Prédio histórico pronto para renascer

Tombamento do prédio do CCBi abre as portas para um mundo de novas possibilidades para a antiga Faculdade. O local vai abrigar o Memorial da Ufal, que será lançado na comemoração dos 50 anos.


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Prédio do antigo CCBi vai abrigar Memorial

Prédio do antigo CCBi vai abrigar Memorial

Por Mônica Lima – O Jornal*

 

A história da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) não pode ser contada sem passar pela antiga Faculdade de Medicina, no Prado, onde tudo começou. O prédio imponente que serve de referência e que chegou a dar nome à praça situada em frente, deverá ser tombado e transformado num Memorial da Ufal. Mas não será apenas mais um museu, Será um espaço destinado a unir o passado ao presente, promovendo ações que envolvam a comunidade.

 

A idéia de fazer do prédio um memorial partiu da reitora Ana Dayse quando, ao tentar procurar material para as comemorações dos 50 anos da Ufal, que será em 2011, constatou que não havia informações suficientes. De imediato, ela resolveu formar uma comissão tendo a frente do projeto, como presidente, o professor Niraldo Farias. O grupo foi subdividido, uma vez que, a proposta não se limita apenas a restauração do prédio, mas à produção de livros, espaço com material e antigos reitores, entre outros.

 

Mas, para o projeto ser colocado em prática, a Universidade Federal de Alagoas necessitará de recursos e não são poucos. Atualmente, a reitora e dos demais envolvidos estão em busca de captar recursos junto ao Governo federal, que certamente dará sua contribuição. "Mas também vamos recorrer à iniciativa privada, diante da grandiosidade da obra, que se transformará num polo de pesquisa, ensino e formação para futuras gerações", explicou Niraldo Farias.

 

Situado num ponto limítrofe, dividindo as zonas Norte e Sul de Maceió, o prédio, que já foi o Centro de Ciência Biológicas, por onde passaram nomes ilustres da medicina alagoana, não voltará a ter como destino o abandono ao qual foi submetido no século passado, após o encerramento das atividades do antigo quartel do Exército. "O projeto é tornar o CCBI num espaço vivo, que sirva para contar a história da universidade. Queremos que a população possa desfrutar dele através de cursos, palestras e outras atividades que serão disponibilizadas. Ele também pode servir para formação de profissionais na área de restauro, uma vez que, em Alagoas há carência de espécie listas", exemplificou.

 

Praça da Faculdade está no projeto

 

A Praça Afrânio Jorge há muito que mudou de nome e passou a ser conhecida unicamente como Praça da Faculdade, por causa da proximidade com a escola de Medicina. Ela também está incluía do projeto de recuperação. E, para isso, a direção da Ufal está em entendimento com o município, para que o logradouro público seja recuperado.

 

Palco das antigas festas natalinas e de apresentações culturais, das décadas de 1970 e 80, a praça também será contemplada. O projeto prevê no Pantheon, monumento construído para abrigar os restos mortais dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, haverá painéis que contarão a história da praça e do memorial, ficando aberto à visitação pública.

 

História

 

O prédio onde funcionou a primeira Faculdade de Medicina de Alagoas, foi construído pelo engenheiro militar Carlos Jorge Calheiros de Lima, em 1891, através do Governo Federal, para abrigar a sede do Quartel do 33° Batalhão de Caçadores, que depois passou a ser o Quartel do Exército, até a década de 1940.

 

Após a transferência para o quartel erguido na sede do 59a Batalhão de Infantaria Motorizado, na Avenida Fernandes Lima. Depois de ter sido transferido, o prédio ficou abandonado, o que levou um grupo de médicos, tendo a frente Abelardo Duarte e IB Gatto, a fundar a Sociedade de Medicina. Eles ficaram sabendo, através do Programa “A Voz do Brasil”, que o Governo Federal havia liberado o prédio para ser transformado na Faculdade de Medicina. E, em 1951 o arquiteto Joffre Sant Yves Simon, iniciou a construção, transformando em estilo neoclássico, colocando símbolos como o de Asclépio, o deus grego da Medicina.

 

Pedra fundamental será lançada

 

O 'Memorial da Ufal será apenas uma parte do grande projeto que será implantado na antiga Faculdade de Medicina. O prédio, que ainda hoje recebe alunos da área de saúde, já está com data marcada para deixar de funcionar: o último dia do ano letivo. A partir daí, começará todo o processo de restauração de suas dependências.

 

Em 2011, quando encerra a sua gestão na universidade, a reitora Ana Dayse, pretende lançar, logo no início do ano, a pedra fundamental que dará o pontapé inicial para a obra. O curso de Medicina funcionará em um bloco, que está sendo construído próximo ao prédio da reitoria, no campus A. C. Simões, no Tabuleiro.

 

O projeto "Memorial da Ufal - 50" anos foi elaborado pêlos estudantes de Arquitetura e Urbanismo da disciplina Prática de Restauro. A coordenação dos trabalhos está sob responsabilidade da professora Josimary Farrare, que prepara os alunos para trabalhar em 4.727,3 m2 de área para ser restaurada. Nesses espaços serão construídos restaurante, auditório, livraria para divulgação das publicações da Edufal, biblioteca - inclusive com obras em Braille - e ala destinada a história da universidade.

 

IML vai virar escola de restauro

 

A professora Josimary Farrare já esteve em Salvador, para verificar o trabalho realizado na primeira Faculdade de Medicina da Bahia, que foi restaurada e se transformou numa escola de restauro. A idéia é construir uma semelhante, no local onde funciona o Instituto Módico Legal, que atenderá jovens da comunidade, que suprirá a carência de profissional no setor de restauro em Alagoas. "A estrutura do IML deverá ser transferida para um outro local, que ainda não está definido. Há um projeto antigo para que passe a funcionar em uma área do Tabuleiro do Martins, mas que nunca saiu do papel", explicou Josimary.

 

De acordo com ela, está sendo feita uma pesquisa para identificar a procedência dos azulejos, que formam o painel "Cristo Médico", e em outros pontos do prédio e das estátuas que estão espalhadas no jardim. A professora informou que o material veio da cidade do Porto, em Portugal, especialista na arte de azulejaria e porcelana, que tem suas peças espalhadas pelo mundo.

 

Com a expansão da Ufal e o intercâmbio com outros países, está previsto no projeto, a construção de um local destinado à hospedagem de professores, palestrantes e outros que vem participar de atividades na instituição.

 

*Matéria publicada na edição de domingo, 18 de abril