Reitores defendem educação a distância

A reitora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Ana Dayse Dorea, vai representar as universidades brasileiras, juntamente com o reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Herman Jacobus Cornelis Voorwald, no 2° Encontro Internacional de Reitores Universia, que vai discutir os desafios e o futuro da universidade que o mundo globalizado propõe ás universidades de países ibero-americanos.


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Reitora Ana Dayse Dorea representará o Brasil, juntamente com a Unesp, em Guadalajara

Reitora Ana Dayse Dorea representará o Brasil, juntamente com a Unesp, em Guadalajara

Davi Soares – repórter

 

Os representantes do Brasil foram apresentados nesta terça-feira, 27 de abril, à imprensa, na sede Grupo Santander Brasil, na capital paulista, pelos presidentes da instituição financeira, Fábio Barbosa, e do comitê organizador do encontro, Ignacio Berdugo.

 

O encontro promovido pelo Santander Universidades e Universia acontecerá em Guadalajara, no México, nos dias 31 de maio e 1° de junho, com o tema "Por um espaço ibero-americano do conhecimento socialmente responsável". Os reitores brasileiros levarão para o ciclo de debates os desafios da inclusão de alunos das mais baixas classes sociais no ensino superior, por meio da superação do modelo de política de cotas, com o fortalecimento da formação de professores e o consequente aperfeiçoamento dos ensinos fundamental e médio no Brasil.

 

Para a reitora Ana Dayse, que também é vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o desafio da inclusão dos jovens no ensino superior passa pelo investimento no aperfeiçoamento da educação superior a distância oferecida para a formação de professores. Apesar de admitir que o encontro não fará milagres para a melhoria da estrutura do ensino superior do Brasil, a reitora da Ufal defendeu que capacitar professores será a forma de garantir formação do estudante para que entre e possa manter-se no ensino superior.

 

"Nós precisamos capacitar os professores, mas para capacitar todos os professores que atuam na rede pública seria preciso que a universidade passasse seis anos somente fazendo vestibular para formá-los. A alternativa para isso é uma educação superior a distância com qualidade. Esta modalidade de ensino será tão boa quanto a nossa capacidade de investir nas novas metodologias. Para mim, essa é a solução. Porque não damos conta da educação presencial", avaliou.

 

O reitor da Unesp, Herman Voorwald, destacou o momento positivo por que atravessa o Brasil e disse que as universidades públicas são conscientes da responsabilidade da inclusão social de alunos da rede pública no ensino superior. Segundo ele, outra vertente importante do debate em Guadalajara é o financiamento dos investimentos no setor, para que o País possa atender às expectativas com relação ao seu desenvolvimento.

 

"O Brasil ultrapassou a Holanda e a Rússia com relação a publicações científicas de qualidade, graças às políticas dos governos federal e estaduais. E uma resposta muito positiva com relação a este papel das universidades públicas. O financiamento é a questão primordial, porque não há mágica. Se há pessoas competentes e não há recursos, elas vão embora. Uma das coisas importantes deste encontro será discutir financiamento para que este País possa aplicar mais do que 1% do PIB em Ciência e Tecnologia. Se as universidades não prepararem mão de obra qualificada e se não houver uma mudança cultural das empresas pro-doutores, não daremos a resposta que se espera", disse.

 

O presidente do comitê do 2º Encontro Internacional de Reitores Universia, Ignacio Berdugo, disse que a iniciativa do Santander em patrocinar o ciclo de debates tem o objetivo de fazer com que haja a internacionalização das redes de ensino superior. Ele garante que o banco não terá influência sobre as propostas e ações que nascerão do encontro. "É um debate de reitores. E um compromisso do Santander com todos os países", disse Bergugo, ao se referir aos países ibero-americanos - Portugal, Espanha e os países da América Latina.

 

Até esta terça-feira, 27, já havia 891 universidades inscritas no encontro, sendo 380 mexicanas e 153 brasileiras. O diretor do Santander Universidades Brasil, Jamil Hannouche, disse que persegue a inscrição de todas as instituições públicas de ensino superior. "Até agora, há 80% das universidades públicas inscritas. E pela qualidade dos nossos representantes, tenho certeza de que o Brasil será um dos líderes desta discussão", afirmou. Para o diretor-geral do Universia Brasil, Ricardo Fasti, o encontro de Guadalajara tem como meta ser o princípio de uma série de transformações. "Não queremos que a coisa se transforme em um documento estático. Mais do que propostas concretas, teremos visões concretas sobre as nossas realidades", concluiu Fasti, que dirige a organização que reúne 1.169 universidades, em 23 países.

 

*Matéria publicada no jornal Gazeta de Alagoas no dia 28 de abril de 2010. O repórter viajou a convite da organização do evento.