Passo a passo: o curso de Dança entra em cena


- Atualizado em
Edu Passos, dançarino e coreógrafo

Edu Passos, dançarino e coreógrafo

Simone Cavalcante - jornalista e produtora cultural 

 

“A arte de dançar levada para a sala de aula”. Com esse propósito, um grupo de professores levou adiante, em 2007, a tarefa de defender a criação e a aprovação do curso de licenciatura em Dança da Ufal que, no próximo ano, terá formado sua primeira turma. Apesar de recém-criado, o curso vem consolidando sua proposta pedagógica ao contribuir para a formação de professores com uma visão ampla e criativa dos processos teóricos e práticos dessa linguagem artística.      

 

Com duração mínima de 4 anos e máxima de 7, o curso oferece aulas práticas sobre técnicas, laboratórios de movimento e coreografia, além de oficinas pedagógicas. A proposta é promover uma reflexão teórica em torno das práticas corporais, baseada no estímulo à criação artística e à pesquisa sobre temas da realidade brasileira e mundial. Neste último aspecto, existem dois grupos em atuação: Memória, História e Documentação da Dança e do Teatro em Alagoas e Grupo de Pesquisa em Danças do Brasil, de Alagoas e BPI (bailarino-pesquisador-intérprete).

 

Atualmente, 80 alunos e alguns professores de Dança e de outros cursos da Ufal formam o quadro docente e discente do curso. Nesse ambiente de troca de saberes, uma das propostas defendidas é o diálogo com áreas afins - Música, Teatro, Tradições Populares, etc -, numa visão trans disciplinar do processo educativo. Por outro lado, no aspecto da Extensão, há uma grande oferta de atividades à comunidade interna e externa à Ufal, como oficinas de dança; projetos em escolas públicas e ONGs; apresentações coreográficas, a exemplo do Projeto Quinta Cultural e o Universidança; além de mostra acadêmica dos trabalhos artísticos dos alunos, que está na segunda edição.

 

Este ano, a matriz curricular de dança sofrerá uma reformulação, com a incorporação das danças da cultura africana e indígena e a inclusão da disciplina “Dança para pessoas com necessidades especiais”. Para a coordenadora do curso, Isabelle Moura, “é necessário preparar professores comprometidos com um ensino da dança capaz de abarcar a diversidade, a pluralidade e a inclusão”.

 

Na visão da coordenadora, alguns desafios devem ser superados para garantir um melhor aproveitamento do potencial acadêmico do curso que funciona hoje no prédio do Espaço Cultural. Para Isabelle, um deles se refere ao espaço físico: “Trabalhamos com o corpo em movimento, precisamos de salas amplas, arejadas, com pisos especiais para não nos machucarmos, sem falar de coisas básicas como banheiros com chuveiros, bebedouros, mídias para as aulas”. Outro desafio é sensibilizar autoridades, educadores, pais e alunos para a importância do ensino das Artes, sobretudo a dança nas escolas. A implantação da Lei 9.394/96 da LDB (Lei que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional) torna obrigatório o ensino de Artes e abre mercado para a contratação de professores.

 

O reconhecimento social

A cada ano, o curso de Dança busca firmar seu compromisso com a formação de professores, a pesquisa e a prestação de serviços à comunidade. Esse esforço vem sendo reconhecido socialmente, a partir de algumas premiações recebidas. Na afirmação de Isabelle, “cada trabalho contemplado com prêmios nacionais, por alunos e professores, nos motiva a continuar trabalhando com um compromisso cada vez maior na formação de professores de dança conscientes da importância dessa linguagem na formação do ser humano”.

Na lista de contemplados, estão os projetos Poética da Cidade, da professora Telma César, que recebeu o Prêmio Klauss Vianna da Funarte e o Projeto Registro Geral, trabalho de pesquisa do aluno Denivan Costa, dirigido pelo bailarino-pesquisador Jorge Schutze, ganhador também desta mesma premiação.

 

Recentemente, o aluno do Curso de Licenciatura em Dança, Edu Passos, conquistou o prêmio de expressões artísticas afro-brasileiras, realizado pelo Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves (Cadon) e a Fundação Palmares, com patrocínio da Petrobras. Há mais de 20 anos, Edu vem desenvolvendo, como bailarino e coreógrafo, um trabalho permanente no ensino das danças africanas em Alagoas, participando de trabalhos coreográficos marcantes sobre essa temática.

 

Assista à entrevista com Edu Passos veiculada na TV Pajuçara.