Gravidez na adolescência provoca altos índices de internações


23/03/2009 10h31 - Atualizado em 13/08/2014 às 00h35

Jacqueline Freire – estagiária de Jornalismo

Pesquisa realizada por um grupo da Escola de Enfermagem e Farmácia da Ufal, coordenado pela professora e diretora do curso de Enfermagem, Ruth Cizino da Trindade, revela que, em Alagoas, somente no ano de 2007, 77.8% das internações de adolescentes foram motivadas por gravidez, parto e puerpério, uma média de 16.103 registros. Uma situação, na opinião da professora Ruth, que poderia ser evitada. “Mostra a importância e o alto custo para o SUS com essas internações e significa também que nesse período de nove anos das pesquisas os dados não sofreram alterações. Todo o trabalho de educação sexual não tem surtido efeito em Alagoas porque os números continuam os mesmos”, alerta.

Os dados foram coletados pelo DataSUS e avaliaram as internações por gravidez, parto e puerpério entre adolescentes no Sistema Único de Saúde. Entre os objetivos, estudar os dados de internação hospitalar do SUS entre as adolescentes de Alagoas, nos anos de 1998 a 2007, analisando a morbidade entre as adolescentes internadas. Segundo a professora, a gravidez na adolescência está ligada de forma direta à iniciação sexual precoce dos jovens. Ela alerta que, apesar dos estímulos ao sexo vindos de diversas fontes, existe uma contradição, pois ainda há muita desinformação”, explica.

“As relações sexuais hoje são precoces, haja vista meninas que engravidam aos nove anos de idade. Existe um tempo de maturação física entre a primeira menstruação e o corpo pronto para engravidar. Hoje a virgindade não tem o mesmo valor e isso repercute no uso do sexo. Os jovens esquecem a sexualidade, o prazer, o amor, o resultado dessa vivência precoce e imatura, é a gravidez”, completa Ruth Cizino. Segundo ela, para provocar uma mudança de comportamento na questão da maternidade e da sexualidade, a educação é muito importante, mas, além disso, para alterar a situação dessas mulheres é necessário romper com um ciclo de pobreza no qual elas estão inseridas, fazendo-as se reconhecerem como mulheres, não só como mães.

“Os adolescentes devem ter o direito de fazer suas escolhas livremente, e com mais conhecimento e segurança. As políticas brasileiras são dirigidas para os direitos dos cidadãos, isso deve ser respeitado. Não adianta o serviço de saúde distribuir métodos contraceptivos, simplesmente. As adolescentes devem ter uma melhor qualidade de vida, educação, trabalho e ambiente seguro, para que assim possam fazer escolhas”, explica a professora Ruth. Na opinião dela, muitas vezes a meninas não têm muita opção pois já estão inseridas no serviço doméstico, pago ou não, e estão fora da escola. “A questão não é só a saúde, mas políticas públicas. Pesquisas revelam que, quanto maior o nível de escolaridade, mais a mulher protela a idade de engravidar”, finaliza.