Profissionais do HU participam de curso sobre tratamento de lipodistrofia


02/07/2009 08h21 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h54

Assessoria do HU com a colaboração do Dr. Arthur Maia

Os profissionais do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes participam, nesta quinta e sexta-feira, 2 e 3 de julho, de um curso realizado por técnicos do Ministério da Saúde para a implantação do tratamento reparativo da hipoatrofia facial, através de preenchimento subcutâneo com a substância metacrilato. O procedimento, antes realizado exclusivamente por cirurgiões plásticos, passou a ser executado por dermatologistas capacitados e experientes, reconstituindo de forma surpreendente as feições modificadas dos pacientes portadores de HIV pela lipodistrofia, uma complicação do tratamento antirretroviral. A lipodistrofia é uma alteração na distribuição da gordura em áreas localizadas do corpo.

Embora não seja uma ameaça de vida, a lipodistrofia é um problema sério, que provoca danos para a autoimagem e qualidade de vida dos pacientes. Segundo informa o infectologista Dr. Arthur Maia, do Hospital Dia do HU, o curso terá um módulo teórico no qual poderão participar dermatologistas e cirurgiões plásticos, infectologistas e outros profissionais que possam vir a encaminhar para o Hospital Universitário pacientes com HIV/AIDS para o tratamento reparativo da lipodistrofia. O curso será realizado no auditório do Hospital Universitário.

Em uma segunda etapa, ainda sem definição de data, deverão ser implantados no HU os procedimentos de cirurgia plástica para tratamento de outras alterações corporais causadas pela Síndrome de Lipodistrofia, que incluirão: lipoaspiração, implantação de prótese, lipoenxertia, cirurgia plástica reparadora das mamas, entre outras. Estudo realizado no ano passado pelos profissionais do Hospital Dia revela que 44,5% da quase totalidade dos pacientes assistidos na unidade apresentam lipodistrofia, sendo que 88% deles com alteração facial.

O HU é o único serviço do Sistema Único de Saúde em Alagoas que reúne todas as condições necessárias para a implantação dos procedimentos reparativos de cirurgia plástica para tratamento das alterações corporais decorrentes da lipodistrofia e, por se tratar também de um hospital de ensino, passa a ser considerado prioritário diante do Ministério da Saúde para seu credenciamento como hospital de referência para a realização dos referidos procedimentos.

Segundo o médico Arthur Maia, atualmente os pacientes com HIV/AIDS em Alagoas que precisam do tratamento com procedimento de cirurgia plástica são encaminhados para São Paulo, com elevados custos para a Secretaria de Estado da Saúde e se submetendo a uma lista de espera.

Algumas complicações do tratamento antirretroviral só passaram a ser conhecidas após o aumento da sobrevida dos pacientes com AIDS, entre as quais a lipodistrofia, que consiste em uma Síndrome com alterações metabólicas e uma Síndrome com alterações na distribuição de gordura, também denominada de Síndrome de Redistribuição de Gordura. O médico explica que, pelas alterações corporais que provoca, a lipodistrofia pode levar ao acúmulo de gordura no tronco, redução de gordura em membros, pronunciadas alterações faciais, veias de aspecto saliente, hipertrofia de mamas, redução da gordura glútea e outras.

Ele enfatiza que a síndrome tornou-se extremamente estigmatizante para os pacientes, paradoxalmente levando a uma queda em sua qualidade de vida, sociais e no trabalho. Há pacientes jovens e em plena atividade laborativa, por exemplo, que não conseguem trabalhar mais de 15 minutos sentados diante de um computador, pois passam a sentir dores intensas como decorrência da perda de massa glútea. As alterações faciais, no entanto, costumam ser consideradas como as mais estigmatizantes pela maioria dos pacientes com lipodistrofia. A medida que essas alterações forem se popularizando, a síndrome tenderá a assumir a nova “cara da Aids”, a revelar, independente da vontade do paciente, sua condição de portador do HIV.

“Isso pode levar o paciente ao isolamento, discriminação, baixa estima pela interferência em sua autoimagem, abandono ao tratamento, depressão, controle inadequado de sua infecção com o conseqüente surgimento de complicações oportunistas, portanto, risco de complicações com desfecho fatal”, avalia o médico.

Leia também: Banco de Leite do HU está com estoque em situação crítica