Museu propõe ao Ibama doar madeira apreendida para artistas

O projeto prevê a doação de madeira apreendida para artistas populares de Alagoas, reflorestamento da região onde eles habitam e palestras sobre Meio Ambiente.

08/04/2009 13h21 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h39
Leda Almeida, diretora do MTB

Leda Almeida, diretora do MTB

Jacqueline Batista – assessoria do Museu

O Museu Théo Brandão da Ufal encaminhou nessa terça-feira, 7 de abril, um projeto ao Ibama, intitulado “Em nome da natureza e da arte”. O projeto, com duração de um ano, tem como objetivo fazer uma parceria, no sentido de desenvolver ações junto aos artistas populares.

O projeto do Museu Théo Brandão tem dois grandes objetivos. Primeiro, o Museu pretende que o Ibama faça a doação de madeira apreendida pelo Instituto. A ideia do Museu é disponibilizar a madeira doada para artistas e artesãos do interior de Alagoas que fazem um trabalho relevante no âmbito da arte popular alagoana, artistas que utilizam desse recurso natural como matéria prima para a confecção de suas artes, e também como lenha para os fornos onde fazem as peças de argila. “São artistas que estão produzindo intensamente para fora do Estado ou do país, que utilizam a madeira, mas que por motivos óbvios, não podem desmatar”, explicou Leda Almeida, diretora do Museu Théo Brandão.

O segundo objetivo é fazer o reflorestamento nas regiões em que vivem os artistas. Para isso, o Museu fez um levantamento dos municípios, dos artistas e da quantidade de madeira que precisaria ser doada. O projeto também prevê palestras educativas sobre recursos ambientais para artistas de Alagoas e moradores das regiões abrangidas para conscientizá-los da importância da preservação ambiental. “A ideia é fazer o reflorestamento através de um mutirão, que inclui a comunidade local, artistas da terra, intelectuais alagoanos e funcionários do Museu”, disse Leda.

De acordo com Isabel Branco, presidente da Comissão de Doação de Bens Móveis e Produtos Apreendidos do Ibama, as solicitações de doação passam por um julgamento para saber se serão atendidas.  “A entidade interessada entrega a documentação exigida por lei. Havendo o pedido, a doação não acontece imediatamente. O processo tem uma tramitação para ver se o material continua apreendido, já que nem sempre isso acontece. Só quando a apreensão é homologada pelo Superintendente, e depois publicada, é que é feito um cruzamento entre o que existe de madeira disponível e o que existe solicitando a doação”, explicou a presidente da Comissão.

Os artistas que fazem parte do projeto foram selecionados através do critério de necessidade e criatividade, para cada uma das seguintes localidades: Arapiraca, Lagoa da Canoa, Capela, Núcleo da Ilha do Ferro (situado em Pão de Açúcar), Batalha, Munquém (em União dos Palmares), Matriz de Camaragibe e Porto Real do Colégio

Mais do que distribuir madeira para a produção da arte alagoana, o projeto tem a preocupação em contribuir para a formação de uma consciência ambiental e para a reutilização e reciclagem de materiais, importante questão ecológica que merece ser vista e pensada também pelos que fazem a cultura da nossa terra. “O projeto, ao tempo em que prima pela preservação dos saberes e fazeres dos artífices da nossa região, certifica-se de estar contribuindo para a minimização dos efeitos devastadores do desmatamento. O Museu Théo Brandão quer se colocar como parceiro ativo do Ibama nessa tarefa que é de responsabilidade de todos os cidadãos”, enfatiza Leda Almeida.