Andifes debate o papel das universidades no desenvolvimento do Brasil


08/06/2009 11h40 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h50
Da esquerda para a direita: reitor Damião Duque (UFGD), reitora Ana Dayse Dorea (Ufal), reitor Alan Barbiero (UFT) e diretor Flávio Antônio dos Santos (Cefet-MG), membros da nova diretoria da Andifes

Da esquerda para a direita: reitor Damião Duque (UFGD), reitora Ana Dayse Dorea (Ufal), reitor Alan Barbiero (UFT) e diretor Flávio Antônio dos Santos (Cefet-MG), membros da nova diretoria da Andifes

Ana Paula Vieira - Andifes    

"Desenvolvimento do Brasil e o financiamento da Universidade Federal Brasileira" foi o tema do seminário promovido pela Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) em Recife, no último dia 5. O evento marcou a transição da diretoria da Associação, cuja presidência passou do reitor Amaro Lins (UFPE) para o reitor Alan Barbiero (UFT).

A mesa de abertura do seminário foi formada pelo então presidente da Andifes reitor Amaro Lins, 1º vice-presidente Edward Madureira (UFG), secretária de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC) Maria Paula Dallari, presidente da Comissão de Orçamento da Andifes reitor Rômulo Polari (UFPB), reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (URPE) Valmar Corrêa  e pelo vice-reitor da Universidade Federal do Vale do Rio São Francisco (Univasf) Paulo César da Silva.

Na abertura do evento, o reitor Amaro Lins afirmou que essa era uma reunião muito especial, devido ao revezamento da diretoria da Andifes. O reitor Valmar Corrêa (UFRPE) falou sobre o "boom" de desenvolvimento do estado de Pernambuco e a atuação das universidades federais nesse contexto. "Nos últimos anos, criamos quatro campi e a Univasf; avançamos no interior, dando mais oportunidades para a população, o que mostra o compromisso das universidades com o desenvolvimento do Estado e da nação, no sentido de cuidar do bem público e tornar nossa sociedade cada vez mais qualificada", afirmou o reitor Valmar.

Concordando com a fala do reitor Valmar, a secretária de Educação Superior Maria Paula Dallari falou do "profundo momento de transformação da universidade brasileira". "É uma verdade que a universidade, só no litoral ou só nas capitais cumpria muito aquém do seu dever a missão de pólo de desenvolvimento, de formação de gente, de formação de cultura e de formação de um pensamento autônomo para o país. Tem que se saudar a interiorização da universidade e o vigor com que isso está sendo feito", resumiu a secretária

Crise mundial

A professora da UFPE, economista e socióloga Tânia Bacelar proferiu a primeira palestra do dia, "Ambiente brasileiro: desafios para as universidades". Tânia começou pelo contexto internacional, falando da crise mundial e explicando que essa é uma característica do capitalismo, que é cíclico. No âmbito nacional a professora destacou algumas mudanças em curso no Brasil, como a rápida transição demográfica, o aumento da urbanização e o desenvolvimento do interior. Segundo ela, aí está a importância da ocupação não-litorânea: "As universidades mudam a vida nesses lugares. Temos que olhar para esse Brasil", argumentou. A professora ainda falou dos diferenciais do país nesse processo, como a matriz energética diversificada e a elevada disponibilidade de água.

O reitor da Universidade Federal da Paraíba Rômulo Polari refletiu sobre "O Brasil na crise econômica mundial: tempo de oportunidade?". Polari explicou historicamente o processo de crise no sistema capitalista, e o pensamento econômico fundamentado ao longo deste tempo. Sua apresentação também explorou o crescimento do grupo de países emergentes conhecido como Bric -Brasil, Rússia, Índia e China - que aumentou a participação no PIB mundial de 15% para 28%, frente as reduções dos Estados Unidos de 31% para 24% e da União Européia de 30% para 23%. Frente a esse panorama, segundo Polari, um dos papéis do Estado na superação da crise é a prioridade para educação, ciência e tecnologia. O investimento nessa área representava, em 2000, 3,9% do PIB brasileiro; em 2006 saltou para 4,4% e em 2007 chegou a 4,6%. "Educação superior é essencial para o desenvolvimento do país e para resolver o problema da educação básica brasileira", afirmou o reitor.

Ciência e Tecnologia

Na segunda rodada de discussões, se juntaram à mesa o ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, o secretário de educação de Recife Cláudio Duarte, representando o prefeito João da Costa e o então presidente eleito da Andifes reitor Alan Barbiero. O ministro Sérgio Rezende apresentou o "Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação – Resultados parciais 2007-2010", que, além do Ministério da Ciência e Tecnologia envolve os Ministérios da Educação (MEC), o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Fazenda (MF), da Saúde (MS).

Segundo Sério Rezende, uma das prioridades estratégicas do MCT é a expansão e consolidação do sistema nacional de Ciência e Tecnologia. Nesse contexto, o ministro  destacou a participação das universidades, que, segundo ele, atuam na consolidação institucional do sistema, na formação de recursos humanos para Ciência e Tecnologia e na infra-estrutura e fomento. Estima-se formar, em 2010, 16 mil doutores e ampliar o número de bolsas/ano de 100 mil para 160 mil, com recursos previstos na ordem de R$ 6,5 bilhões. Segundo o balanço do MCT, os editais para pesquisa em todas as áreas do conhecimento tiveram seus recursos aumentados de R$ 75 milhões em 2005 para R$ 200 milhões em 2008. Sérgio Rezende também fez um balanço das iniciativas na promoção de inovação tecnológica nas empresas.

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