de festa nas cidades de Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema. Mas não é só a chuva que traz alegria para os estudantes daquelas cidades: era a abertura do semestre letivo da Universidade Federal de Alagoas e a oportunidade do conhecimento que chegava às suas portas.


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Cerca de 280 feras iniciam as aulas no Campus do Sertão nesse semestre

Cerca de 280 feras iniciam as aulas no Campus do Sertão nesse semestre

Jhonathan Pino - jornalista

Em Delmiro Gouveia o evento marcou a abertura do segundo semestre. A cidade já está se acostumando a receber alunos de toda a região em busca de conhecimento. Mas era o começo para mais de 200 alunos que tiveram entrada agora. Em Santana do Ipanema, eram outros 80 alunos que iniciavam sua vida acadêmica.

Para animar a festa estava o músico Egídio Vieira, coordenador de cultura do município de Piranhas, que foi com o seu " ariano, o marimpífano e o cano cegonha": instrumentos inventados por ele para produzir o que ele chama de música armorial. O primeiro instrumento recebeu o nome em homenagem a Ariano Suassuna, amigo de Egídio, que juntos, fizeram parte do movimento armorial em Recife. “Quando fiz parte do movimento, o nosso objetivo era trabalhar com instrumentos que fossem identificados com o povo”, esclarece Egídio.

Para alegrar ainda mais o dia, estava presente o poeta Virgílio Gonçalves, que diante da reitora Ana Dayse Dorea, do vice Eurico Lôbo, dos pró-reitores, professores, autoridades políticas da região e dezenas de universitários, recitou sem titubear o cordel que fez no momento em que soube que a Ufal se instalava no Sertão.

Além da programação cultural, o professor de Antroplogia Bruno César Cavalcanti, do Instituto de Ciências Sociais da Ufal, proferiu a aula magna com a palestra “A Universidade na vida das cidades – Perspectivas culturais no mundo globalizado”. O professor abordou as consequências da globalização nas mudanças de hábitos da sociedade local. “Uma característica do mundo globalizado é o sufocamento cultural e a adesão à padronização de aspectos estranhos a nossa cultura”, explicou o professor, que também questionou a importância da identidade frente a essas mudanças. “Nesse ambiente há uma preocupação em tombar o patrimônio cultural, uma forma de protegê-lo do desaparecimento. Em tempos de globalização nunca se falou tanto em identidade e a universidade pode ajudar a discutir esses aspectos de preservação da cultura local em tempos de globalização”, acrescentou Bruno.

A reitora Ana Dayse Dorea ressaltou a importância da Universidade na região. “É através da Universidade que as mudanças são feitas. Quando apresentamos o projeto ao Governo Federal e fomos apoiados, tivemos a certeza de que valeu a pena ousar e enfrentar o desafio. Nossa grande conquista é ter vocês, alunos, aqui, nesse dia de festa”, comemorou a reitora.

O vice-reitor Eurico Lôbo também falou sobre o papel dos jovens na continuidade do projeto. “Conhecimento não tem fronteiras, mas para grande parte dos jovens dessa região existiam barreiras para cursar o ensino superior. Vejo isso quando na formatura de alunos do interior. Verifico que muitos deles têm parentes que queriam, mas não podiam ter igual destino. Eu não tenho a menor dúvida que Arapiraca, Delmiro, Santana e todas as outras cidades envolvidas com a interiorização dos campi daqui a alguns anos serão cidades transformadas. Serão vocês os protagonistas desta grande transformação nas cidades”, disse Eurico.

O pró-reitor de Graduação, Anderson Dantas, reforçou o poder que os estudantes exercem sobre as instituições de ensino. “A universidade não é apenas um espaço físico, ele é um estado de espírito: o prédio, o restaurante e as salas de aula não são o bastante para formá-la. Não vai ser o espaço físico que irá transformar, mas sim a atuação de vocês dentro da Universidade”, disse o pró-reitor.

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