Vida de crianças e adolescentes nas ruas de Maceió é tema de livro


31/07/2009 11h08 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h48

Jenifer Leão Assessoria de Comunicação - Edufal

Basta transitar pelas principais avenidas da cidade. Em pouco tempo nos deparamos com eles, nos semáforos, nos ônibus, nos estacionamentos. Todos os dias, um verdadeiro “exército” de meninos e meninas toma as ruas, oferecendo produtos e serviços, que vão desde a tradicional limpeza de pára-brisa e vigilância de carros, passando pelas balinhas e tangerinas, culminando até em shows de malabarismo com fogo.

Num estado em que quase 89% da população vive com até 2 salários mínimos, e 22% destes sobrevivem sem qualquer forma de rendimento (IBGE/PNAD 2006), não é difícil entender a importância do debate sobre as características e consequências da exclusão social e como esta atinge a nossa juventude. Temas caros à professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cláudia Viana Melo Malta, que há duas décadas se dedica à pesquisa e a iniciativas de proteção social. Com o selo da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), a autora estará lançando na próxima segunda-feira, 3 de agosto, o livro A (in)visibilidade de crianças e adolescentes: o avesso da regulação social do Estado e os caminhos da resistência. A solenidade ocorrerá no Auditório do Espaço Cultural (Praça Sinimbu), a partir das 17h e é aberto ao público.

Dividido em duas partes: Para uma análise imanente dos caminhos da proteção social: o significado das lutas contra um mundo desumano, violento e estranho da infância e da juventude e Estado e regulação social: a encruzilhada dos nossos dias, o livro traça o percurso histórico de planos, programas e políticas de proteção integral para a infância e adolescência implantados desde a década de 90. Seus objetivos, atores sociais, evolução, conquistas e limitações desenham o panorama da ação social em Alagoas e servem como ponto de partida para a discussão sobre a crise estrutural do capitalismo, o papel do Estado e a miséria social.

Entre outros exemplos, a autora aponta o caráter ilusório e ineficiente do “Programa emergencial de proteção às crianças e Jovens da Praça dos Martírios”. Por sua visão limitada, o pacto firmado pelos órgãos públicos, segundo Cláudia, perde a oportunidade de enfrentar a questão do abandono social da infância de forma ampla e sistêmica. Ao restringir as ações sobre um único ponto na cidade, a Praça dos Martírios, o Poder Público fecha os olhos para as dezenas de outros locais em que a mendicagem, a violência e o crime prosperam.

Influências

Em contraponto às teses de autores contemporâneos social-democratas, como Castel, Rosanvallon e Salama e Valier, baseadas em noções como inclusão social, justiça e equidade, a autora expõe a falácia da ideia de humanização do capital, em que o aperfeiçoamento da democracia, por si só, seria capaz de corrigir as distorções sociais.

 Resgatando os pensamentos de Marx e István Mészáros, a professora questiona a legitimidade do Estado como protetor da infância e juventude. A este é relegado o papel de marionete da classe burguesa e de co-partícipe na reprodução do sistema capitalista.

 A Autora

Cláudia Viana de Melo Malta possui graduação em Serviço Social pela Escola de Serviço Social Pe. Anchieta de Alagoas (1968), mestrado e doutorado em Serviço Social pela Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Serviço Social, com ênfase em Pesquisa em Serviço Social, Metodologia Cientifica, Fundamentos do Serviço Social, atuando principalmente nos seguintes temas: proteção social, violência/violação de direitos, criança e adolescente em risco social, trabalho infantil e adolescente autor de ato infracional.