Pesquisa avança no controle de pragas da cana-de-açucar


13/04/2009 10h09 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h40
Eletroantenograma (EAG)

Eletroantenograma (EAG)

Jacqueline Freire – estagiária de Jornalismo

O Laboratório de Análise de Biomarcadores e Semioquímicos (Labis) da Ufal, coordenado pela professora Lúcia Maria Cunha Rebouças, trabalha com duas linhas de pesquisa nas áreas de Ecologia Química (Semioquímicos) e Biomarcadores de Petróleo. O Labis conta com a participação de alunos dos cursos de Química, bacharelado e licenciatura, do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade.

As pesquisas com Semioquímicos ou Ecologia Química enfocam as pragas da cana de açúcar, especialmente as da espécie Telchin licus licus (Broca Gigante da Cana de Açúcar), e pragas de grãos armazenados, conhecidos como gorgulho. O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar e contribui com cerca de 70% de toda área cultivada nas Américas. Isso faz da cana-de-açúcar uma das culturas mais importantes, especificamente da região Nordeste do Brasil. No Estado de Alagoas, é a principal cultura, com relevante papel sócio-econômico. Por isso a necessidade de analisar o número considerável de pragas registrado na cana-de-açúcar, dentre elas, no Nordeste, destaca-se a mariposa broca gigante, Telchin licus licus (Lepidoptera: Castniidae).

Segundo a professora Lúcia Rebouças, os trabalhos desenvolvidos pelo Labis visam o controle da mariposa T. licus, com o uso de feromônio. “As células olfativas, localizadas nas antenas dos insetos, são capazes de detectar as baixas concentrações dos componentes dos feromônios”, diz a professora. Segundo ela, os machos de mariposas podem detectar e responder a concentrações de feromônio sexual tão baixa quanto alguns picogramas por litro de ar. O trabalho envolvendo eletroantenografia (EAG) foi iniciado pela professora no Pherobank (Holanda) em 1999.

“Através das técnicas de eletroantenografia (EAG) e cromatógrafo gasoso acoplado ao eletroantenografia (CG-EAD) foi possível observar atividade pela antena do macho na região de eluição dos compostos identificados como os alcoóis com 18 átomos de Carbonos di-insaturados. A côpula da mariposa, dado sem registro na literatura até os anos de 2003, foi registrada pelo grupo LABIS através de experimentos realizados na Usina Cachoeira” conta Lúcia Rebouças. A sugestão da presença de outro composto como fator determinante para a atração do adulto até a armadilha será confirmada no projeto aprovado recente pelo CNPq na chamada Mapa/2008.

Já as pesquisas com biomarcadores de petróleo, visam os trabalhos com compostos orgânicos presentes em petróleos, visando a sua utilização como biomarcadores com aplicação na exploração de campos compostos orgânicos polares do tipo: alquilfenóis (AF); hidrocarbonetos policíclicos aromáticos nitrogenados (HPAN) e ácidos carboxílicos naftênicos (ACN).

Dentre as principais etapas desenvolvidas no Labis nas pesquisas com petróleo, estão a separação (CL, SPE e Partição), derivatização (esterificação e sililação), identificação por cromatografia gasosa (CG) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) e quantificação com ionização por impacto de eletrons (EI). Os projetos desenvolvidos são financiados pela Cooperativa dos Usineiros NATT, Sindaçucar, CNPq, Fapeal e CTPETRO. As amostras de petróleo são fornecidas pela Petrobrás e setores como a UN-SE-AL (Sergipe) e UN-SEAL/ATP-AL (Alagoas). As mariposas na fase adulta ou crisálida são fornecidas pelas Usinas do Estado de Alagoas.

Recentemente, a professora Lúcia Rebouças foi convidada para trabalhar em colaboração com o professor Marcos Eberlin do Instituto de Química da Unicamp, no estudo dos compostos presentes em petróleos. Segundo a professora, na semana passada 11 amostras foram enviadas para o professor Eberlin para serem analisadas pelo aparelho de massa ESI-FT-MS (Electronspray Ionization - Fourier transform – Mass Spectrometer).

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